O Nepal, Estado himalaio encravado entre as duas maiores potências asiáticas, Índia e China, tem ocupado nas últimas décadas uma posição singular no sistema internacional. Definido historicamente como um tampão geopolítico ou, na metáfora clássica de Prithvi Narayan Shah, “um inhame entre duas pedras”, o país enfrenta de forma recorrente os dilemas de sua condição periférica: a necessidade de equilibrar sua soberania e autonomia estratégica em meio às pressões externas e às crises políticas internas.
A trajetória recente do Nepal é marcada por sucessivas instabilidades institucionais que fragilizaram seu processo democrático. Após a abolição da monarquia em 2008 e a promulgação da Constituição republicana de 2015, esperava-se que o país consolidasse as bases de uma república federal democrática. Contudo, dissoluções parlamentares inconstitucionais, colapsos de coalizões e rivalidades personalistas entre líderes políticos, como K. P. Sharma Oli, Sher Bahadur Deuba e Pushpa Kamal Dahal, geraram um ciclo de instabilidade que minou a confiança popular nas instituições.
Sumário
Essa instabilidade interna se entrelaça de forma indissociável com os dilemas da política externa. De um lado, as disputas territoriais com a Índia em áreas como Kalapani e Lipulekh, que chegaram a provocar emendas constitucionais, intensificaram a desconfiança bilateral (Miele, 2023). De outro, a aproximação com a China por meio da Iniciativa Cinturão e Rota e a adesão às posições de Pequim em foros internacionais revelam a vulnerabilidade do Nepal a pressões assimétricas (Lohani, 2023). A ratificação do Compacto MCC com os Estados Unidos em 2022, apesar da controvérsia doméstica, ilustra ainda mais a posição híbrida do país, pressionado a equilibrar interesses de potências rivais em seu território (Miele, 2023).
Em setembro de 2025, essa fragilidade estrutural culminou em uma crise de grande magnitude. O estopim foi a decisão governamental de bloquear 26 redes sociais não registradas junto ao Ministério das Comunicações, medida amparada em um veredito da Suprema Corte, mas interpretada pela população como ataque direto à liberdade de expressão. A reação da chamada Geração Z desencadeou manifestações massivas que, em poucos dias, degeneraram em confrontos violentos com a polícia, resultando em 19 mortos e centenas de feridos, o maior massacre em um único dia desde a transição republicana. Mais do que uma revolta contra a censura digital, os protestos expressaram o acúmulo de insatisfações com o nepotismo, a corrupção e a ausência de perspectivas socioeconômicas.
A queda do governo e a subsequente nomeação de Sushila Karki, ex-chefe da Suprema Corte, como primeira-ministra interina evidenciam tanto a gravidade da crise quanto a busca por legitimidade institucional em meio ao caos político. Esse episódio representa não apenas uma ruptura no cenário doméstico, mas também um divisor de águas para a política externa e para a geopolítica regional, já que a instabilidade em Katmandu repercute diretamente nos cálculos estratégicos de Nova Délhi e Pequim.

Este artigo tem como objetivo analisar a trajetória histórica e institucional do Nepal, sua política externa diante das pressões regionais, os elementos geopolíticos que condicionam sua posição no Himalaia e, finalmente, as implicações da recente crise de 2025 para o futuro do regime republicano. Busca-se demonstrar que a crise atual não é um evento isolado, mas o resultado de um processo prolongado de fragilidade institucional e de tensões geopolíticas acumuladas, que colocam em xeque a própria estabilidade do Estado nepalês.
Contexto Histórico do Nepal
A análise da crise política de 2025 só pode ser compreendida à luz da trajetória histórica do Nepal, marcada por sucessivas transformações institucionais, rivalidades internas e dilemas geopolíticos. O país, situado em uma das regiões mais estratégicas do mundo, entre a Índia e a China, desenvolveu um padrão histórico de vulnerabilidade estrutural e dependência externa, ao mesmo tempo em que buscava preservar sua soberania nacional.
A formação do Estado moderno se deu com o processo de unificação conduzido por Prithvi Narayan Shah no século XVIII. Ao consolidar pequenos principados fragmentados sob a coroa de Gorkha, Shah criou as bases daquilo que seria o Reino do Nepal. Foi ele quem cunhou a famosa metáfora do país como “um inhame entre duas pedras”, referindo-se à sua condição de enclave entre as potências emergentes Índia e China (Lohani, 2023). Essa imagem sintetiza, até hoje, o dilema central da política nepalês: sobreviver entre pressões assimétricas de grandes vizinhos.
Durante o século XIX, o Nepal manteve sua independência formal mesmo diante da expansão colonial britânica no subcontinente indiano. Contudo, guerras como a do Anglo-Nepal (1814–1816) resultaram em perdas territoriais e na assinatura do Tratado de Sugauli, que restringiu sua autonomia estratégica e inaugurou uma longa fase de influência externa (Sharma, 2025). A monarquia, dominada pela dinastia Rana, manteve um regime autocrático que, embora tenha garantido a continuidade territorial, bloqueou processos de modernização social e política.
O século XX trouxe transformações decisivas. A Revolução de 1950–1951, com forte apoio da Índia recém-independente, pôs fim ao regime autocrático dos Ranas e restaurou o poder da monarquia sob um arranjo constitucional limitado. Em 1955, o Nepal ingressou na Organização das Nações Unidas e estabeleceu relações diplomáticas com a República Popular da China, expandindo sua projeção internacional (Lohani, 2023). Esse período inaugurou a busca por uma política externa de não alinhamento, como forma de equilibrar interesses entre as duas grandes potências vizinhas.
Entre 1996 e 2006, o país mergulhou em uma guerra civil maoísta que custou mais de 13 mil vidas e fragilizou as instituições do Estado. O conflito terminou com os Acordos de Paz de 2006, que estabeleceram as bases para a Assembleia Constituinte e para a abolição da monarquia em 2008. A partir desse marco, o Nepal se transformou em uma República Federal Democrática, abrindo caminho para a promulgação da Constituição de 2015, considerada o pilar jurídico do novo regime (Miele, 2023).
Apesar das expectativas de estabilidade após 2015, o sistema político nepalês foi marcado por instabilidade crônica, com coalizões frágeis, dissoluções parlamentares inconstitucionais e disputas pessoais entre líderes. O ciclo de colapsos sucessivos minou a confiança da população e preparou o terreno para o descontentamento generalizado que culminaria na crise de 2025 (Miele, 2023; Sharma, 2025).

Crises Políticas e Institucionais
A trajetória do Nepal no início do século XXI foi marcada por instabilidade política crônica, alimentada por rivalidades intra-elitistas, coalizões frágeis e pela dificuldade em consolidar um regime republicano após o fim da monarquia. O período de 2001 a 2025 ilustra de forma clara como a fragilidade institucional e a personalização do poder corroeram as bases do sistema democrático.
O sistema eleitoral proporcional, implementado após a Constituição de 2015, produziu um parlamento sem maiorias sólidas, forçando a formação de alianças entre partidos historicamente rivais. A fusão entre o Partido Comunista do Nepal (UML) e o Partido Comunista do Nepal (Centro Maoísta), em 2017, parecia inaugurar uma era de estabilidade. No entanto, o conflito entre os líderes K. P. Sharma Oli e Pushpa Kamal Dahal (Prachanda) rapidamente degenerou em disputas de poder, culminando na dissolução do Parlamento em 2020 (Miele, 2023).
A decisão foi considerada inconstitucional pela Suprema Corte, que reverteu a medida e restabeleceu a Assembleia, revelando o papel cada vez mais central do judiciário como árbitro da instabilidade política (Miele, 2023).
Ao longo desse período, a Suprema Corte emergiu como ator-chave no equilíbrio de poder. Em diversas ocasiões, suas decisões não apenas anularam dissoluções parlamentares, mas também reconfiguraram alianças partidárias, impondo limites ao Executivo. Esse ativismo judicial, embora crucial para conter abusos de poder, reforçou a percepção de que o sistema político nepalês dependia mais de intervenções judiciais do que de processos legislativos regulares (Sharma, 2025).
O federalismo previsto pela Constituição de 2015 também foi impactado pela instabilidade do centro. Mudanças de coalizão em Katmandu repercutiam nos governos provinciais, fragilizando a capacidade administrativa e comprometendo projetos de desenvolvimento local. Como consequência, cresceu a frustração popular diante da percepção de que as instituições republicanas não respondiam às demandas da sociedade (Sharma, 2025).
As constantes mudanças de governo — com mais de uma dezena de primeiros-ministros em menos de duas décadas — resultaram em uma profunda fadiga democrática. A população passou a associar os líderes políticos a práticas de nepotismo, corrupção e clientelismo, esvaziando a confiança no sistema (Miele, 2023). Esse cenário de desencanto generalizado forneceu a base social para as mobilizações de 2025, nas quais a juventude urbana e conectada se tornou protagonista.
Geopolítica Regional e Desafios Estruturais
O Nepal, pela sua posição estratégica no Himalaia, representa um caso emblemático de Estado-tampão, constantemente condicionado pelas dinâmicas de poder entre a Índia e a China. Essa localização geográfica, embora garanta relevância regional, também expõe o país a pressões assimétricas que limitam sua autonomia e ampliam sua vulnerabilidade.
Desde o século XVIII, quando Prithvi Narayan Shah descreveu o Nepal como um “inhame entre duas pedras”, a geopolítica do país tem sido definida pela necessidade de equilibrar relações com potências vizinhas (Lohani, 2023). No século XXI, essa lógica se intensificou diante da rivalidade crescente entre Nova Délhi e Pequim. O Nepal tornou-se, assim, um campo de disputa por influência, onde concessões políticas, investimentos em infraestrutura e cooperação militar são elementos de barganha e pressão.
A disputa territorial de Kalapani, Lipulekh e Limpiyadhura, que levou o Nepal a alterar sua constituição em 2020 para reforçar soberania sobre esses territórios, é exemplo claro da forma como a rivalidade Índia–China impacta Katmandu (Miele, 2023). Enquanto Nova Délhi busca manter o Nepal dentro de sua esfera de influência histórica, Pequim utiliza projetos da Iniciativa Cinturão e Rota (BRI) para ampliar sua presença no Himalaia. O resultado é um ambiente em que o Nepal precisa constantemente negociar sua autonomia.
A vulnerabilidade geopolítica se soma a um quadro de dependência econômica estrutural. O país apresenta baixo nível de industrialização, sendo altamente dependente de remessas de migrantes que trabalham no exterior. A economia é ainda frágil frente a choques externos, como os provocados pela pandemia de Covid-19 e pela guerra na Ucrânia, que afetaram cadeias de suprimentos e preços de energia (Miele, 2023). Essa dependência limita a capacidade de o Nepal formular uma política externa verdadeiramente independente.
A invasão russa da Ucrânia em 2022 revelou a tentativa do Nepal de alinhar-se ao campo ocidental, manifestando apoio a Kiev nas votações da ONU (Miele, 2023). Ao mesmo tempo, a ratificação do Millennium Challenge Corporation (MCC), em 2022, inseriu o país mais diretamente na estratégia dos Estados Unidos para conter a influência chinesa na Ásia. Esses movimentos, embora importantes para diversificação de alianças, aumentaram a percepção de que o Nepal corre o risco de ser visto como peça secundária em disputas entre potências.
A combinação de pressões externas, fragilidade institucional e dependência econômica coloca o Nepal em uma condição de instabilidade estrutural. A cada crise doméstica, aumenta o espaço para ingerência de potências vizinhas, e cada oscilação no cenário internacional repercute de forma intensa dentro do país. Dessa forma, o Nepal ilustra o dilema clássico de pequenos Estados no sistema internacional: a busca por autonomia em um ambiente de poder profundamente desigual (Sharma, 2025).

A Crise de 2025 e a Queda do Regime
A crise política de setembro de 2025 representou o ponto culminante de anos de instabilidade institucional e insatisfação social acumulada. Diferentemente de crises anteriores, protagonizadas por elites partidárias, essa revolta teve como atores centrais a juventude conectada, conhecida como Geração Z, que mobilizou milhões de pessoas contra o governo de K. P. Sharma Oli.
O gatilho imediato foi a decisão do governo de bloquear 26 plataformas digitais, com base em uma decisão da Suprema Corte que exigia o registro de empresas estrangeiras junto ao Ministério das Comunicações. Para grande parte da sociedade, sobretudo jovens, a medida foi interpretada como ataque à liberdade de expressão e tentativa de controle político da esfera digital (Sharma, 2025). A reação foi imediata: hashtags como #nepokids e #nepobabies viralizaram, denunciando o nepotismo, a corrupção e a ostentação das elites políticas (G1, 2025).
A Geração Z transformou as ruas de Katmandu e outras cidades em um palco de contestação. O movimento começou como protesto pacífico, mas rapidamente degenerou em confrontos após a repressão policial. A juventude não apenas expressou sua oposição ao bloqueio das redes, mas também articulou um discurso contra décadas de má governança, clientelismo e instabilidade crônica (Sharma, 2025).
A resposta do Estado foi marcada por violência inédita: a polícia abriu fogo contra os manifestantes, resultando em 19 mortos e centenas de feridos em apenas um dia, o episódio mais sangrento desde a transição republicana (Sharma, 2025). A repressão se espalhou por diversas cidades, com ataques a prédios governamentais e até mesmo à residência do primeiro-ministro em sua base eleitoral (G1, 2025). Esse uso desproporcional da força abalou ainda mais a legitimidade do regime e acelerou sua queda.
A erosão da legitimidade política
A violência contra civis levou a uma quebra de confiança irreversível entre a sociedade e o governo. Oito partidos, incluindo o Congresso Nepali, o CPN-UML e o Centro Maoísta, se uniram em uma rara frente conjunta para exigir a reinstauração do Parlamento e a renúncia de Oli, acusando a Presidência e o Executivo de atentado à Constituição (National Herald, 2025). Essa convergência revelou que a crise havia superado divisões partidárias e adquirido um caráter de ruptura sistêmica.
A solução encontrada foi a nomeação de Sushila Karki, ex-chefe da Suprema Corte, como primeira-ministra interina. Sua ascensão, inédita por ser a primeira mulher a ocupar o cargo, representou uma tentativa de conferir legitimidade institucional e abrir caminho para novas eleições. Contudo, a transição revelou mais uma vez a dependência do Nepal de arranjos improvisados, em vez de processos políticos estáveis.
Implicações para o Futuro
A crise de 2025 não apenas encerrou um ciclo político, mas também abriu um período de incertezas estruturais. O colapso do governo e a ascensão de um executivo interino revelaram tanto a fragilidade do regime republicano quanto a capacidade de resiliência social e de mobilização política das novas gerações. As implicações para o futuro podem ser examinadas em três dimensões principais: institucional, social e geopolítica.
O desafio imediato do Nepal é restaurar a credibilidade das instituições democráticas. O ciclo de dissoluções parlamentares, governos efêmeros e ativismo judicial corroeu a confiança popular. A nomeação de Sushila Karki representou um respiro momentâneo, mas a longo prazo o país precisará de reformas eleitorais e mecanismos de governança mais inclusivos para evitar o retorno da instabilidade (Sharma, 2025). Sem tais reformas, o risco de recaída em autoritarismo ou de aprofundamento do vazio institucional permanece elevado.
A mobilização da Geração Z demonstrou que a sociedade nepalesa vive um ponto de inflexão geracional. Jovens urbanos, digitalizados e críticos ao nepotismo e clientelismo desafiaram as elites tradicionais e ampliaram o horizonte de renovação política. Se essa energia for canalizada para a construção de novas lideranças e formas de participação institucional, o Nepal poderá vivenciar um processo de rejuvenescimento democrático. Caso contrário, a frustração da juventude pode se converter em radicalização política e novas ondas de instabilidade.
No plano regional, o Nepal continuará a enfrentar a pressão da rivalidade Índia–China. A Índia buscará evitar que o vácuo político em Katmandu se transforme em maior dependência de Pequim, enquanto a China tentará expandir sua influência econômica por meio da Iniciativa Cinturão e Rota. Os Estados Unidos, por sua vez, deverão manter o Nepal no radar estratégico através de acordos como o MCC, reforçando a percepção de que o país se tornou ponto de interseção de disputas globais.
O futuro do Nepal dependerá de sua capacidade de transformar a atual crise em oportunidade. De um lado, há o risco de fragmentação política, interferência externa e retrocesso democrático. De outro, abre-se a possibilidade de reformas estruturais, integração mais equilibrada com vizinhos e a consolidação de uma política externa multivetorial e pragmática. O desfecho dependerá não apenas das elites políticas tradicionais, mas sobretudo da capacidade da sociedade civil e da juventude em manter a pressão por mudanças.
Conclusão
A análise da trajetória do Nepal demonstra que a crise de 2025 não foi um evento isolado, mas sim o resultado de um processo prolongado de fragilidade institucional, instabilidade política e pressões geopolíticas externas. Desde a unificação sob Prithvi Narayan Shah até a consolidação da república em 2015, o país oscilou entre momentos de esperança democrática e colapsos recorrentes de governabilidade.
O Nepal exemplifica o dilema de um Estado-tampão, situado entre Índia e China, em um contexto de crescente rivalidade regional. A disputa por territórios fronteiriços como Kalapani e Lipulekh, a adesão seletiva à Iniciativa Cinturão e Rota e a controversa aprovação do Millennium Challenge Corporation ilustram a dificuldade em manter uma política externa autônoma e equilibrada. Ao mesmo tempo, a instabilidade doméstica cria espaço para maior vulnerabilidade a ingerências externas.
A mobilização da Geração Z em 2025 marcou uma ruptura qualitativa, pois evidenciou que a crise não era apenas institucional, mas também social e geracional. Jovens conectados e organizados em redes digitais desafiaram décadas de nepotismo, clientelismo e corrupção, trazendo novos atores para o centro do debate político. A repressão violenta, com 19 mortos em um único dia, acelerou a erosão da legitimidade do regime e forçou a transição emergencial que levou Sushila Karki ao cargo de primeira-ministra interina.
No plano internacional, a instabilidade nepalês repercute diretamente na segurança regional do Himalaia. Para a Índia, a crise representa um risco de maior penetração chinesa em sua vizinhança estratégica. Para a China, abre-se a oportunidade de consolidar sua influência por meio de investimentos e apoio político. Para os Estados Unidos, o Nepal permanece um espaço de disputa no tabuleiro indo-pacífico. Assim, a política doméstica de Katmandu se entrelaça inevitavelmente às dinâmicas globais de poder.
Conclui-se que o futuro do Nepal dependerá de sua capacidade de transformar a crise em oportunidade. Se as instituições republicanas forem reformadas e a juventude conseguir canalizar sua energia para formas sustentáveis de participação, há espaço para uma renovação democrática e para uma política externa mais multivetorial e pragmática. Caso contrário, o risco é a perpetuação de um ciclo de instabilidade crônica, com o país permanecendo refém das tensões regionais e da incapacidade de suas elites de construir consensos duradouros.
Em última instância, o Nepal exemplifica os dilemas de pequenos Estados no sistema internacional, obrigados a buscar autonomia em meio a pressões assimétricas, enquanto enfrentam os desafios internos de governança, desenvolvimento e legitimidade política.
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Analista de Relações Internacionais, organizador do Congresso de Relações Internacionais e editor da Revista Relações Exteriores. Professor, Palestrante e Empreendedor. Contato profissional: guilherme.bueno(a)esri.net.br