O cenário de crise sócio-econômica decorrente da pandemia do Covid-19, além de desestruturar milhares famílias, ceifa vidas e traz implicações econômicas, políticas e sociais. Sobre o ângulo de saúde pública é comparada a febre espanhola de 1918 e do ponto de vista econômico a crise de 2008, para outros a grande depressão de 1929 que terminou apenas com a 2ª guerra mundial e numa perspectiva de política internacional relacionada ao fim da guerra fria.
As crises sistêmicas decorrentes de guerras, de catástrofes naturais e do sistema econômico, ao se analisar a evolução histórica, são cíclicas e os tomadores de decisões devem sempre procurar compreender o passado e se ajustar às transformações presentes. Os operadores de políticas e os tomadores de decisões tem a obrigação de discutir esse cenário e fazer algumas previsões para o futuro a curto, médio e longo prazo.
Essa crise humanitária, não se pode deixar de tratar, evidência a desigualdade acentuada para as pessoas mais vulneráveis, trabalhadores de baixa renda, informais e MEIs, jovens e homens e mulheres de todas as idades. O governo federal estimou até a primeira quinzena de maio de 2020 que a crise provocou, cerca de 249.064 pedidos de seguro desemprego à mais que em 2019.
Em 2020, um ano atípico, é possível perceber uma mudança profunda em relação ao modo de trabalho, em especial diante da transformação do mundo por meio da Era Digital, da automação dos processos produtivos e da inteligência artificial. São tendências que vão se potencializar; até porque as crises são cíclicas, pandemias, guerras econômicas, biológicas, geofísicas e de inteligência vão acontecer, apesar de negáveis plausivelmente.
Temos que estar preparados diante do tabuleiro do novo grande Jogo Mundial. Mas a verdadeira luta, dos menos favorecidos, que no final das contas é da maioria da população global, acha-se na manutenção da renda e da sobrevivência. E que ainda a nuance do trabalho ligado a ideia da desvalorização permanece. O salário em troca da jornada de trabalho é um mecanismo que dá segurança ao trabalhador, mas de acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a taxa de desemprego pode saltar de 11,6% para 16,1% no trimestre. Isso significa que 5 milhões de pessoas podem entrar na fila do desemprego aumentando de 12,3 milhões para 17 milhões o número de pessoas sem trabalho no Brasil. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), coloca que 23 % da população trabalha por conta própria, o que significa 80% não têm formalização, não tem cnpj, não contribui para previdência e não tem nenhuma possibilidade de pensar no futuro. Por isso, a importância de pensar na reforma trabalhista e previdenciária.
Revolução 4.0: novos paradigmas
Estamos passando por uma quebra de paradigmas com a chegada da Revolução 4.0, onde as relações de trabalho precisam ser repensadas e o debate precisa ser organizado. O home office, por exemplo, contribui para mobilidade urbana, tornar-se mais sustentável reduzindo custos. As compras on-line cresceram, os serviços de delivery aumentaram e empresas de logística se tornarem essenciais na manutenção da economia.
O E-commerce não permitiu a retração total dos mercados e tornou-se promissor neste momento de crise, e também sustentados pelos setores básicos como alimentação; supermercados, pets (rações, por exemplo); higiene, farmácias e drogarias; produtos hospitalares, que vão além das máscaras simples e do álcool em gel, como respiradores, ventiladores e outros equipamentos de alta complexidade. Esses sempre terão mercado, dificilmente poderão fechar suas portas. E neste sentido, ajudar as pessoas a sair da fome e da extrema pobreza, passa pelo empoderamento dos mais pobres.
É preciso dar ferramentas para que as pessoas sejam saudáveis e produtivas, o que vai desde o planejamento familiar, acesso a microcréditos e a conclusão de estudos. O primordial neste momento é fazer a economia girar. Nos próximos 5 anos as competências que hoje são consideradas importantes na força de trabalho terá mudado, de acordo com a reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos. E tudo isso vai estar ligado a tecnologias disruptivas como a inteligência artificial, machine learning, robótica, nanotecnologia, internet das coisas – conectando carros, eletrodomésticos, transporte e muito mais objetos. Cada vez mais o mundo digital e o físico transformam-se em um só. A exemplo de negócios de com drones regularizados nos EUA. Carros autônomos […] já são uma realidade e empresas estão investindo pesadamente nessa tecnologia e esses veículos estão em fase de teste, então por que não se preparar para isso?
Claro que existirão várias discussões éticas acerca da legislação desses carros, mas a disrupção é intransigente. Ela tem que muitas vezes quebrar barreiras legais para que depois as leis se adaptem a elas. A necessidade impera que as pessoas estejam atentas para quando isso acontecer e estar sempre a um passo adiante.
Elisa Rosa, membra do SEBRAE, afirma que no Japão 90% dos robôs podem substituir as tarefas desempenhadas por humanos desde o limpador de vidraças até o jardineiro. Wall Street e o Vale do Silício já tem enormes ganhos na qualidade das análises de tomadas de decisões por meio da Inteligência artificial. Então, até as pessoas mais inteligentes e melhores remuneradas serão afetadas pela 4 ª Revolução Industrial. Por que não se especializar, por exemplo, em softwares? A thyssenkrupp junto com a Microsoft desenvolveram um sistema inteligente online para monitorar elevadores, através de um call center e técnicos, prestando assistência em tempo real e evitando acidentes com manutenções preventivas.
Wifi, bluetooth, NFC, microcontroladores estarão diretamente relacionados a internet das coisas. Segundo Jhone Santos, “O termo Internet das Coisas tem sido amplamente utilizado como referência à conexão global de “objetos inteligentes”, por meio da estrutura de rede da internet” e “o conceito também se refere às diversas tecnologias que tornam estas conexões e as aplicações que as utilizam possíveis”.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, existe uma visão para os empregos do amanhã e esses papéis estão profundamente concentrados entre as profissões que cuidam de pessoas, apoiam o planeta, gerenciam novas tecnologias e comunicam produtos e serviços; o que inclui “economia do cuidado, economia verde, pessoas e cultura; dados e AI, engenharia e computação em nuvem, desenvolvimento de produtos; vendas, marketing e conteúdo”.
À medida que a pandemia destaca os papéis críticos que os trabalhadores de hospitais, supermercados, escolas e outras profissões essenciais desempenham, espera-se que as oportunidades na economia do cuidado aumentem. Da mesma forma, espera-se que as funções de criação e gerenciamento de tecnologia, comércio eletrônico e economia de conhecimento mais ampla, continuem a crescer.
E, à medida que os governos buscam reconstruir suas economias, novas fontes de crescimento – e empregos – também emergirão da economia verde, da ciência e da pesquisa em saúde e da infraestrutura digital. Pense sobre a análise de dados, de tendências, de dados analíticos de varejo, de entendimento sobre público consumidor e soluções de consultoria personalizada, marketing, varejo e mercado, todos são novos mercados que se abrirão pós pandemia. Gerar novas ideias diferentes e criativas, moda beleza, lifestyle e interiores, megadados, barometer para análises, pontos fortes e fracos de marcas estarão no centro da economia.
Outras funções em destaque serão o Advisory com estratégias baseadas em tendências, workshops e e-formação. Existe a questão da desmaterialização, que basicamente diminui a dependência de recursos físicos. Podemos mencionar o uso de meios digitais em vez de papel. Incorporadoras de imóveis, ao invés de gastarem uma fortuna construindo apartamento ou casa modelo ao lado do stand de vendas, vão utilizar a realidade virtual. O potencial comprador usaria um óculos de realidade virtual para passear como se estivesse dentro do imóvel.
Contando também com o futuro promissor envolto da questão da carne sintética, e demais pontos evidenciados na figura abaixo.
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Mas o modelo de fabricação do século 19 ainda vigente, que depende de matéria prima escassas e mal distribuídas, dependente de uma grande quantidade de energia, virá a extrapolar e tornar-se-á um velho modelo.
Pode-se citar também, com a chegada da Revolução 4.0, as Blockchains (um livro contábil que faz registro de forma confiável e imutável), para fazer transações em contratos e em moedas virtuais, como o bitcoin.
Já a impressão 3D e as micro fábricas, que até 2023 vão movimentar US$ 32,8 bilhões, terão um crescimento médio anual de 25,76%, impactando sensivelmente a indústria, deixando de ser acessório para ser ferramenta essencial utilizada na indústria aeronáutica, construção civil, automobilística, robótica e etc. Contudo, no Brasil ainda é incipiente e precisamos de políticas públicas para adotar essa solução, aumentando o PIB e a geração de empregos.
Iniciativas para a Capacitação e Requalificação
Conforme a diretora do Fórum Econômico Mundial, Saadia Zahidi, “os setores da economia de assistência, o setor da saúde e o setor educacional, precisam de uma reavaliação global e que estes setores estão muito atrasados devido a importância e natureza essencial dessas profissões”, e ainda pondera que será necessário requalificação.
As consequências da pandemia, com a aceleração da digitalização e a automação em uma variedade de indústrias e setores, exigirá novos investimentos e mecanismos para aperfeiçoar, tanto as habilidades profundamente humanas quanto as digitais. Embora o setor de educação e treinamento on-line tenha visto um aumento no interesse dos trabalhadores conectados digitalmente em confinamento, é fundamental que os empregadores ajudem na reciclagem dos trabalhadores e que os governos proativamente construam provisões em torno da qualificação e reavaliação no estímulo fiscal maciço que estão injetando nas economias para preparar melhor os trabalhadores para a economia pós-pandemia..
Dessa forma, precisamos garantir o empreendedorismo e aumentar a resiliência futura. Pode-se falar em negócios criativos, como os Polos Criativos com startups, aceleradoras com microempreendedores formais ou informais. Aplicando a cultura maker – hands on – que quer dizer (vai lá e faz), sendo uma nova ideia que as pessoas devem ser capazes de fabricar, construir, reparar e alterar objetos com as próprias mãos, baseado em um ambiente de colaboração e transmissão de informações entre grupos e pessoas.
Um dos programas que obteve sucesso, na gestão do secretário Maurício Dziedricki e aqueceu a economia do Estado do Rio Grande do Sul, foi a criação do Programa Gaúcho de Microcrédito da Secretaria de Economia Solidária e Apoio à Micro e Pequena Empresa, em 2011, que emprestou aproximadamente R$ 500 milhões para mais de 100 mil gaúchos, empreendedores, formais e informais, do Rio Grande do Sul. Da mesma forma, “criou o Fórum Permanente da Micro e Pequena Empresa, o Conselho Estadual de Economia Solidária e investiu no Programa Redes de Cooperação como alternativa para desenvolvimento das micro e pequenas empresas gaúchas”.
Muitos empreendedores que não tinham acesso a rede bancária tradicional, pegaram empréstimos de até 15 mil com taxas de juros menores e processos simplificados. O Microcrédito gaúcho foi o maior sistema de financiamento e apoio a empreendedores formais e informais de todo o país, injetando R$ 439 milhões na economia do Rio Grande do Sul, beneficiando 77,2 mil empreendedores de 453 municípios implantados pela SESAMPE, pelo banco Banrisul, por instituições de apoio ao microcrédito, cooperativas, e prefeituras municipais. Outra política pública para o incentivo e incremento econômico é a desburocratização para a abertura de empresas.
Dentre as opções mais rápidas e flexíveis, diante dos desafios que se enquadram para o período atual ao qual o Brasil se encontra e irá se encaminhar no pós Covid-19, e definida como passo anterior para a Era da digitalização a 4ª Revolução, é transformar ideias em ação. O projeto Negócios Criativos em Comunidades Carentes é uma forma de reduzir a extrema pobreza, e torna-se uma proposta de retomada da economia, enfrentamento ao desemprego, alicerçada nos eixos: desenvolvimento econômico e desenvolvimento social com bases na igualdade de oportunidades, justiça social e preservação da atividade econômica (Peters, 2015). A economia criativa é o fator propulsor e principal de suporte à inovação e ao desenvolvimento, como descrito por Porter: “a competitividade de um país depende da capacidade da sua indústria de inovar e melhorar”.
Os negócios se darão através de um Polo Criativo – Hub baseado na economia criativa e no capital intelectual movido por ideias, voltado para empreendedores, formais e informais, para investidores e marcas conectarem seus negócios de maneira colaborativa, criando experiência de vida para as pessoas.
Pretendendo reunir startups, programas de incubação e aceleração (com todos os itens citados inicialmente neste artigo), gerando cidades inteligentes. Sua criação e efetividade dependem de uma sinergia entre governança, políticas públicas, participação da população, sociedade civil, empresas e organizações internacionais. Conforme cita Peters, os Polos Criativos estarão localizados em cada comunidade e bairro central de nosso país. Para tanto, serão necessários reuso dos espaços urbanos abandonados ou degradados, em poder dos entes federados, locais pertencentes aos governos e órgãos públicos que estão desativados, que podem servir de instalação aos Polos, para desenvolver a economia local ou da região.
Os atores envolvidos na idealização dos Polos são: organizações internacionais, grupos de interesses, investidores internacionais e universidades que colocarão seus alunos que necessitam de horas complementares como fonte de voluntariado, ou programas públicos de financiamento de várias espécies; investimento do setor privado; capital de risco; parcerias público-privadas; doações de fundações; regimes de isenção de impostos para contribuições de empresas, para formar e ensinar os menos favorecidos as novas profissões do futuro e utilizarem mão de obra qualificada. Portanto, trata da eliminação da extrema pobreza.
Uma das primeiras iniciativas tangíveis a serem implantadas em termos de economia criativa que podem ser aplicados a nível nacional é o Banco do tempo, um tipo de permuta feita por app onde se trabalha com o tempo ao invés de dinheiro. Peters ressalta que as trocas serão solidárias e a oferta e procura de serviços disponibilizados pelos seus membros, trocando-se tempo por tempo. Todas as horas tem o mesmo valor. Funciona da seguinte maneira: um membro do banco procura uma agência virtual disponível por aplicativo, que procura outro membro que possa realizar, realizado o serviço, quem solicitou transfere os créditos através do app para o prestador que manterá esses créditos e poderá obter outros serviços disponibilizados por qualquer membro.
Existem também as moedas sociais que podem ser implantadas nas comunidades dos Polos Criativos; isentas de tributos, criadas e administradas pelos seus usuários, por meio de organizações sem fins lucrativos, fundamentadas na cooperação e na solidariedade, sendo uma moeda complementar, utilizada como instrumento de políticas públicas de finança solidária, porque é compatível com a política monetária sob a responsabilidade do Banco Central. Essas moedas são usadas em mais de 35 países, embora menos comuns que as moedas de papel.
Outras atividades que poderiam gerar renda é o coworking, os escritórios compartilhados para os empreendedores fazerem seus negócios e que contam com internet, luz, banheiros para receberem seus clientes, um coletivo das comunidades locais nos hubs. Uma parceria com bancos e autarquias que tivessem mobiliários em desuso para doação de móveis e componentes eletrônicos, solucionaria em parte a questão de materiais.
Criar bolsas de estudos (tecnólogos com formação de 2 anos), em Tecnologia da Informação e Comunicação (TICS), também estão inseridas no Polos, formando parceria com universidades e escolas, com contrapartidas governamentais. Dessa forma, fomenta-se o capital intelectual e planeja-se o futuro das pessoas em compensação do uso do trabalho no primeiro emprego, trabalhando para a empresa que formou o indivíduo ou para o governo e ou mercado privado, sendo descontado futuramente em suaves parcelas o valor investido no tempo de trabalho ou no valor percebido. Além disso, o Grupo Banco Mundial está adotando ações amplas e rápidas para ajudar a fortalecer a resposta dos países em desenvolvimento à pandemia, e distribuirá até US$ 160 bilhões em apoio financeiro nos próximos 15 meses para ajudar os países a proteger os pobres e vulneráveis, apoiar as empresas e fortalecer o processo de recuperação econômica.
De início é importante destacar, conforme consultoria da UNESCO, que para surgirem pequenos territórios criativos é necessário uma série de leis e normas que garantam o desenvolvimento dos Polos e dos projetos que envolvam a economia criativa, sendo imperioso marcos legais que venham de encontro a institucionalização e fomento do Polo. Leis de incentivo para isenção de IPTU, ITBI, ISSQN e ou ICMS, ações legais como proteção ao patrimônio como tombamento e liberação de wifi gratuito nas comunidades.
No mote de atividades pode-se incluir: o turismo cultural que englobaria a questão da imagem do espaço público, sinalizações turísticas, melhora na malha viária, transporte urbano, segurança e acessibilidade melhorando a qualidade de vida da comunidade.
Iniciativas de audiovisual em parceria com a indústria de cinema Bollywood Indiana, ateliês de arte, galerias, bibliotecas, hortas sustentáveis, desenvolvimento de software, games, inteligência artificial, pesquisa e desenvolvimento, aceleração de mercados. Enfim, a 4 ª revolução industrial citada no presente artigo, têm uma parte controversa, ela pode acabar com 5 milhões de postos de trabalho, nos países industrializados de acordo com o Fórum Econômico Mundial. E obviamente esse processo de transformação só beneficiará quem for capaz de inovar e usar novas lentes para enxergar o invisível, definindo desta forma o que vai acontecer amanhã para que se possa tomar uma decisão inteligente hoje.
Este artigo serve de base para a dinamização e recuperação da economia local com efeito na geração de riqueza, emprego e renda. Mas, é necessário ainda políticas públicas para fazer com que chegue até as comunidade locais de todo Brasil, que mais sofrem com essa pandemia. A falta de inovação impede o crescimento econômico e, em função disso, o desenvolvimento social. Nesse sentido, a economia criativa é vista pelas Organizações Internacionais, dentre as quais a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o desenvolvimento (UNCTAD), como uma necessidade mundial, por proporcionar crescimento econômico, humano e o desenvolvimento social e sustentável.
Entretanto, percebe-se que a falta de projetos por parte dos governos e da sociedade civil reduzem sensivelmente a capacidade da inovação contribuir para redução da pobreza e promover progresso à região ao qual está inserida.
O conhecimento é a ferramenta de maior valor agregado, e é apresentado como uma commodity intangível, maior riqueza do século XXI. Darwin, o pai da Teoria da Evolução, diz que quem irá sobreviver nessa nova era, não é o mais forte, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.
Gestora de Relações Internacionais da Prefeitura de Porto Alegre. Bacharel em Relações Internacionais. Especialista em Direito Internacional, Especialista em Alta Política. Aperfeiçoada em Parcerias Público-Privada. Mestranda em Projetos de Cooperação Internacional.