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Experienciar eventos climáticos extremos não é suficiente para mudar opiniões sobre ação climática, mostra estudo
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Experienciar eventos climáticos extremos não é suficiente para mudar opiniões sobre ação climática, mostra estudo

Foto por NASA. Via Wikicommons. (Domínio Público)

As mudanças climáticas tornaram eventos climáticos extremos como incêndios florestais e enchentes mais frequentes e prováveis nos últimos anos, e a tendência é que isso continue. Esses eventos levaram a mortes humanas e animais, prejudicaram a saúde física e mental, e danificaram propriedades e infraestruturas.

Será que a experiência direta com esses eventos muda como as pessoas pensam e agem em relação às mudanças climáticas, fazendo com que pareçam imediatas e locais em vez de um problema distante ou futuro?

Até agora, a pesquisa apresentou um quadro misto. Alguns estudos sugerem que passar por eventos climáticos extremos pode tornar as pessoas mais propensas a acreditar nas mudanças climáticas, se preocupar com elas, apoiar políticas climáticas e votar em partidos verdes. Mas outros estudos não encontraram efeitos significativos nas crenças, preocupações ou comportamentos das pessoas.

Uma nova pesquisa, liderada por Viktoria Cologna da ETH Zurich, na Suíça, pode ajudar a explicar o que está acontecendo. Usando dados de todo o mundo, o estudo sugere que a simples exposição a eventos climáticos extremos não afeta a visão das pessoas sobre a ação climática — mas fazer a ligação entre esses eventos e as mudanças climáticas pode fazer uma grande diferença.

Opinião global, clima global

O novo estudo, publicado na Nature Climate Change, analisou a relação entre eventos climáticos extremos e opinião pública usando dois conjuntos de dados globais.

O primeiro é a pesquisa Trust in Science and Science-related Populism (TISP), que inclui respostas de mais de 70.000 pessoas em 68 países. Ela mede o apoio público a políticas climáticas e até que ponto as pessoas acreditam que as mudanças climáticas estão por trás do aumento de eventos extremos.

O segundo conjunto de dados estima quantas pessoas em cada país foram afetadas anualmente por eventos como secas, enchentes, ondas de calor e tempestades. Essas estimativas são baseadas em modelos detalhados e registros climáticos históricos.

Apoio público a políticas climáticas

A pesquisa mediu o apoio público a políticas climáticas perguntando às pessoas o quanto elas apoiavam cinco ações específicas para reduzir emissões de carbono. Essas incluíam aumentar impostos sobre carbono, melhorar o transporte público, usar mais energia renovável, proteger florestas e terras, e taxar alimentos com alta pegada de carbono.

As respostas variaram de 1 (nada) a 3 (muito). Em média, o apoio foi relativamente forte, com uma pontuação média de 2,37 nas cinco políticas. O apoio foi especialmente alto em partes do Sul da Ásia, África, Américas e Oceania, mas mais baixo em países como Rússia, República Tcheca e Etiópia.

(Apoio público em todos os países para uma série de políticas de mitigação climática)

Exposição a eventos climáticos extremos

O estudo descobriu que a maioria das pessoas ao redor do mundo já experimentou ondas de calor e chuvas intensas nas últimas décadas. Incêndios florestais afetaram menos pessoas em muitos países da Europa e América do Norte, mas foram mais comuns em partes da Ásia, África e América Latina.

Ciclones impactaram principalmente América do Norte e Ásia, enquanto secas afetaram grandes populações na Ásia, América Latina e África. Enchentes fluviais foram generalizadas na maioria das regiões, exceto na Oceania.

As pessoas em países com maior exposição a eventos extremos apoiam mais políticas climáticas? Este estudo descobriu que não.

Na maioria dos casos, viver em um país onde mais pessoas são expostas a desastres não se refletiu em maior apoio à ação climática.

Incêndios florestais foram a única exceção. Países com maior exposição a incêndios mostraram um apoio ligeiramente maior, mas essa ligação desapareceu quando fatores como tamanho do território e crença geral no clima foram considerados.

Em resumo, apenas experimentar mais desastres não parece se traduzir em maior apoio a esforços de mitigação.

(Percentagem média de populações nacionais expostas a riscos relacionados com o clima nas últimas décadas)

Percebendo a ligação entre clima e mudanças climáticas

Na pesquisa global, as pessoas foram questionadas sobre o quanto elas acreditam que as mudanças climáticas aumentaram o impacto de eventos extremos nas últimas décadas. Em média, as respostas foram moderadamente altas (3,8 em 5), sugerindo que muitas pessoas realmente associam eventos recentes às mudanças climáticas.

Essa associação foi especialmente forte na América Latina, mas mais baixa em partes da África (como Congo e Etiópia) e do Norte da Europa (como Finlândia e Noruega).

Crucialmente, pessoas que acreditavam mais fortemente que as mudanças climáticas pioraram esses eventos também eram mais propensas a apoiar políticas climáticas. Na verdade, essa crença foi mais importante para o apoio a políticas do que a experiência direta com os eventos.

(Classificações médias da influência percebida das mudanças climáticas em eventos climáticos extremos)

O que este estudo nos diz?

Embora o apoio público a políticas climáticas seja relativamente alto em todo o mundo, é necessário ainda mais apoio para introduzir medidas mais fortes e ambiciosas. Pode parecer razoável esperar que sentir os efeitos das mudanças climáticas leve as pessoas a agir, mas este estudo sugere que isso nem sempre acontece.

Pesquisas anteriores mostram que eventos menos dramáticos e crônicos, como anomalias de precipitação ou temperatura, têm menos influência na opinião pública do que perigos mais agudos, como enchentes ou incêndios florestais. Mesmo assim, a influência sobre crenças e comportamentos tende a ser lenta e limitada.

Este estudo mostra que os impactos climáticos por si só podem não mudar mentes. No entanto, também destaca o que pode afetar o pensamento público: ajudar as pessoas a reconhecer a ligação entre mudanças climáticas e eventos extremos.

Em países como a Austrália, as mudanças climáticas representam apenas cerca de 1% da cobertura da mídia. Além disso, a maior parte da cobertura se concentra em aspectos sociais ou políticos, em vez de impactos científicos, ecológicos ou econômicos.

Muitas reportagens sobre desastres ligados às mudanças climáticas também deixam de mencionar essa ligação, ou mesmo mencionar as mudanças climáticas. Tornar essas conexões mais claras pode incentivar um apoio público mais forte à ação climática.

Texto traduzido do artigo Experiencing extreme weather and disasters is not enough to change views on climate action, study shows, de Omid Ghasemi, publicado por The Conversation sob a licença Creative Commons Attribution 3.0. Leia o original em: The Conversation.

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