A segurança comum representa uma abordagem revolucionária nas relações internacionais, oferecendo uma alternativa aos métodos tradicionais baseados na competição e estratégias militares. Este conceito, que emergiu notavelmente durante a década de 1980 em resposta às tensões crescentes entre o Leste e o Oeste, sugere que a segurança não deve ser vista como um bem pelo qual os Estados competem, mas sim como um objetivo alcançável de forma cooperativa.
Entendendo a Segurança Comum
Diferente do dilema de segurança, que enfatiza a competição e o conflito inerentes à anarquia do sistema internacional, a segurança comum se baseia na ideia de que é possível para Estados adversários alcançarem segurança conjuntamente, ao invés de um contra o outro. A segurança comum se apoia em abordagens não competitivas, enfatizando medidas de construção de confiança, defesa não ofensiva e a expansão do conceito de segurança para incluir questões econômicas e ambientais.
Pilares da Segurança Comum
- Medidas de Construção de Confiança (MCBs): Incluem visitas regulares entre líderes militares, notificações prévias de exercícios militares e outras iniciativas para promover transparência no planejamento de defesa.
- Defesa Não Ofensiva (DNO): Refere-se ao posicionamento de armas e doutrinas estratégicas que minimizam o medo de ataques surpresa por adversários, reduzindo assim a probabilidade de escaladas indesejadas.
- Alargamento do Escopo da Segurança: Aborda a necessidade de considerar problemas não militares, como desafios econômicos e ambientais, como componentes críticos da segurança global.
Desafios e Perspectivas
Embora atraente, a segurança comum enfrenta críticas e desafios. Os realistas argumentam que os proponentes da segurança comum subestimam a durabilidade da competição entre os Estados pela segurança, enquanto críticos de perspectivas mais radicais a consideram excessivamente modesta, argumentando que a verdadeira segurança global requer uma reorganização radical do sistema político internacional.
No entanto, a segurança comum oferece um caminho promissor para superar a mentalidade de soma zero que frequentemente caracteriza as relações internacionais. Ao focar na cooperação e na solução conjunta de problemas, ela encoraja os Estados a reconhecerem sua interdependência e a trabalharem juntos para enfrentar ameaças comuns.
Exemplos Históricos e Atuais
A adoção da segurança comum por Mikhail Gorbachev no final da década de 1980, sob a bandeira do “Novo Pensamento”, ilustra um exemplo prático de tentativa de implementação deste conceito. A busca por uma redução radical de armamentos, especialmente nucleares, entre a União Soviética e o Ocidente, reflete o potencial da segurança comum para transformar relações adversariais através da cooperação.
Conclusão
A segurança comum permanece um conceito vital para a paz e estabilidade globais. Enquanto enfrentamos desafios transnacionais sem precedentes no século XXI, como mudanças climáticas, pandemias e terrorismo, a necessidade de abordagens cooperativas à segurança nunca foi tão crítica. A segurança comum oferece uma visão de um mundo onde a segurança é compartilhada e não disputada, onde os Estados reconhecem que a segurança de um é intrinsecamente ligada à segurança de todos. É um lembrete poderoso de que, em um mundo interconectado, nossos destinos são coletivamente entrelaçados.