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A invasão americana no Iraque sob a ótica realista

Soldados do Exército dos EUA em um tiroteio perto de Al Doura, Bagdá | Foto: Exército dos EUA para o Governo federal estadunidense

O presente estudo tem como foco evidenciar, sob a ótica realista, os motivos que levaram a principal potência mundial pós-Guerra Fria, os Estados Unidos, a invadirem o Iraque, liderado pelo seu então presidente Saddam Hussein. Dessa maneira, o artigo pretende fazer uma análise retrospectiva mostrando que, em realidade, a invasão ao Iraque em 2003 foi uma consequência de acontecimentos mal resolvidos no passado por esses dois países.

Os diferentes níveis de análise (individual, a nível de Estado e do sistema internacional) serão essenciais para que se possa compreender o ambiente mundial da década anterior ao conflito, bem como as motivações e os argumentos utilizados pelos norte-americanos para o início da invasão. Em seguida, analisar-se-á o conflito sob uma ótica baseada na Teoria Realista das Relações Internacionais.Vale lembrar que os dois países nem sempre estiveram em lados opostos, como em 1980 na chamada guerra Irã-Iraque, sobre a qual se discutirá suas causas e consequências. Deve-se ressaltar também que tropas americanas já haviam atacado o Iraque, com apoio de aliados ocidentais na década de 1990, naquela que ficou conhecida como a Primeira Guerra do Golfo.

Guerra Irã-Iraque

Em 1980 tem-se início a chamada guerra Irã-Iraque, uma batalha sangrenta com duração de 8 anos. Um de seus beligerantes, o Irã, era até o final dos anos de 1970 um dos maiores aliados dos americanos no Oriente Médio, devido, dentre outros fatores, à interesses estratégicos dos EUA, bem como por possuir grandes reservas de petróleo[i]. Em 1979 o país sofre uma revolução islâmica, que tem por consequência a queda do então governo pró-Ocidente do xá Reza Pahlavi e o posterior rompimento das relações diplomáticas entre os dois países, visto que quem assume o governo de Tehran são teocratas fundamentalistas Xiitas, os quais faziam críticas abertas ao Estados Unidos sob a alegação de que os americanos alteravam os valores islâmicos[ii].

Para compensar a perda do aliado no Oriente Médio, os Estados Unidos se aproximaram do país vizinho ao Irã, o Iraque, onde o jovem vice-presidente havia tomado o poder recentemente. Esse jovem chamado Saddam Hussein foi inicialmente considerado pelos americanos como um possível aliado no Oriente Médio[iii]. Com o apoio principalmente dos Estado Unidos e de outras nações do Oriente Médio, o Iraque começa uma guerra com o Irã. Estima-se que tal conflito resultou na morte de aproximadamente 700 mil pessoas, dentre os quais 100 mil civis[iv]. Apesar do alto número de baixas do conflito, ao final da guerra as fronteiras entre os dois países permaneceram inalteradas. Analisando tal confronto, pode-se observar, utilizando uma ótica realista, que os Estados Unidos agiram representando seus próprios interesses ao manipular as partes diretamente envolvidas no embate, procurando maximizar seus ganhos e minimizar suas perdas.

Guerra do Golfo

Os Estados Unidos e o Iraque começaram seus primeiros atritos – que logo depois os levariam ao conflito armado – em 1990, quando o então presidente iraquiano ordenou as tropas iraquianas a ocuparem o Kuwait, um pequeno país fronteiriço situado no Golfo Pérsico[i]. Bagdá alegava que o Kuwait estaria vendendo petróleo mais barato para algumas potências ocidentais, ocasionando um prejuízo para o governo iraquiano. Sob essa alegação, o Iraque se sentiu prejudicado, passando a afirmar que o Kuwait estaria em dívida com país. Em 02 agosto de 1990 tropas iraquianas invadem o território kuaitiano e, alguns dias depois, Saddam Hussein declara que o Kuwait passou a ser 19° província iraquiana.

Saddam Hussein desejava ampliar seu poder e influência no Oriente Médio, tendo em vista as vastas reservas petrolíferas presentes no Kuwait, as quais poderiam auxiliá-lo em seu plano de tornar o Iraque em uma potência local. Contudo a invasão ao Kuwait fez com que os países ocidentais se sentissem afrontados, pois as potências industriais do ocidente eram dependentes do petróleo dessa região e a anexação kuaitiana pelo Iraque prejudicou a produção e extração dessa commodity, tendo como resultado um drástico aumento em seu valor. Ao entrar em cena, a Organização das Nações Unidas (ONU) decreta um bloqueio econômico ao Iraque, proibindo o país de vender e comprar vários bens no comércio internacional. Vale lembrar que o Iraque vinha de uma guerra com o Irã, encontrando-se endividado e com seu parque industrial comprometido, sendo a maior parte de seus bens industrializados importados

Após uma série de encontros diplomáticos, resoluções e tentativas de se evitar um conflito armado, todas infrutíferas, tem-se início em 17 de janeiro de 1991 a Operação Tempestade no Deserto, onde os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional, composta não somente das principais potências ocidentais, mas também de aliados árabes como a Arábia Saudita e Egito, objetivando liberar o Kuwait das tropas iraquianas. Essa coalização, sendo muito superior em número de soldados e em armamentos ao exército iraquiano, enviou milhares de combatentes, aviões e navios[ii], não podendo Saddam evitar sua derrota.

Como resultado desse conflito, o Iraque foi praticamente excluído da comunidade internacional durante a década de 1990, sofrendo um bloqueio econômico, tendo uma zona de exclusão aérea imposta em seu território e sofrendo eventuais bombardeios americanos ao longo dos próximos dez anos. Entretanto tais sanções não impediram que Hussein bombardeasse seu próprio povo, especialmente nas regiões majoritariamente habitadas por xiitas e curdos, e perseguisse dissidentes e aqueles percebidos como hostis ao governo central. As graves violações aos direitos do povo iraquiano e às normas do direito internacional[iii], o regime totalitário de Saddam Hussein (contrário aos valores democráticos pregados pelos EUA) e a falha do governo iraquiano em destruir seu arsenal militar levaram à aprovação pelo Congresso americano do Iraq Liberation Act of 1998, que fez com que a remoção de Saddam Hussein do poder passasse a ser um dos objetivos oficiais da Política Externa norte-americana[iv]. A eleição de George W. Bush no ano 2000[v] e, principalmente, os atentados terroristas de Nova York em 11 de setembro de 2001[vi] agiram como catalisadores para um novo conflito armado entre os EUA e o país árabe.

Níveis de Análise – Invasão Norte-Americana ao Iraque em 2003

Ao analisarmos o envolvimento dos Estados Unidos da América, juntamente com alguns de seus aliados ocidentais, na Invasão ao Iraque em 2003, e na subsequente guerra iniciada no país árabe, podemos observar vários princípios da teoria realista nas Relações Internacionais. Em um primeiro momento, podemos analisar tal conflito a partir de níveis de análise.

A invasão americana no Iraque sob a ótica realista 3
Fonte: O próprio autor

Nível individual:

  • George W. Bush tinha pretensões de depor Saddam Hussein, fazendo o que seu pai não fora capaz de fazer na primeira Guerra do Golfo[i];
  • George W. Bush, incentivado pelo lobby da indústria petrolífera, tinha interesse na queda do regime de Saddam Hussein;
  • Saddam Hussein governava o Iraque com mão de ferro – aniquilava seus opositores e constantemente violava os direitos humanos do povo iraquiano.

Nível de Estado:

  • O Iraque, sendo integrante do chamado “Eixo do mal”, representava uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos;
  • Países do Golfo Pérsico, como Arábia Saudita e Kuwait, também se sentiam ameaçados pelo Iraque;
  • Os Estados Unidos possuíam interesses econômicos nas vastas reservas iraquianas de petróleo;
  • A “excepcionalidade norte-americana” dava ao governo dos EUA a justificativa para que eles levassem os seus valores de liberdade, democracia e economia de livre-mercado a um povo oprimido como o iraquiano;
  • O lobby pró-Israel no Congresso Americano – em especial dentro do Partido Republicano – pressionava o governo dos EUA para que este depusesse Saddam Hussein, visto como hostil à existência de Israel[ii];
  • O Iraque, segundo o governo americano de então, além de possuir armas de destruição em massa, também dava guarida e apoio a grupos terroristas em seu território.

Nível Internacional:

  • Após os ataques de 11 de setembro de 2001 pairava sobre os países ocidentais e seus aliados um espectro de insegurança, representado principalmente por grupos terroristas islâmicos;
  • A unipolaridade vigente na geopolítica internacional dava condições aos EUA para que estes invadissem um país estrangeiro caso se sentissem ameaçados – ainda que não contassem com o respaldo da ONU.

A Invasão do Iraque sob uma ótica realista

A teoria do realismo afirma que os Estados são os principais atores nas relações internacionais e que, devido à ausência de uma autoridade central acima daquela das nações, a política a nível mundial é anárquica e que cada Estado, tendo como objetivo principal a sua própria continuidade enquanto nação soberana, deve buscar formas de garantir sua segurança. O realismo, contudo, não é uma teoria unificada; existem vertentes dentro do realismo que diferem entre si quanto a explicação do porquê, além do mais a forma que os Estados buscam aumentar seu poder e sua própria segurança. Entretanto, apesar de tais diferenças, podemos considerar que todos os tipos de realismo possuem três elementos centrais comuns: o Estatismo, a sobrevivência e a autoajuda. E esses três elementos podem ser claramente observados no conflito iraquiano.

O Estatismo advoga que o Estado é um representante legítimo da vontade coletiva de um povo. Entretanto, essa legitimidade permite que um Estado exerça sua soberania apenas dentro de suas fronteiras, em sua política doméstica. Internacionalmente o que impera é uma anarquia, no sentido de que não há uma autoridade central supranacional, o que leva a cada Estado a considerar a si próprio como autoridade máxima e, dessa forma, como único responsável por sua sobrevivência. Podemos, a partir dessa perspectiva, analisar a ação do governo americano em relação à invasão ao Iraque como sendo a de um Estado que decidiu agir unilateralmente. Apesar das resoluções da ONU que exigiam que o Iraque cumprisse com suas obrigações quanto ao desarmamento de seu arsenal de armas de destruição em massa e para que permitisse que suas instalações bélicas fossem inspecionadas por agências internacionais, os EUA não conseguiram persuadir as potências com assento permanente no Conselho de Segurança (especificamente França, Rússia e China) a autorizarem uma intervenção militar no Iraque. Ainda assim os EUA, juntamente com alguns aliados, decidiram iniciar uma operação militar a fim de derrubar o regime iraquiano. Sendo a potência hegemônica mundial, os EUA não precisaram se preocupar com um outro Estado o qual pudesse se opor a seus atos, tampouco a sua insubordinação a um órgão supranacional.

Um dos mais fortes motivos alegados pelos EUA para justificar a derrubada de Saddam Hussein era que este possuía um forte arsenal de armas de destruição em massa, e que estava disposto a adquirir um número ainda maior de armamentos. Hussein também estaria dando abrigo a grupos terroristas, que receberiam apoio e proteção para treinarem em seu território, com o objetivo de atacar alvos americanos. Além disso, o governo de Saddam Hussein se apresentava como um fator de instabilidade para o Oriente Médio, pois era visto como uma ameaça por aliados americanos como o Kuwait, a Arábia Saudita e Israel. Portanto era fundamental para a segurança – e, em última instância, para a sobrevivência desses Estados – que o suposto poder bélico iraquiano fosse neutralizado. É importante ressaltar que a Invasão ao Iraque ocorreu menos de dois anos após os atentados ao World Trade Center em Nova York, o que ocasionou uma profunda sensação de vulnerabilidade ao governo e à opinião pública dos EUA.

Aqui vale uma análise da sobrevivência não somente do ponto de vista norte-americano, mas também de como o Estado Iraquiano buscava garantir sua segurança. Atualmente é sabido que a retórica americana sobre as armas de destruição em massa do Iraque, bem como da associação de Saddam Hussein com terroristas, em especial com Osama Bin Laden, não passava de uma falácia que visava justificar um conflito ilegítimo. Entretanto, caso o Iraque estivesse de fato se armando como os EUA afirmavam, esse seria apenas uma consequência de sua busca por sobrevivência enquanto Estado. O Iraque estava rodeado por países hostis a sua existência (Irã, Kuwait, Arábia Saudita e Israel, apesar desse último estar mais distante geograficamente e de não ser aliado aos três primeiros) e ainda tinha os Estados Unidos como ameaça. Portanto seria esperado que o Iraque se armasse a fim de viabilizar sua continuidade enquanto nação soberana. A partir desse ponto, poderíamos fazer duas leituras diferentes, dependendo de qual vertente do realismo optássemos por seguir. O realismo clássico proporia que a busca por mais armamentos (e consequentemente de mais poder) pelo regime de Saddam Hussein nada mais seria de um reflexo da busca incessante por poder, enraizada na natureza humana. Por outro lado, proponentes do realismo estrutural, como Waltz e Mearsheimer, poderia sugerir que essa hipotética tentativa de adquirir mais armamentos seria apenas o resultado de um sistema internacional anárquico que leva os Estados a se armarem cada vez mais a fim de garantirem sua existência. 

Os proponentes da raison d’etat (razão de estado: doutrina que agrupa máximas sobre como líderes devem conduzir os Estados a fim de garantir a sobrevivência destes) afirmam que a moral cristã não deve ser aplicada em questões de Estado. Eles pregam a existência de um padrão moral duplo: uma moral para os cidadãos comuns vivendo em um dado território, e outra para seus líderes quando esses conduzirem suas relações com outros Estados. Podemos considerar, portanto, que os EUA se valeram dessa premissa, pois, como mencionado no parágrafo anterior, a administração Bush usou de inverdades para justificar a invasão e subsequente guerra no Iraque.

Os realistas costumeiramente propõem que é imprudente para um Estado contar com órgãos supranacionais, como a ONU, ou com alianças entre nações, para garantir sua sobrevivência. Esse é o princípio da autoajuda. Os Estados Unidos, ao não obter da ONU o respaldo desejado por eles, aproveitou esse princípio para validar seus objetivos bélicos no Oriente Médio.

Considerações Finais

Ao analisarmos o envolvimento dos Estados Unidos da América, juntamente com alguns de seus aliados ocidentais, na Invasão ao Iraque em 2003, e na subsequente guerra iniciada no país árabe, podemos observar vários princípios da teoria realista nas Relações Internacionais. Em um primeiro momento, podemos analisar tal conflito a partir de níveis de análise.

O realismo prega que, sendo as relações internacionais um campo onde não há um poder hierarquicamente superior capaz de submeter todos os Estados a normas comuns, cada Estado deve ser capaz de garantir sua própria segurança e, consequentemente, existência. Não existe um órgão ou entidade supranacional capaz de garantir a sobrevivência de todas as nações. Dessa forma, os Estados são responsáveis pela sua própria autodefesa.

Entretanto, como podemos ver, o fato de cada país ficar a cargo de sua própria defesa torna o sistema internacional suscetível a tensões e conflitos, pois um país mais poderoso pode manipular uma nação mais frágil ou até mesmo ir à guerra contra ela, a fim de ter seus objetivos conquistados. Esse foi o caso do ocorrido com o Iraque, alvo de interesses ocidentais por mais de uma década. Que fique claro, também, que não se trata de demonizar um país e vitimizar um outro; o objetivo aqui foi de demonstrar, sob uma ótica realista, e partindo de seus três elementos principais, distorções nas relações internacionais como hoje as concebemos.


[i] GOMPERT, David C.; BINNENDIJK, Hans; LIN, Bonny. ”The Iraq War: Bush’s Biggest Blunder”. Newsweek Magazine (2014). Disponível em: <http://www.newsweek.com/iraq-war-bushs-biggest-blunder-294411>. Acesso em: 21 novembro 2016.

[ii]MEARSHEIMER, John; WALT, Stephen. “The Israel Lobby” (2006). London Review of Books. Disponível em: <http://www.lrb.co.uk/v28/n06/john-mearsheimer/the-israel-lobby>. Acesso em: 19 novembro 2016.

COGGIOLA, Osvaldo: A REVOLUÇÂO IRANIANA Editora da Unesp (2007). São Paulo

SISTEMA MAXWELL, “A Guerra Irã-Iraque”, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Disponível em: < http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/8064/8064_4.PDF>. Acesso: 17 novembro 2016.

BAYLIS, John; SMITH, Steve; OWENS, Patricia. (2014). “The Globalization of World Politics – An introduction to international relations”. Oxford University Press, Oxford.


[i] BRITISH BROADCASTING CORPORATION. “On This Day”. Londres. Disponível em: <http://news.bbc.co.uk/onthisday/hi/dates/stories/august/2/newsid_2526000/2526937.stm>. Acesso em: 20 novembro 2016.

[ii] MOÏSE, Edwin. “Limited War : The Stereotypes”. Clemson University. 2010.

[iii] UNICEF. “Information Newsline: Iraq Surveys Shows ‘Humanitarian Emergency’” (1999). Nova York. Disponível em: <https://www.unicef.org/newsline/99pr29.htm>. Acesso em: 19 novembro 2016.

[iv] UNITED STATES CONGRESS. “H.R.4655 – Iraq Liberation Act of 1998” (1998). Washington, DC. Disponível em: <https://www.congress.gov/bill/105th-congress/house-bill/4655>. Acesso em: 20 novembro 2016.

[v] CABLE NEWS NETWORK. “REPUBLICAN PLATFORM 2000: The Middle East and Persian Gulf”. (2000). Atlanta. Disponível em: <https://web.archive.org/web/20060421063832/http://www.cnn.com/ELECTION/2000/conventions/republican/features/platform.00/#53>. Acesso em: 21 novembro 2016.

[vi] ALDRICH, Richard. ‘An extra copy for Mr Philby,’ in Times Literary Supplement. (2010). pp.7–8, p.7.


[i] LITTLE, Douglas. (2009). American Orientalism: The United States and the Middle East since 1945. page 145. Univ of North Carolina Press. P.

[ii] KATZ, Mark N. (2010). “Iran and Russia”. In Wright, Robin B. The Iran Primer: Power, Politics, and U.S. Policy. United States Institute of Peace. p. 186.

[iii] DICKEY, Christopher; THOMAS, Evan (2002). “How the US Helped Create Saddam Hussein”. Nova York, Global Policy Forum. Disponível em: <https://www.globalpolicy.org/component/content/article/167/34978.html>. Acesso em: 20 novembro 2016.

[iv] BERCOVITCH, Jacob; JACKSON, Richard (1997). International Conflict : A Chronological Encyclopedia of Conflicts and Their Management 1945-1995 p. 195.

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