Curso de Política Externa Russa
Modo Escuro Modo Luz
Ali Khamenei - Irã entre Dogma & Estratégia | Líderes Mundiais | Aula 2 Ali Khamenei - Irã entre Dogma & Estratégia | Líderes Mundiais | Aula 2

Ali Khamenei – Irã entre Dogma & Estratégia | Líderes Mundiais | Aula 2

Transcrição de vídeo publicado no canal da Relações Exteriores. Veja mais vídeos aqui.


Olá a todos e todas, sejam muito bem-vindos e bem-vindas ao nosso projeto Líderes Mundiais, então, dentro do escopo da Escola Superior de Relações Tradicionais da ESRI e também bem-vinculado ao nosso podcast, Sala de Estratégia, então, já faço aqui o convite, pessoal, toda terça-feira, três horas em ponto, horário de Brasília, eu e os meus queridos colegas professor Guilherme, professora Lívia, estamos debatendo os principais assuntos da política internacional contemporânea, então, sou o professor Bruno Mendels.

Estou muito contente para estar fazendo parte desse projeto vinculado à Sala de Estratégia, que é a Líderes Mundiais, tivemos nossa aula passada sobre o presidente estadunidense Donald Trump e coube a mim aqui essa tarefa complexa de falar um pouco sobre a personalidade, a liderança e o poder do atual líder supremo do Irã, o Ali Khamenei.

Então, é isso pessoal, sejam todos bem-vindos, montei uma apresentação aqui em torno de 50 minutos, uma hora, e posteriormente abro para questionamento que vocês tenham. E também agradeço aqui a minha colega, sempre muito solista, eficiente e prestativa, a Giovanna.

Bom pessoal, então eu começo essa aula com essa imagem que eu acho que é muito emblemática para a gente entender o papel dessa liderança, a maior liderança do Irã, desde 1989, que é o Ali Khamenei. Vejam o que que essa imagem, essa foto, nos mostra. Então, no centro, ou seja, quem está no poder é o Ayatollah Ali Khamenei.

Então, numa posição, vejam pessoal, as imagens e sobretudo as fotografias políticas, elas não são por acaso. Veja a postura do líder iraniano. Então, um semblante sério, mas ao mesmo tempo sereno, vestindo o traje tradicional dos muçulmanos xiítas do Irã, com a mão no peito, ao fundo as bandeiras do Irã, ou seja, então representando a ideia de união nacional, de soberania, e não por acaso, mas acima está justamente a figura do primeiro líder supremo do Irã, o Khomeini, que foi também o, a gente pode dizer, o padrinho do Ali Khamenei.

Então, duas figuras-chave para a gente entender o atual regime iraniano, que está no poder desde 1979. Bom, então como é que eu organizei, montei essa aula? Em oito partes. Primeiramente, quero falar qual é o sentido dela, quais são os objetivos desse nosso encontro, e depois falar um pouco da trajetória, da biografia do Ali Khamenei, então os primeiros passos, um pouco da vida pessoal, a sua trajetória até o primeiro evento-chave da nossa aula, que é a Revolução Islâmica em 79.

Posteriormente, é impossível falar do papel político-religioso do Ali Khamenei, sem entender um pouco essa Revolução Islâmica que vai colocar os ayatollahs no poder, e sobretudo o primeiro período, então os dez anos de governo do Khomeini, o primeiro líder supremo. Depois, continuo trazendo a trajetória do Khamenei até 89, destacando sobretudo o período da presidência, ele foi o terceiro presidente do Irã, sendo reeleito, ficando quase dez anos como presidente. Depois, digamos que a parte principal, que é a atuação do Khamenei como líder supremo, de 89 para cá.

Depois, apresento uma conclusão e uma síntese, ou seja, trago ali os principais elementos, um resumo dos principais elementos que nós vimos na aula de hoje. Depois, uma sessão que eu sempre gosto de colocar nas minhas aulas, que é o olhar da arte sobre o tema, então indicação de filmes, seriados, pinturas, que dialoguem com o conteúdo, e encerro apresentando a bibliografia. Certo, pessoal? E para todos aqueles que estão aqui, que assinaram o nosso canal do Sala de Estratégia, essa aula está disponível, assim como os slides.

Então, quais são os objetivos, né? Qual é o sentido dessa aula? Então, compreender a trajetória histórica do Ali Khamenei, hoje com 86 anos, mas firme no poder, analisar a atuação política e religiosa dele, porque enfim, esse cargo a gente vai ver em detalhes, mas adiantando, o de líder supremo, como o próprio nome já sugere, vai apontar para um papel político e religioso dessa liderança, identificar as características do Khamenei no seu processo como líder, e também aqui eu acho muito interessante apresentar um pouco da figura do Khamenei para vocês, né?

Então, a partir do quê? A partir dos seus discursos, seus discursos oficiais, todos dispostos, depois eu vou indicar ali no site em inglês, do governo, do líder supremo. Então, trazendo um pouco da perspectiva do Khamenei e a sua visão geopolítica. Certo, meus caros e minhas caras? Então, um pouco aqui do início, então ele vai nascer já no longínquo 1939, mas veja, numa cidade muito importante em termos religiosos para o Irã, que é a cidade de Masrad.

Então, veja, coloquei aqui a setinha, né? Porque ela tá distante de Teherã, veja, né? Muito próxima às fronteiras do Turcomenistão e do Afeganistão. Então, uma cidade muito importante, um centro cultural e religioso para o chiismo. Então, isso é importante porque é justamente nesse ambiente religioso que o Khamenei vai crescer e se desenvolver.

Bom, outra coisa que também é muito importante é o background dele. Então, ele vai nascer de uma família humilde. Então, seu pai era um clérigo, um líder religioso local e o próprio Khamenei ao longo da sua vida vai se referir muito que esse período de dificuldades econômicas ajudou a moldar o caráter dele, ajudou a consolidar a visão islâmica e o respeito à família, aos pais.

Que ele, nas suas visões, na sua perspectiva, é claro, tenta levar adiante. E aqui, pessoal, já aproveito para fazer um comentário que o meu objetivo aqui como professor e pesquisador de política e de oriente médio há quase 15 anos é, a partir das fontes, trazer um relato, uma perspectiva desse líder iraniano que é, sem dúvida, uma figura polêmica. Para isso, pessoal, eu me alicercei primeiro em fontes oficiais, então, sobretudo, o site do líder supremo, que está em inglês, o que facilita bastante a vida da pesquisadora, outros autores do oriente médio iranianos e também autores chamados ocidentais, estadunidenses e europeus.

Então, eu tive esse cuidado em variar as minhas fontes porque a gente sabe que o Irã é, de forma aberta, um dos grandes inimigos do chamado ocidente, sobretudo dos Estados Unidos, desde 1979. Então, ele se coloca dessa forma, ele constrói, a gente vai ver a sua legitimidade, então é comum que haja textos um pouco enviesados. Da mesma forma, logicamente, em se tratando de um governo autoritário, de um governo ditatorial, também, na parte das fontes oficiais, a gente vai sempre perceber um grande esforço em defender o regime.

Então, é importante fazer esse disclaimer, esse esclarecimento sobre as fontes e aqui eu vou, acho que esse é o papel do cientista, é tentar ser mais fiel aos fatos possíveis. Bom, então um pouco da formação acadêmica, isso é muito interessante porque o Khamenei é um líder religioso, então ele fez toda a sua formação primária, secundária e terciária em instituições religiosas.

Fazendo aqui um paralelo, sobretudo com a religião cristã, a qual eu conheço mais, também, além do islã, digamos que ele se formou, como se ele tivesse uma formação em teologia, aqui aplicado ao contexto da igreja católica. Então ele vai terminar os seus estudos secundários em instituições religiosas locais, no final dos anos 50, e aqui é muito interessante, com 18 anos ele vai fazer uma peregrinação às cidades sagradas iraquianas de Karbala e Najaf.

É importante constatar que o Irã, assim como o Iraque, são dois países de maioria xiita, com locais de grande relevância para esses fiéis, para essa corrente do islã. E aqui, simplificando, mas sem perder a profundidade, toda grande religião tem as suas divisões, então assim como o cristianismo tem os católicos, os protestantes, mais recentemente, em décadas, os neopentecostais, o islã tem pelo menos duas grandes correntes, que são os sunnitas e os xiitas. Então, os xiitas, maioria, em poucos estados do oriente médio, o Irã, Bahrein e Iraque, sobretudo.

Então, depois ele vai retornar para o país do Irã, de acordo com ele mesmo, seguindo o pedido do seu pai, e vai estudar no famoso seminário na cidade de Qom, que a imagem para vocês, em 64, ele conclui os estudos avançados, que a gente poderia traduzir aqui como um ensino superior religioso. E olha que interessante, quem era um dos seus professores, aqui nos anos 60, justamente aquele que viria a ser o primeiro líder e a principal liderança, o primeiro líder supremo e a principal liderança da revolução islâmica, o Rulá Khomeini. Aqui uma fotinho do Khomeini novo.

Bom, e a partir dos anos 60, vai haver o início dele na militância. Então, veja, vão ser longos anos, em torno ali de 15, 17 anos, de militância, ou seja, de organização de protesto contra o regime daquela época, que era um regime, uma monarquia do Shah Reza Pahlavi, e que tinha uma estrutura muito distante do que viria a ser a revolução, a república islâmica. Então, era um regime secular, havia uma grande liberdade, não políticas, mas religiosas, de fé, as mulheres não eram obrigadas, como são agora, a usar o véu islâmico em público, mas era um governo muito alinhado ao ocidente, aos Estados Unidos e ao Reino Unido, e muito autoritário.

E justamente eram esses aspectos que geravam a crítica dos religiosos, como Khamenei e Khomeini. Então, esse secularismo visto como um caminho para a degradação, então, na visão deles, quanto mais distante tu tiver do islã, mais próximo tu tá da degradação, da barbárie, e também crítica ao autoritarismo e ao pró-americanismo.

Também aqui tem um evento muito interessante, ele ocorreu antes, mas vai ser muito simbólico, que é no início dos anos 50, então o primeiro-ministro progressista, o Mossadegh, vai nacionalizar o petróleo e o gás, as indústrias do petróleo e do gás do Irã, numa medida que vai atacar os interesses do Reino Unido e dos Estados Unidos, e o Reino Unido e os Estados Unidos vão organizar um golpe para derrubar e prender esse primeiro-ministro e aumentar o poder da monarquia.

Então esse sentimento anti-ocidente já vem desde os anos 50. Então, nesse sentido, o Khamenei foi preso seis vezes, foi torturado, teve um período no exílio. Bom, então, e lógico, a revolução islâmica merece um curso, nenhuma aula específica para ela, vai ser um evento de grande magnitude, uma das grandes revoluções do século XX, e ela tem uma especificidade.

Porque, veja, no século XX até então, até 1979, as revoluções que ocorreram tinham caráter eminentemente secular, sobretudo as mais importantes, a Revolução Russa, a Revolução Cubana, que vai aumentar regimes marxistas. Nos países vizinhos árabes, as revoluções dos oficiais, dos coronéis no Egito, no Iraque, que tinham um ideal pan-arabista mais laico, mas essa vai ser a primeira revolução popular de caráter religioso, de caráter islâmico. E aqui a figura do Khamenei exilado muito tempo, sobretudo na França, perseguido pelo regime Dusha, ele vai surgir como a grande liderança.

E o que ele vai conseguir fazer? Qual que vai ser, digamos, a grande sacada desses religiosos iranianos, que vão combinar um discurso religioso, tradicional, ao país, junto com temas de crítica à desigualdade social e à defesa dos interesses, à defesa da soberania. Então esse vai ser o diferencial, porque então o Islã vai estar abraçando também outras questões políticas que eram muito debatidas. Então crescia no Irã a desigualdade, a concentração de renda e o país era visto, como o governo era visto, como uma marionete do exterior.

Então tô vendo aqui no chat muitos boas tardes, temos participantes africanos, que coisa boa, estão de Angola, sejam todos e todas muito bem-vindos. Lembrando que no final é o momento que eu mais gosto, que eu consigo aprender com vocês, porque aqui é Paulo Freire Navei, ou seja, então é o conhecimento construído. Então aguardo sempre ansiosamente o final das aulas para que vocês possam perguntar e a gente possa trocar e construir conhecimentos.

Bom, então retornando aqui o que a gente vai ver? Então, lógico, a revolução houve um conjunto de forças distintas lutando contra a ditadura do Chá, então desde forças religiosas, conservadoras, mas também forças liberais, marxistas, mas todos convergiram e sob a liderança do Khomeini, digamos que o grupo, a vertente religiosa, vai conseguir assumir o poder e vai instaurar a partir de uma votação por referendo a República Islâmica, o que até então também era uma novidade no cenário da região.

Então a Constituição de 79 vai qualificar o Irã como um estado teocrático, ou seja, onde não há a separação, ao contrário de um modelo tradicional ocidental, que há uma separação entre religião e política, religião destinada à esfera privada dos indivíduos e a religião, desculpa, religião é a esfera privada e a política é a esfera pública, um estado teocrático não há. E criando uma categoria nova, que é a do líder supremo, que vai exercer autoridade máxima sobre política, justiça e defesa.

Certo, meus caros? Deixa eu tomar uma aguinha aqui para não ficar sem voz e vamos lá. E aqui, eu sempre gosto de trazer os documentos oficiais, mesmo que pequenos trechos, Constituição, o discurso dos líderes, porque são fontes muito importantes, são fontes primárias que estão ali dizendo exatamente a perspectiva, a política de cada um dos objetos. Então, olha que interessante aqui o preâmbulo da Constituição iraniana. A característica básica dessa revolução, que a distingue de outros movimentos que ocorreram no Irã nos últimos 100 anos, é a sua natureza ideológica islâmica.

Após vivenciar um movimento constitucional antidespótico, um movimento anticolonialista, centrado na nacionalização da indústria do petróleo, e aqui fazendo uma referência àquilo que havia comentado do golpe incentivado pelos Estados Unidos e Reino Unido contra o primeiro ministro progressista do Irã, o povo muçulmano do Irã, ou seja, então que já aponta a identidade, então o povo ele é muçulmano, aprendeu com essa experiência custosa, que a razão óbvia e fundamental para o fracasso desses movimentos era a falta de base ideológica. Ou seja, então aqui, trocando em miúdos, o que falta para a nação iraniana é justamente uma base ideológica islâmica.

E é isso, é essa, digamos, que novidade que esse novo governo, esse novo regime vai ofertar para a sociedade iraniana. E aqui eu quero destacar, pessoal, baseado nas considerações de dois importantes autores, o Abrahamian e o Dabash, cinco, digamos, cinco eixos do governo do Khamenei e que o Khamenei vai não só manter como expandir, que são as bases da revolução iraniana. O primeiro, o principal, é o princípio de velat et faqith, que vai dizer o que? Que dentro da teologia do xiísmo, dos doze ímãs, há a ideia de um ímã, né, do grande líder religioso que está oculto e que vai retornar para a sociedade.

Enquanto ele estiver oculto, né, o poder político, ele tem que ser exercido por um clérigo justo e erudito, ou seja, o líder supremo. Há também uma natureza fortemente anti-imperialista, anti-colonial, anti-hegemônica e anti-sionista. Então, aqui, o sionismo entendido como um movimento de autodeterminação do povo judeu, ou seja, grosso modo, nacionalismo judeu, que vai defender que os judeus eles merecem e têm e devem ter um estado na região da Palestina.

Então, esse movimento, baseado ali no Monte Sião, é conhecido como sionismo, nacionalismo judaico e aqui o Irã vai ter uma postura muito radical desde 79. Veja, boa parte ainda dos países árabes e muçulmanos não reconhecem a legitimidade de Israel porque dizem que Israel está ali ocupando territórios palestinos e boa parte desses países, a grande maioria, vai dizer olha a solução é ter dois estados lado a lado, um estado palestino e um estado israelense na região histórica da Palestina. E, na verdade, esse é a perspectiva também das Nações Unidas, defendida pela maior parte dos países do mundo.

O Irã vai dizer que não. O Irã vai enxergar o estado de Israel como parte de um projeto colonial, apoiado pelas grandes potências, sobretudo pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, e vai defender que um estado palestino único não vai reconhecer a legitimidade da existência do estado de Israel, diferentemente de outros países árabes e muçulmanos que vão dizer olha a gente reconhece Israel quando Israel aceder e tiver o estado palestino, os dois lado a lado. Aqui não, aqui é a Palestina apenas para os palestinos, eles vão enxergar os judeus e os israelenses como usurpadores.

E aqui nas palavras do próprio líder supremo, o Khomeini, então vai se referir aos Estados Unidos como grande Satã e Israel como pequeno Satã. E veja aqui está falando de 79, isso aqui está presente, a gente já vê nos discursos do Khomeini até hoje, 2025. Bom, então o princípio do líder supremo, anti-imperialismo, anti-sionismo, exportação da revolução, então esse é um detalhe muito interessante, então no momento que o governo ele consegue ter a unidade nacional, ele vai buscar o que? O que geralmente os governos revolucionários buscam, que é exportar o seu modelo político para justamente aumentar o seu poder e criar uma rede de aliados.

Isso o Irã vai fazer fortemente, o Khomeini vai ser o responsável pela expansão. Também um controle social, repressão interna, aqui não se iludam, é uma ditadura, então não tem liberdade de expressão. E também uma constante, ligado ao primeiro item, uma constante islamização do Estado e fortalecimento dessa nova elite, o clero xiita.

Bom, e aqui para ilustrar o regime político iraniano, veja, ele é muito complexo e bem distinto do que a gente está acostumado nas chamadas democracias liberais. E obviamente, se tu perguntar para qualquer líder iraniano, eles vão dizer que é uma democracia plena. Bom, como é que funciona? Então, há eleições no Irã, então você vota para, sobretudo, três cargos, presidente, para o parlamento e para a assembleia dos experts, que seria a Câmara Alta e o parlamento da Câmara Baixa, tá? Só que qual é a grande questão? Bom, até aí tranquilo, até aí me parece uma democracia.

Então, veja, tu vai votar nessa assembleia dos experts, que esses, por sua vez, vão eleger o líder supremo. Então, eles têm um mandato de oito anos, porque é similar, aqui é o mandato do Senado, por aqui no Brasil, e o parlamento, quatro anos. Esse líder supremo, por sua vez, vai indicar o conselho dos guardiães, ele vai indicar seis, diretamente ele, seis membros, e outros seis são escolhidos pelo judiciário, que também é apontado pelo líder supremo, e todos esses têm que ser aprovados pelo parlamento.

Ou seja, então, há uma chancela do parlamento. E o líder supremo, também, num outro conselho, vai aprovar um conjunto de especialistas, né? Que, digamos, que seria um papel aqui, um grosso modo, do STF, né? Que vai dizer se a legislação é constitucional ou não, ou seja, tem um poder acima das duas casas legislativas, e se tá de acordo com a Constituição. E, por sua vez, o presidente, ele vai votar no gabinete.

Só que qual é o detalhe? Para os candidatos poderem concorrer, e aqui também vale para a presidência da república, eles têm que passar pelo crivo do conselho dos guardiões e do líder supremo. Ou seja, então, só concorre ao mandato de presidente, que é, digamos, que o segundo cargo mais importante, quem tem a chancela do líder supremo. Certo, meus caros? Vamos lá.

Bom, então, voltamos aqui para o Khomeini, né? Que é o grande foco da nossa aula, mas, como eu disse, é impossível falar dele sem mencionar o Khomeini, que constantemente ele está presente mesmo, morto através de imagens, né? No atual poder, né? Que me lembra uma frase muito famosa do positivista Augusto Conte, né? Que vai dizer que os vivos são cada vez mais governados pelos mortos. Bom, então, do início da revolução até 81, o Khomeini vai servir em diferentes postos nesse novo governo. Vai ser vice-ministro da defesa, supervisor da guarda revolucionária, importante grupo paramilitar do Irã, que a gente vai falar em seguida.

Também foi designado como principal responsável pelas orações de sexta-feira em Teherã, um evento de grande importância simbólica para o povo do Irã, e também foi eleito deputado na Assembleia Consultiva a partir de Teherã. E veja, na foto aqui ele está à esquerda e quem está justamente à direita, né? Sentado numa posição claramente de poder, o Khomeini. Bom, e aqui tem um evento que pouca gente sabe no Brasil.

Veja, então, ali no meio do ano de 1971, o Khamenei vai se envolver na corrida presidencial pro Irã e quando ele tava dando um discurso numa mesquita ali à esquerda ele vai sofrer uma tentativa de assassinato por militantes radicais de esquerda, então vai se colocar uma bomba em um dos gravadores que estava gravando a fala dele e ele, enfim, vai sobreviver, mas isso vai também ter um grande impacto na vida dele, né. Então, ele vai ser eleito presidente em outubro de 81 e vai ser reeleito em 85, né. E, então, ele vai ser o terceiro presidente do Irã e o primeiro a se reeleger.

Vai ser justamente nesse momento que ele vai começar a construir os contatos, a rede de poder dele que vai permitir que ele esteja mais de 30 anos como líder supremo do Irã. E aqui, pessoal, tem, olha, um evento chave pra gente compreender a política regional do Irã e que, mais uma vez, penso que se dá pouquíssima atenção no Ocidente e no Brasil. E justamente porque dois países historicamente vistos como vilões, né, o Iraque e o Irã.

O que que é? É a guerra entre Irã e Iraque, que vai durar quase uma década. Então, o que que vai acontecer? Em 1980, o Iraque, já governado pelo Saddam Hussein, vai perceber ali toda a instabilidade e caos como é comum em grandes processos revolucionários no Irã. Então, o Iraque vai fazer uma leitura que seria o momento oportuno pra atacar, buscar expandir o seu território através de uma demanda de litígio fronteiriço aqui na região de, tá mais em escuro, de Ahvaz, que justamente é a fronteira entre os dois países.

E vai invadir o Irã. E aqui também vai, começar não, né, mas vai ser mais um elemento dentro da retórica antiocidental do Irã. Então, justamente as grandes potências vão apoiar o Bagdá.

Enquanto que os países muçulmanos se dividiram. E aqui, aproveito pra cornetear os Estados Unidos, né, como é infelizmente de praxe na política externa dos Estados Unidos sempre muito contraditória. Ou seja, o realismo deles é contraditório.

Porque veja, então, nesse momento aqui, o Irã era uma ameaça maior para os Estados Unidos do que o Iraque. Ou seja, então o regime que coloca claramente os Estados Unidos como grande inimigo, e que vai buscar se expandir, a gente tem do lado o regime autoritário, mas secular, que é o do Iraque, vamos apoiar, vamos financiar esse Saddam Hussein. Qual é a grande questão? Ali, menos de dois anos depois, o Iraque quebrado, já vou adiantar aqui, ele vai invadir ali o seu vizinho menor, o Kuwait, rico em petróleo, justamente pra tentar ter uma sobrevida pelos gastos da guerra.

E aí os Estados Unidos vão se voltar contra o seu ex-aliado, na Guerra do Golfo, Primeira Guerra do Golfo, entre 1990 e 1991, e depois, cerca de dez anos mais tarde, vai invadir e derrubar o regime do Saddam, outra hora, seu aliado. Bom, concretamente a guerra vai gerar um milhão de mortos, e vai terminar, os analistas indicam, num empate, mas numa grande destruição da infraestrutura e econômica dos países. E foi um grande teste pra sobrevivência desse novo regime.

E quem foi o presidente durante todo esse acontecimento? Justamente o Ali Khamenei. E aqui o fotinho dele, não como o grande líder, mas como o segundo, era que ele tem que estar lá no fronte, dando aquela moral, dando tapinha na costa dos soldados, etc. Então tá aqui, à direita, o Khamenei, numa trincheira, e de acordo com a Gorman, Khamenei teve o papel de mobilização do país na guerra.

Mobilização ideológica, política, econômica e militar. Como assim ideológica? Então ele vai apoiar a narrativa do Khamenei de que se tratava de uma guerra sagrada, de uma jihad, ou seja, do dever de todo muçulmano lutar contra esse invasor laico ocidental. E também dentro de um conceito muito importante na teologia xiita, que é a ideia do martírio, do sacrifício que tem que fazer pelo teu país e pela tua religião.

E além disso também pela própria sobrevivência da Revolução Islâmica. Então vai se enquadrar essa guerra como uma guerra religiosa, aliando ela com os princípios do novo governo. Politicamente ele vai garantir estabilidade, mas daquela forma autoritária, sempre combatendo as dissidências.

E aqui vou começar a trazer pequenos trechos do Khamenei que eu acho que vão ser muito ilustrativos. Aqui em 1983, olha só a potência dessa fala. Cada gota de sangue derramado em defesa da revolução é uma lição de fé que permanecerá para sempre nas páginas da nossa história.

E veja pessoal, aqui a gente tem que pensar como líder e como população. Veja o simbolismo, veja a motivação, a inspiração que uma declaração dessas traz para um país que está ali assolado por uma guerra. Então cada gota de sangue é uma lição de fé.

Bom, aqui mais uma outra imagem, o Khamenei relativamente novo aqui na casa dos seus 40 anos, caminhando por partes destruídas do Irã. Então, dentro desse esforço ideologicamente construindo a guerra como uma guerra religiosa, politicamente combatendo a dissidência, economicamente ele vai conseguir implementar medidas de austeridade, de reorganização da economia para manter o esforço da guerra. E militarmente ele vai conseguir unificar e coordenar o exército tradicional com uma invenção da revolução, que é justamente a guarda revolucionária que vai ter o papel de proteger a revolução e consequentemente proteger o líder supremo.

Eles vão conseguir unir o Khamenei às duas. E diplomaticamente, depois a gente vai ver ali outros discursos do Khamenei, vai ter uma denúncia ao apoio ocidental a Saddam Hussein e uma crítica à inação, a falta de protagonismo do Conselho de Segurança da ONU em buscar resolver essa guerra. Olha que interessante, aqui outra citação dele de 83, do Khamenei.

Essa guerra não é pelas fronteiras, mas pela dignidade do Islã e pela sobrevivência de nossa independência. Então, veja, aqui é construtivismo. Nícolas Unurfi, no mundo ele é construído socialmente pelos nossos atos, pela nossa fama.

Ou seja, a ideia de que essa guerra é pela dignidade do Islã é uma interpretação possível. Mas ela vai ser falada, repetida, repetida, até que vire verdade. E também aliando aquela ideia de anti-imperialismo, de soberania pela sobrevivência da nossa independência.

Então, aqui trago o Khamenei, ele foi uma única vez na Assembleia Geral das Nações Unidas, que é o grande fórum mais democrático da ONU, que todo o país tem um espaço para discursar. Então, ele foi em 83, tá, minto, ele foi em 83, e olha que interessante o que ele vai falar. A questão para a qual não foi possível encontrar uma resposta convincente é porque o Conselho de Segurança das Nações Unidas, criado com o propósito básico de confrontar agressões e garantir a segurança internacional, esqueceu completamente sua responsabilidade diante dessa invasão.

E veja, não é com menos, são argumentos bem interessantes. E nisso o Irã vai ser muito assertivo, que é justamente denunciar esses double standards, esses padrões duplos, dois pesos e duas medidas do Ocidente. Bom, a guerra vai terminar em 88, com a retirada do Iraque, do Irã, isso vai consolidar o regime nos momentos mais críticos da sua história.

E o Khamenei vai se mostrar uma liderança à altura dos desafios, porque ele que estava ali no fronte liderando, fortalecendo a sua base simbólica. Tanto é que, em torno de um ano após a guerra, ele é eleito, por indicação também do Khomeini, como líder supremo. E aqui a gente vai abrir um outro capítulo.

Mas ainda nos anos 80, veja, o Khamenei, no contexto da guerra civil libanesa, 75 a 1990, e especificamente a autoridade, a Organização da Libertação da Palestina, liderada pelo Yasser Arafat, que até então usava da resistência armada para criar um Estado palestino, e ela vai se refugiar no Líbano, e Israel, dizendo que ia combater esses palestinos, invade o Líbano e ocupa parte do território, sobretudo o norte de Israel, o sul do Líbano.

Então o Irã vai o quê? Apoiar diretamente, vai ser até hoje, um dos principais financiadores do Hezbollah, ou seja, um grupo de resistência xiita, libanês, que vai justamente resistir e tentar expulsar os israelenses do território libanês. Em vez de esse Hezbollah, criado em 82, com o apoio do Khamenei, está envolvido, até bem pouco tempo atrás, em bombardeios contra Israel, em solidariedade às ações israelenses, genocidas na faixa de Gaza.

Então o Khamenei vai conseguir articular a criação desses chamados Proxys, desses grupos por procuração que vão representar os interesses do Irã, aqui o Hezbollah. Olha que interessante um trecho da fala do Khamenei, de 85. O povo libanês e seus combatentes são partes da resistência islâmica contra o sionismo.

Ajudá-los é um dever religioso. Ou seja, então, a demonização, a crítica ao imperialismo estadunidense, ao sionismo, está na base da legitimidade do governo. E o Irã vai se colocar como porta-voz desse movimento.

Veja, são parte da resistência islâmica, ou seja, de todos os países, contra o sionismo. Bom, da mesma forma, ainda nos anos 80, aqui no contexto da primeira revolta popular palestina, chamada de Intifada, em 87 é criado o Hamas, que está aqui no centro das discussões até hoje, também um grupo religioso, fundamentalista, e que vai ser apoiado também pelo Irã. E sobretudo no contexto de que, no momento em que a OLP, a gente vai ver, nos anos 90, vai largar em armas e vai se tornar um interlocutor oficial para Israel, justamente o Irã vai apoiar o Hamas em contraposição à perspectiva secular e moderada da OLP.

E aqui eu faço referência ao Parsi, mas essa questão é muito importante. Então o Irã, com isso, ele vai instrumentalizar a causa palestina, o combate ao sionismo, como eixo da sua legitimidade externa. Bom, indo para os anos 90, então, como eu tinha comentado, a guerra do Golfo, então o Irã vai adotar uma neutralidade pragmática, então olha que interessante esse trecho aqui do discurso do Khamenei.

O Saddam é um tirano, mas a presença dos americanos no Golfo é uma ameaça muito maior. Sobre os acordos de Oslo, entre 93 e 95, mediados, como diz o nome, pela Noruega e pelos Estados Unidos, o Bill Clinton, que teve o privilégio de tirar foto ali, um aperto de mãos entre o líder palestino Yasser Arafat e o líder judaico Yitzhak Rabin. Então, os acordos de Oslo, basicamente, em linhas muito gerais, também mereceria uma aula específica.

A OLP, que fazia ações armadas contra israeldeses nos anos 70, vai abdicar da violência, vai se constituir como uma força política sobre o guarda-chuva da Autoridade Nacional Palestina e, em troca, Israel ia se comprometer a reduzir os assentamentos de colonos ilegais pelo direito internacional na Cisjordânia e abrir espaço para a criação de um Estado Palestino.

E a Cisjordânia vai ser dividida em três zonas, uma de controle exclusivo da Autoridade Nacional Palestina, outra, israelense, e outra, misto. O que a gente vai observar, passado aqui, sobre uma matemática de mais de 30 anos, desse acordo, é que Israel cada vez mais aumenta os seus assentamentos, não houve um Estado Palestino e a autoridade palestina está cada vez mais fragilizada.

Então, Khamenei vai atacar os acordos de óleo dizendo que foi uma traição à causa palestina. Então, ele vai dizer aqui que a Palestina não é propriedade de Arafat. Então, o líder da OLP é Yasser Arafat.

A Palestina não é propriedade de Arafat para ser vendida em troca de promessas ocidentais. Bom, anos 2000, vamos lá. Então, não sei se vocês se lembram, eu estava na Faculdade de História, que eu não tranquei para fazer Relações Ocidentais, mas que eu espero concluir, mas vamos lá, 11 de setembro.

Então, Khamenei vai condenar o atentado, vai dizer, nós condenamos o assassinato de inocentes, mas alertamos, essa é a colheita amarga da arrogância imperial. E, consequentemente, depois, a partir da política expansionista unilateral de George W. Bush, que vai culminar na invasão do Afeganistão em 2001 e do Iraque em 2003, o que o Khamenei vai dizer? Os Estados Unidos não vieram para libertar, então, libertar, supostamente libertar, o povo afegão do jugo do Talibã e o povo iraquiano do jugo dictatorial do Saddam Hussein. Os Estados Unidos não vieram para libertar, mas para dominar.

O Irã nunca será cúmplice desse projeto. Então, ainda que criticasse o Iraque, sobretudo, não via com bons olhos a expansão dos Estados Unidos. E, curiosamente, também, reflete um péssimo cálculo geopolítico dos Estados Unidos, a queda do Saddam Hussein vai justamente beneficiar o Irã.

Porque vamos lembrar, o Irã é um país, desculpa, o Iraque é um país de maioria xiita, com uma minoria considerável sunita, e o Saddam Hussein era um governante sunita secular. E no momento que caiu o governo do Iraque, o Irã começou a ter muito mais influência sobre o seu vizinho do que antes. Então, vejam só.

Bom, em relação à primavera árabe, já aqui, os anos 10, anos 10 é divertido, os anos 10 do atual século, então, em relação à primavera árabe, ou seja, então, diante daqueles movimentos populares, indivíduos dos países árabes, iniciado na Tunísia e depois espalhado pelos demais, buscando melhores condições de vida e democracia, a posição do Khamenei foi guiada por três objetivos.

Expandir o eixo da resistência, Hezbollah, Hamas, governo da Síria, enfraquecer os aliados regionais dos Estados Unidos e da Arábia Saudita, Arábia Saudita, veja, grande rival histórico, é o principal país sunita, então, os sítios sagrados, mais sagrados para os muçulmanos sunitas, Medina e Meca estão na Arábia Saudita, é o grande rival e também grande aliado dos Estados Unidos. E, sobretudo, evitar a protesta em casa, evitar que essa primavera árabe chegasse no Irã e virasse uma primavera persa.

Bom, então, o que a gente vai ver? Isso é um ponto interessante, vai mostrar as contradições também do regime. A gente vai ver o que? Uma seletividade ideológica, no sentido de que o governo do Irã vai apoiar os protestos em regimes que são seus inimigos ou que eles não têm uma boa relação, como no caso do Bahrein, que é um país de maioria xita, governado por uma monarquia sunita, aliada à Arábia Saudita dos Estados Unidos, Egito, um governo secular aliado aos Estados Unidos, governo da Líbia, então, todos esses vão apoiar, enquanto que no Iraque, na própria Síria, sobretudo na Síria, vai ter um silêncio.

Vai haver, em relação à invasão, invasão não, o bombardeio ocidental liderado pelo OTAN na Líbia, uma crítica? Não há interesse humanitário? Ou seja, então, no contexto de que o governo do Gaddafi estava ali, que já estava no poder desde 1969, massacrando as pessoas que estavam pedindo por melhores condições de vida e democracia, a ONU vai autorizar o uso de todos os meios para impedir essa violação de direitos humanos.

O Khamenei vai dizer que não há interesse humanitário, apenas o velho colonialismo com a nova máscara. E o que? Mais uma vez, o discurso político é narrativo. Reinterpretação da Primavera Árabe como um despertar islâmico.

Então, olha que interessante. Esses levantes são inspirados pelo exemplo do Irã. Olha só que bom, que conveniente.

O povo árabe está rejeitando o domínio dos Estados Unidos e do sionismo, como fizemos em 79. Ou seja, então, mais uma tentativa de trazer o papel da liderança, da hegemonia para si. Bom, mais recentemente ainda, em relação ao programa nuclear, que é, pelo menos oficialmente, o motivo do atual confronto entre Irã e Israel e os Estados Unidos.

Mas aí, obviamente, a gente tem que voltar um pouquinho, e mais uma vez as contradições dos Estados Unidos. Então, o programa nuclear vai ser iniciado com o apoio dos Estados Unidos. Olha, puxa.

Nos anos 50, na época do governo Dusha. E justamente a Revolução Islâmica vai interromper esse programa nuclear. Nos anos 70, o Irã, ao contrário de Israel, vai aderir ao TNP, Tratado de Não Proliferação Nuclear, e desde então vai argumentar com esse programa nuclear para fins pacíficos.

O programa nuclear é retomado nos anos 90, e isso aqui é muito interessante, porque também é pouco comentado no chamado Ocidente, né? E o Khamenei, na condição de líder supremo, ele vai emitir um fatwa, ou seja, um decreto religioso, proibindo o uso de armas nucleares. E a partir dos anos 2000, que a gente vai ter uma série de sanções da ONU, Estados Unidos, União Europeia, Israel, Canadá, Austrália e Japão, contra o Irã, no sentido de que acusam o Irã de ter uma retórica que o programa nuclear é pacífico, mas na verdade que eles estariam buscando a bomba atômica. E aqui o trecho do fatwa.

Estamos contrários à posse de armas de destruição em massa. Consideramos o uso dessas armas como haram, ou seja, algo proibido pelo Islã. E acreditamos que é dever de todos usar todos os meios para protegê-los contra essa ameaça.

Então tem isso. O próprio líder supremo diz que armas nucleares são contra a natureza do Islã. A gente vai ter um breve período de redução das hostilidades e tensões no governo Obama, que vai ser o acordo JCPO, que vai aliviar muito as sanções e permitir a retomada das inspeções.

Do programa nuclear pela agência internacional, a EA. E olha que interessante essa frase aqui, quase que profética do Khamenei. Não confiamos nos Estados Unidos.

Se quebrarem o acordo, nossa resposta será forte e imediata. Isso Khamenei em 2015. Em 2018 o que acontece? Os Estados Unidos saem do acordo.

O TREP retira os Estados Unidos do acordo e as tensões voltam. Bom, e aí o evento-chave agora vai ser a atual guerra entre Israel. Primeiramente entre Israel e a Palestina e depois vai se expandir para a região.

Então vai começar, como você sabe, com os ataques terroristas do Hamas de 7 de outubro. Então está ali ilustrando no mapa. Vai invadir uma série de pontos do território israelense e vai assassinar sobretudo civis e trazendo centenas de reféns israelenses para Gaza. Então a expectativa não, a estimativa é que em torno de 1.200 pessoas morreram, entre elas a maioria civis.

E lógico, é sempre importante contextualizar que desde que o Hamas assumiu o poder, primeiramente de forma democrática, eleição em 2005 e depois foi se tornando cada vez mais autoritário, Israel implementa um bloqueio total à região, ou seja, então bloqueio aéreo, marítimo e terrestre, ou seja, Israel controla tudo que chega e sai em Gaza e de acordo com a própria ONU, esse bloqueio, veja o dado que eu vou dizer antes da invasão de 2023, antes, início de 2023, naquele momento, por causa do bloqueio sobretudo, Gaza vive uma situação de tragédia humanitária, com a maior parte da população dependente de ajuda humanitária para sobreviver.

Feito essa contextualização, e a minha crítica de que não se pode atacar civis, essa é a crítica que eu faço ao Hamas e ao governo de Israel, civis não podem ser alvos, dito isso, Israel vai responder, obviamente, e sempre importante dizer para o atual governo, a guerra é muito boa, o governo Netanyahu sofre uma série de processos na justiça de Israel, e não é exagero dizer que no momento que ele deixa de ser primeiro-ministro e perde o seu foro privilegiado, ele corre um grande risco de ir para a cadeia.

Então, para ele é importante permanecer no poder e a atual coalizão israelense é a mais à direita da história de Israel. Então, para agradar essa base também, ele precisa continuar fazendo a guerra. Então, vai invadir Gaza e vai gerar a guerra que a gente está vendo até hoje, com pelo menos 60 mil palestinos mortos, quase 90% deslocados internos, uma situação dramática e de genocídio, e agora o Netanyahu falando com o Trump da ideia de remover as pessoas de Gaza, complementando com uma limpeza étnica, muito lamentável.

O que o Kamenei vai dizer sobre o 7 de outubro? O ataque de ontem foi uma resposta à opressão contínua. Isso é o resultado do que o regime sionista tem feito nos últimos anos, especialmente nos últimos meses. Ou seja, vai apoiar a ação terrorista do Hamas.

Pouco tempo depois, em solidariedade com o Hezbollah, apoiado, criado pelo Irã no Líbano, vai atacar a Israel e vice-versa. Então, aqui um infográfico da Algezira, destacando em azul os ataques de Israel no Líbano e em laranja os ataques do Hezbollah em Israel. Então, esse conflito específico aqui, que já, infelizmente, se encerrou, vai gerar cerca de 646 mortes de libaneses e 32 israelenses.

Mas, veja, não foi só isso. Então, conflito Israel e Líbano, Israel e Gaza. Também a Israel começou a fazer ataques contra posições iranianas na Síria e no Iraque.

Então, veja, Síria e no Iraque. E também, veja, vou botar aqui um dos objetivos. Na Primavera Árabe, era o quê? Expandir o eixo da resistência.

Isso aqui o Irã conseguiu, porque eles vão começar a apoiar, no contexto da Primavera Árabe no Iêmen, um grupo tribal local, os Houthis, também vinculados ao xiísmo, que vai lutar contra o governo secular aliado à Arábia Saudita. Então, vai gerar uma guerra civil, muito sanguinária, que vai envolver outros grupos também, como a própria Al-Qaeda e o Estado Islâmico. E, a partir de 2015, uma coalizão liderada por Arábia Saudita vai começar a bombardear os Houthis, tentando manter o governo que era seu aliado.

Os Houthis, em resposta, vão atacar a Arábia Saudita, através de drones, ataques menores no Emirado dos Árabes Unidos, e vão começar também a atacar Israel, em solidariedade ao ataque ofensivo israelense em Gaza. Só que, lógico, os ataques dos Houthis, veja até pela distância, em Israel são meramente simbólicos, porque não tem tanta estrutura militar, e Israel conta com, talvez, o sistema mais avançado, se não, certamente, tem entre os mais avançados sistemas de defesa aérea, que é o domo de ferro, que tenta abater os mísseis quando são lançados no seu território. Mas, o Iêmen vem também atacando embarcações ocidentais israelenses que passam aqui pelo Mar Vermelho.

E aí nós chegamos, né? Então, na atualidade, antes, em 2024, tinha havido uma troca de ataques entre Israel e Irã, o que foi a primeira vez que aconteceu, em território iraniano. Israel atacando diretamente o Irã, o Irã atacando diretamente o Israel, e agora, que ficou conhecida como a Guerra dos Doze Dias. E aqui, duas imagens, sempre destacando que, por mais cirúrgicos que sejam os ataques, que se digam que duas casas de civis, o Irã e o Israel, eles sempre tendem a atacar, atacar não, eles sempre tendem a vitimar e, muitas vezes, atacar civis.

Então, o que a gente vai ver? Então, agora, recentemente, no mês passado, uma guerra de doze dias, direto, entre Israel vai justificar o seu ataque ao Irã, que o Irã estava próximo de construir uma bomba atômica, aquela história toda, e vai fazer, vai atacar, sobretudo, usinas nucleares, mas também algos civis no Irã. O que vai chamar a atenção é que, pouco tempo depois, os Estados Unidos também, apoiando Israel, atacaram, fizeram ataques contra instalações nucleares. E aí fica a guerra de narrativas.

Então, os Estados Unidos e Israel dizendo que destruíram muito, atrasaram em décadas o programa nuclear iraniano e o governo do Irã dizendo que atrasou pouco.

Pra gente encerrar, trazendo mais uma vez a perspectiva do Khamenei, o objeto de nossa aula, sobre justamente esses eventos, os ataques de Israel e dos Estados Unidos ao território pérsico. Então, o que ele vai dizer? Ele quer parabenizar a grande nação iraniana.

Primeiramente, parabéns pela vitória contra o regime falacioso sionista. A despeito de todo o barulho e reivindicações, o regime sionista quase foi destruído sob os golpes da República Islâmica. Deu uma exagerada, né? O regime americano se envolveu diretamente na guerra, convencido que sua recusa em intervir poderia levar a uma completa destruição do regime sionista.

Eles entraram na guerra em um esforço para salvar o regime sionista, mas não ganharam nada. Então, quem tiver interesse, depois eu posso disponibilizar, é um minuto e meio, traduzido para o inglês, o vídeo do Khamenei falando, transmitido pela Al Jazeera. E aqui, só para a gente ter o quantitativo, então aqui o TRT é uma agência turca.

Tive a oportunidade de morar cerca de um ano na Turquia, um país muito interessante durante a média. Mas vamos lá, então, mortos 585 no Irã, feridos 1.300 em Israel, sempre um número menor, 24 mortos e 592 feridos. Bueno, para vocês não desistirem de tudo aqui, e puderem falar, encerrando.

Então, Khamenei vai atuar como eixo ideológico da política interna e, sobretudo, política externa do Irã, através de três eixos, o antiimperialismo ocidental, um apoio ao que eles chamam resistência contra o regime sionista, Hamas, Hezbollah e, mais recentemente, os Houthis, e os três, em guerra contra Israel, e defesa da revolução através da censura e da repressão. Então, o que a gente pode concluir do Khamenei? Um estrategista discreto, possui um carisma religioso, um grande conhecimento da máquina pública, um controle institucional e um pragmatismo.

E, nos seus 86 anos, a questão da sua sucessão permanece aberta e sensível, e o fato de ele estar com 86 anos e não se apontar ainda a um possível sucessor, pode indicar divisões na cúpula do poder.

Bom, então, aqui, o olhar da arte sobre o tema. Sugiro esse documentário, ele é bem curtinho, acho que tem em torno de 30 minutos, da BBC, sobre o Khamenei, muito interessante, e o filme aqui do meu diretor iraniano preferido, o Abbas Karostami, e digo, pessoal, olha, o cinema iraniano é um dos melhores do mundo, é muito bom. Aqui é a obra Ten, e veja, todo esse filme é gravado dentro de um carro, que uma mulher iraniana fica dando carona para diversas pessoas que vão, por sua vez, representar os diferentes segmentos da sociedade iraniana, e apenas duas câmeras.

Espetacular. Abbas Karostami. Fica a sugestão para vocês assistirem.

Aqui está a minha bibliografia, e muitíssimo obrigado. Bom, a Amanda faz o comentário, tem um livro chamado Lobby da Morte, que fala sobre a política de defesa do Iraque. Tem uma frase do Saddam afirmando que a guerra iraniana só continuava porque era interessante para os Estados Unidos.

Com certeza. E, sobretudo, interessante para os Estados Unidos por dois motivos, Amanda. Primeiro, porque estava ali combatendo um inimigo dos Estados Unidos, que é o Irã, e o velho setor de sempre, a indústria de armas.

Então, estava ganhando bastante dinheiro, movimentando bastante a indústria armamentista dos Estados Unidos. O próprio Brasil, ainda em finais de ditadura, também se beneficiou muito. A Embraer vendeu aviões para o Iraque, o Brasil vendeu muitos armamentos para o Iraque e, em menor medida, para o próprio Irã.

Ali, a Erin falando, é o meu cinema número um, meu diretor número um. Sim, o Abbas Karostami é espetacular. E, sobretudo, porque ele faz cinema, é um cinema autoral, é um cinema artístico, altamente reflexivo.

Olha, tem filmes espetaculares. E, nos últimos anos, ele começou a, digamos, não ficar mais mainstream, mas trabalhar com grandes atores ocidentais, o que não impediu a qualidade dos seus filmes. Faço com outra sugestão, um dos meus filmes preferidos, chama-se Cópia Fiel, Cópia Conforme, em português de Portugal, que é com a Juliette Binoche.

É filmado toda na região de Toscana, na Itália. Muito bom. Aqui o Eduardo Taques.

Muito boa aula, muito obrigado. Pode falar mais sobre o elo que mantém unido o eixo China-Rússia-Irã. Esse eixo é meramente movido pelo anti-americanismo.

Eduardo, muito obrigado pela sua pergunta, muito importante e pertinente. Pertinente porque, enfim, não tive o tempo de falar sobre essas potências extra-regionais, sobretudo a Rússia. E a China.

Então, o que vai acontecer? O que está acontecendo com o Irã, acontece com o Irã desde os anos 2000, é o que vem acontecendo com a Rússia, sobretudo a partir de 2022, na invasão na Ucrânia. Ou seja, há sanções. Ou seja, o Irã sancionado pelo Ocidente vai, de certa forma, empurrar ele para a China e para a Rússia.

Da mesma forma que as sanções do Ocidente estão empurrando a Rússia para a China. Por quê? Porque eles conseguem fazer comércio não em dólar com a China. A China tem um mercado consumidor gigantesco, também é um mercado exportador muito forte.

No caso da Rússia, o Irã coopera militarmente com a Rússia. Então, parte dos drones que a Rússia vem utilizando na Ucrânia são iranianos. Agora, teve recentemente a entrada do Irã nos BRICS.

Então, esse eixo… Só que, lógico, são relações internacionais. Então, é o realismo. A China e a Rússia estão apoiando o Irã porque também veem o Irã como algo interessante.

O que vai ser interessante para a Rússia, mais claramente do que para a China, mas para ambos, é que o Irã faz um contrapeso. O Irã dá uma incomodada nos Estados Unidos, na região, o que é muito interessante para a China e a Rússia. Outra, o Irã é um dos maiores… Possui uma das maiores reservas de petróleo e gás do mundo.

Mas olha que interessante. Mas, por causa das sanções, ele não está entre os dez mais que vendem petróleo e gás. E o Irã também precisa dos mercados da China e da Rússia, sobretudo da China, para poder vender as suas mercadorias, sobretudo seu petróleo e seu gás.

Vamos ver aqui o comentário da Terezinha. O programa nuclear iraniano é uma demonstração de resistência ideológica ou uma ferramenta estratégica de negociação? Excelente questão, Terezinha. Eu acho que, na verdade, as duas coisas.

As duas coisas. E veja, comentei antes, um dos pilares da revolução iraniana que o Khamenei vai manter é a ideia de soberania, de orgulho pelo nosso país. Algo que, trazendo para a realidade brasileira, que para nós é difícil.

A gente tem um complexo de vira-lata muito forte. Então, agora, quando o governo dos EUA, em solidariedade ao ex-presidente, impõe tarifas de 50%, o que é uma afronta ao Brasil, que vai contra os interesses brasileiros, parte da sociedade aplaude. Sendo que isso vai contra os interesses nacionais.

No Irã, por toda sua história, por ter sido um império, etc., eles têm um sentimento de nação, de unidade muito forte. E também veja… Lógico, o que vou dizer agora está mudando nas últimas décadas para toda a questão da sustentabilidade, mudanças climáticas. Mas, durante muito tempo, a energia nuclear era vista como um meio para alcançar o progresso econômico.

A energia nuclear pode ter vários usos. Ela pode servir como energia mesmo, alternativa, eólica, elétrica, etc., mas também para fazer pesquisa em radiologia, na área da medicina. Então, ela tem um grande potencial.

Então, eu acho que são as duas coisas. É no sentido de manter o programa, ainda que eles afirmem que não seja para ter armas nucleares, ou seja, manter a autonomia. Ninguém do exterior vai dizer o que o Irã deve fazer.

Estou tentando imaginar como o Khamenei responderia a sua questão. E também uma ferramenta de negociação. É importante dizer que o acordo que foi firmado em 2015, quem sabotou o acordo e quem melou o acordo foi os Estados Unidos.

O Irã queria, até porque estava sentindo muito as sanções, que é um outro debate à parte. Essas sanções são contra o governo, mas acabam sempre prejudicando a população mais pobre. E a própria lógica das sanções não se aplica a países não-democráticos, como é o caso da Rússia e do Irã.

Porque qual é a lógica das sanções? Você vai sancionar o país, vai sancionar as elites, isso vai gerar uma insatisfação popular e as pessoas vão protestar contra o governo para que ele mude da política e saia das sanções ou para queda do governo. Isso não ocorre em países não-democráticos porque os protestos vão ser reprimidos. Então eu acho que é tanto uma questão de soberania quanto uma ferramenta de negociação.

E veja, e olha que paradoxal o que eu vou dizer, a minha leitura do ataque de Israel. Israel está atacando o Irã para impedir abertamente que o Irã tenha armas de destruição em massa. E veja, o que o ataque do Irã e dos Estados Unidos, e que totalmente ilegal em termos de direito internacional, guerra preventiva, ela não é validada pela carta da ONU, o que esse ataque mostrou? Que o único bom… Olha só, esse ataque de Israel e dos Estados Unidos ao Irã mostra que a única chance do Irã não ser atacado é ele ter a bomba atômica.

Porque no momento que tu tem a bomba atômica tu não é mais atacado. Por que ninguém ataca a Coreia do Norte? Que é de longe, de longe, o regime mais opressivo. E se tem um regime totalitário na atualidade a gente pode falar que é a Coreia do Norte.

Porque provavelmente tem a bomba atômica, ninguém quer pagar o preço. Então, o que está passando na cabeça das lideranças do Irã? Bom, a gente precisa ter essa bomba atômica, né? Porque senão vão me atacar e vão derrubar o meu regime. Carlos César Martins, fã dos Três Reis, é muito bom.

Os Três Reis é um filme iraniano, Carlos? Eu não desconheço. E também faço aqui o convite para vocês se inscreverem no nosso canal. Então, Sala de Estratégia, Revista de Relações Exteriores.

Toda quinta-feira, três da tarde, temos o bate-papo comigo, com o Guilherme e com a Lívia sobre os principais temas internacionais. Eu estava brincando com eles, né? Poxa, eu queria falar alguma coisa que não seja do Trump. Porque o Trump consegue dominar a agenda, é uma coisa impressionante.

Então, é tarifaço, deu os ataques no Irã, né? Só que é incrível, né? E é uma dificuldade muito grande nós, analistas da própria imprensa, não falar do Trump. Então, enfim, espero que aconteça alguma coisa que não seja boa para a gente não ter que falar de Trump de novo no episódio na quinta. Vamos ver a Ellen.

Acredito que tenha sido o Khamenei, ou um ex-presidente iraniano, dos dois últimos, que disse que o Irã já viu muitos impérios passarem. Isso é completamente verdade. Exato, né? O problema é que nós, aqui do Ocidente, a história que a gente estuda é a história do Ocidente.

Eu sempre brinco, né? Que a gente estuda feudalismo no colégio. Cara, feudalismo só ocorreu na Europa. A gente não estuda nada do Irã, nada da China, a Rússia, só a Revolução Russa.

O que eu quero dizer? Porque há uma série de impérios, desde a época bíblica, Ciro o Grande, impérios sassanes, um monte de impérios muito importantes e influentes que rivalizaram, por exemplo, com a Grécia, por exemplo, né? E aí, sugestão de fim. Mas aqui, bem o rolho de anos, não é um império estereotipado, bem contra o mal, né? Os iranianos, os persas, mas é o símbolo do 300. Então, império grego, espartano, contra os persas.

Então, enfim, é uma sociedade muito orgulhosa do seu passado, da sua nação. Acho que isso é uma coisa que o Brasil poderia ter, né? Um pouquinho de nacionalismo. Carlos dizendo se o Irã fosse um campo de flores, seria atacado para não ter abelhas, mas ser atacado sem motivo.

Pois é, e é sempre aquela contradição, né? Então, o Irã tem um regime tão autoritário quanto a Arábia Saudita. Possivelmente a Arábia Saudita é mais autoritária. Mas, às vezes, não critica a Arábia Saudita, vai lá dar um rolê na Arábia Saudita porque é aliado deles, né? Então, o problema, pra mim, é os dois pesos e duas medidas.

Bom, meus caros e minhas caras, produção gloriosa Giovanna, sei se uma hora e quinze já está bom, como é que fazemos? Mais alguma pergunta? Acho que é isso, então. Ah, o Carlos aqui colocando Três Reis, filme americano que faz uma crítica à invasão do Iraque. Ótimo.

Adoro sugestão de filmes, vou procurar. Então, pessoal, acredito que seja isso. Então, primeira aula da minha pessoa, mas também teremos, né, igualmente ou melhores, com o professor Guilherme e com a professora Lívia.

Então, a série Líderes Mundiais. Foi um prazer dar essa aula pra vocês. Espero que tenham aprendido.

Eu aprendi com vocês. E é isso, pessoal. Tudo de bom e até mais.

Tchau, tchau.

Ali Khamenei - Irã entre Dogma & Estratégia | Líderes Mundiais | Aula 2 1
+ posts

Publicações da Revista Relações Exteriores - análises e entrevistas sobre política externa e política internacional.

Adicionar um comentário Adicionar um comentário

Deixe um comentário

Post Anterior
BR Donald Trump - A Política Externa como Espetáculo | Líderes Mundiais | Aula 1

Donald Trump - A Política Externa como Espetáculo | Líderes Mundiais | Aula 1

Advertisement