Curso de Política Externa Russa
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[Líderes Mundiais] Aula 6 Vladimir Putin - Rússia Geopolítica e Oposição ao Ocidente [Líderes Mundiais] Aula 6 Vladimir Putin - Rússia Geopolítica e Oposição ao Ocidente

[Líderes Mundiais] Aula 6 Vladimir Putin – Rússia Geopolítica e Oposição ao Ocidente

Transcrição de vídeo publicado no canal da Relações Exteriores. Veja mais vídeos aqui.


Olá, sejam bem-vindos, bem-vindas ao nosso encontro para tratarmos de uma figura importante na política mundial contemporânea chamada Vladimir Putin. Bom, deixe-me apresentar. Sou analista de relações internacionais e tenho grande interesse por compreender a política externa de diferentes países, compreender como certas figuras políticas estão definindo a agenda internacional contemporânea.

E hoje no mundo, um desses nomes capaz de influenciar a agenda internacional se chama Vladimir Putin, que será tema do nosso encontro hoje. Essa série, chamada Líderes Mundiais, visa fazer esse mapeamento dessas figuras importantes, a origem delas como atores políticos que vão compor a agenda internacional, trazer debates, influenciar o curso da humanidade. Vou fazer uma perspectiva histórica, tratar a evolução da política externa russa contemporânea, assim identificarmos, iremos identificar como Vladimir Putin passa a mudar a política externa contemporânea.

Gostaria antes de fazer uma reflexão, quem é Vladimir Putin, como ele surgiu para a política, qual que é a sua origem histórica. Isso tem vários documentários no YouTube, então não é o foco do nosso encontro, e sim pensarmos a política externa. Estamos falando de líderes mundiais, como eles pensam, articulam a política externa.

Vou até minimizar os slides. Assim fico atento a vocês, quem tiver vontade, vocês que estão participando, ouviu, para enviarem mensagens no chat. Putin nasceu em 52, então deve ter o que, 50 mais 25, 75 menos 2, 73 anos aproximadamente.

Então já não é um líder político novo hoje, entretanto imaginar que ele está na política como presidente ou influenciando diretamente o comando da política externa do país, pelo menos desde 99, anos 2000, então são 25 anos. Ele entrou por volta dos 47, relativamente jovem. Ele é conhecido por ter sido membro da KGB e também foi presidente, desculpa, prefeito da São Petersburgo.

Ele é formado em direito também, pela Universidade Estatal de Leningrado, atualmente Leningrado é São Petersburgo, e depois ele ingressa na KGB, onde ele atuou por 16 anos, até o fim praticamente na União Soviética, de 1975 até os anos 90. Com o colapso da União Soviética, ele vai retornar à Rússia e vai começar a trabalhar na administração de São Petersburgo, e vai trabalhar ao lado de figuras importantes da política local, como o Anatoly, que era então prefeito da cidade. Ele ganha uma boa reputação na administração local e passa a assumir cargos, isso leva ele para Moscou, onde também vai ascender na estrutura política federal.

Em 98, a KGB foi renomeada para serviço federal russo ou algo assim, não era mais KGB, e nos anos 90 vamos ter governo Yeltsin, que entrará em crise e assumirá Putin como interino. Vamos ter a renúncia em 31 de dezembro de 99 do Yeltsin, e teremos o Putin assumindo como presidente interino, e aí em 2000 ele vai vencer as eleições e assumir o governo do poder. Nesse período onde ele governou a Rússia, e governa a Rússia, ele passa a adotar uma série de medidas que nós trataremos aqui adiante.

Centralização do poder, controle da informação, busca por estabilizar a economia, adota uma estratégia de nacionalismo conservador, procura repensar a estratégia de política externa da Rússia, diferente do seu antecessor, que tinha uma aproximação com o Ocidente, que foi o marco dos anos 90, fim da União Soviética, o mundo todo, não era só o contexto para a Rússia, mas países como o Brasil também passaram a aderir a políticas voltadas a se aproximarem do Ocidente, especialmente dos Estados Unidos, para quem não sabe, o Brasil, nas relações internacionais, não é um país ocidental, o Brasil é América Latina ou Sul Global, muito se confunde quando falamos do Brasil se aproximar do Ocidente, é até estranho, nós estamos no hemisfério ocidental, mas nós não somos o Ocidente em termos de política externa, de mundo político. Então o Brasil também se aproxima do Ocidente, fazendo reformas políticas, como abertura comercial, desregulamentação de mercado, privatizações, a Rússia passará por um processo parecido, mas lembrando que eles saíram de um regime socialista e não haviam experimentado um modelo de economia de mercado como o Brasil já experimentava, então o contexto histórico é parecido, mas a realidade russa é diferente da brasileira, lembre-se que é uma superpotência que agora não tem mais esse status, as suas indústrias que antes tinham reserva de mercado não vão ter mais, não tem mais uma área de controle, para alguns analistas de geopolítica, inclusive para o Putin, ele vai falar que é uma das grandes catástrofes da geopolítica mundial, isso nos termos russos, pois eles perderam toda essa estrutura qual dava sustentação à União Soviética como superpotência, a Rússia não tem mais o leste europeu, não tem mais aliados em outras partes do mundo e não tem como sustentar uma disputa ideológica contra os Estados Unidos, o modelo socialista fracassou, colapsou a União Soviética, deu origem a diferentes estados novos, inclusive a Rússia. Então partimos daqui, deixa eu voltar os slides, costumamos tratar de três décadas, mas já somos mais de três décadas, vamos fazer recortes, partindo de 2010, 2007 para cá, que chamamos ali de Rubicão, que é uma virada de chave muito forte na política externa do Ocidente para uma estratégia de questionamento da ordem internacional muito mais forte.

A política externa russa se divide em três períodos distintos, vamos colocar o primeiro momento, 91-95, onde é marcado justamente uma política externa fortemente pró-Ocidente, objetivo se integrar aos mecanismos liderados pelos Estados Unidos, entretanto ali não havia opção, podemos pôr assim, única estrutura política disponível e aberta era esse modelo proposto pelos Estados Unidos, não existia a China como conhecemos hoje ou outras potências emergentes como o Brasil e Índia. A ordem internacional era diferente, o mundo era amplamente dominado pelos Estados Unidos e pela Europa, então natural, assim como o Brasil e outros países que conduziram a aproximação com o Ocidente, marcado pelo neoliberalismo e por essa política pró-Ocidente, buscando integração a esses mecanismos liderados pelos Estados Unidos, trataremos adiante. O segundo momento nós trataremos, 96-2006, basta adotar uma estratégia já de eurasianismo e uma busca já por multipolaridade e aproximação já com outras potências como China e Índia e de outros países como o Brasil.

Uma terceira fase, onde há uma maior ruptura com o Ocidente, já podemos marcar já, há uma ruptura com o Ocidente, a Rússia não fará mais o esforço de se integrar aos mecanismos ocidentais, inclusive Vladimir Putin no início do seu mandato procurava ativamente cooperação, como na guerra ao terror com os Estados Unidos e se integrar aos mecanismos liderados pelos Estados Unidos como parceiro de igual valor. Entretanto, ao observar que os mecanismos não se abririam, que não haveria vontade política dos Estados Unidos de ter a Rússia como parceiro de primeira classe, primeira linha, faz com que a Rússia, o Putin, direcione sua política externa a não só fortalecer o multilateralismo, mas, em particular, romper com a estrutura hegemônica dos Estados Unidos. Algo é você fortalecer o multilateralismo, buscar o multilateralismo não tem absolutamente nada contra os Estados Unidos, qualquer Estado pode estabelecer relações, criar novos eixos políticos para dar vazão aos seus interesses, não há nada você realizar cúpulas, fóruns, fazer relações comerciais, fazer parcerias estratégicas, se desenvolver no campo internacional.

Outra é não só ter o multilateralismo, mas o multilateralismo servir para questionar a liderança americana de forma contundente, estratégica, direcionada a isso. Então, no terceiro período, 2007 em diante, isso significou cruzar o Rubicão, essa virada de chave no campo da política externa russa que passa a ser percebida pelo mundo com intervenções externas e ruptura com o Ocidente. Sobre Elstin, a prosperidade russa, a prioridade russa era superar o modelo socialista e buscar uma nova prosperidade dentro do novo modelo econômico, adotando instituições democráticas, instituições capitalistas, promovendo reformas no seu mercado financeiro, setor produtivo, setor comercial, relações externas, foi adotado por conhecido como terapia de choque.

As privatizações foram aceleradas, uma forte abertura de mercado, a criação da nova constituição agora nos moldes ocidentais, capitalistas, democráticos, entretanto, isso não gerou um período de prosperidade, essa terapia de choque, gerou um período de grande caos. As privatizações aceleradas fazem com que muitos setores industriais deixem de operar, alguns passam a ser dominados por algum interesse privado particular e não beneficiando o coletivo como era esperado. Então, muitas máfias vão surgir para controlar as estruturas econômicas.

Então, o sistema político adotado, essa ideia de super presidencialista, o executivo como controle central com um forte domínio da vida política. Quem conduziu essa reforma? Há alguns nomes importantes, como o Yegor Gaidar e o Andrei Kozyrev. Não sou bom para pronunciar russo, então peço perdão pela pronúncia.

Depois, quem quiser usar slides, inclusive, é só mandar a mensagem que eu envio. O chanceler foi uma das principais atores políticos nessa aproximação com o Ocidente. Então, o Andrei tinha como objetivo alinhamento total com os Estados Unidos e com a Europa Ocidental, alinhamento pleno.

Ou seja, a Rússia tinha a percepção. Somos um país europeu. A Rússia é europeia.

Hoje, quando nós falamos de Europa, muitos pensam na Europa da Alemanha, mas como sinônimo, a Europa é Europa, mas a Rússia é Europa, a Turquia é Europa, a Geórgia é Europa, a Cazaquistão também tem parte europeia. Eles se veem como europeus. Eu e o Andrei somos europeus, vamos adotar os mecanismos europeus, vamos pensar em uma perspectiva de Estado parecida com o que é a Finlândia, a Noruega, com forte presença do Estado, com uma estrutura econômica que dê várias garantias sociais.

Vamos tornar um país moderno aos moldes desses países nórdicos, por exemplo. A perspectiva era essa, amplamente integrar os mecanismos ocidentais, parceiros de primeira linha dos Estados Unidos, da França. Vamos integrar nossa cadeia produtiva ao Ocidente, trazer indústrias modernas para o país, fazer privatizações.

Um modelo ideal naquele momento, na perspectiva da política externa russa. Ele trabalha, então, junto com Yeltsin e com o economista Gaidar para acelerar essas reformas e integrar o quanto antes ao sistema liberal liderado pelos Estados Unidos. E havia uma grande confiança por parte dos russos de que o Ocidente apoiaria e traria essa modernização, essa estabilidade, esse crescimento econômico de forma rápida.

Essa era a perspectiva, que essas mudanças estruturais logo dariam origem a novas indústrias que passariam a exportar a partir da Rússia, que ofertariam serviços para a sociedade russa, as corporações que comprassem essas estruturas herdadas da União Soviética logo colocariam elas para operar e ofertariam bons produtos. Essa é a perspectiva proposta pelo Ocidente, privatiza suas economias, abram seus sistemas financeiros, produtivos, comercial, e logo as corporações ocidentais farão parcerias, vocês terão acesso às novas tecnologias ocidentais e passarão a integrar uma ordem associada aos Estados Unidos. Seria, enfim, o fim do modelo de uma ordem bipolar, seria um mundo onde haveria prosperidade econômica, estabilidade, uma liderança americana.

Não havia, como comento sempre em uma outra perspectiva, a alternativa B fácil. Então vamos nos agarrar a isso. Voltou.

Nesse primeiro momento, vamos integrar o G7, foram convidados o G7, que depois futuramente virará G8 para incluir a Rússia. Esse gesto da Rússia se integrando ao Ocidente, ao grupo das economias industriais, democráticas, modernas, ocidental. Integração da FMI, Banco Mundial, participação em operações de paz da ONU, redução das tensões herdadas da Guerra Fria.

Então, reestabelecer relações diplomáticas, fortalecer parcerias com o Ocidente. Busca uma cooperação ativa com a OTAN, incluindo fazer exercícios militares, e a OTAN não se expandiria para o Ocidente, não se expandiria para o Oriente em direção à Rússia. Essa região teria estabilidade política, econômica, e não seria uma ameaça à Rússia mais.

Entretanto, apesar dessa grande ideia, essa grande concepção de que o mundo agora será outro, não se concretiza facilmente. E o país vai enfrentar uma grave crise econômica, uma grande crise econômica, o PIB terá uma queda acentuada, a qualidade de vida cairá drasticamente, porque muitas instituições públicas deixam de ser financiadas, muitos projetos vão ser abandonados, há um grande aumento da pobreza, internamente cresce a percepção já de que o Ocidente é uma ameaça. A ideia de que há uma submissão, e que o Ocidente não está cooperando.

Isso, para os russos, passa a ser vista como uma perda da sua própria soberania. Estamos privatizando, estamos abrindo nosso mercado, mas não estamos modernizando, não estamos tendo um novo fortalecimento das instituições públicas, das instituições privadas do Estado, dentro do Estado russo. E começam tensões políticas internas, como a Guerra da Chechênia, que vão minando a imagem externa, criando dúvidas sobre a eficácia dessa política de aproximação com o Ocidente.

Tem um youtuber, que é internacionalista, inclusive americano, que eu recomendo. Claro, tem que ter as ressalvas, você está assistindo um documentário produzido a partir da perspectiva de vida e de interesses dele ali, mas é muito bom em trazer como um documentário. Ele analisou esse período da crise soviética e tal.

Tem um outro, o nome desse aí é Johnny Harris, é um internacionalista, viajou o mundo, trabalhou em canais como a Vox, produz bons documentários. Então tem vídeos dele no YouTube sobre isso. Outro que vocês podem pesquisar, que analisa e comenta bem esse período, que é o Mia Shimer, que é um analista americano de relações internacionais, conhecido como um teórico do realismo ofensivo.

Tem alguns livros de Harry bem interessantes. E ele comenta que, eles comentam que, de linhas gerais, a culpa da guerra da Ucrânia, olha que interessante, é a dos Estados Unidos. Isso todo mundo fala, né? Porque lá atrás, quando a Rússia, herdeira da União Soviética, se abre ao Ocidente, ela não foi bem recepcionada.

A Rússia teve uma grande boa vontade da sua liderança política, do seu economista, da sua diplomacia, do seu presidente, grande parte da sociedade, com esse otimismo de superação das crises econômicas que vinham sofrendo no período da União Soviética, agora buscando modernização, tecnologia, integração econômica, acesso a novos mercados, superação das rixas históricas. Entretanto, na perspectiva americana, a Rússia é muito fraca agora, vamos, ao invés de integrá-la, vamos, sistematicamente, incorporar áreas de influência dela, para enfraquecer mais ela ainda. Mas nos bastidores a gente fica endossando que, não, vamos nos integrar, vamos cooperar, para, enquanto a crise dela se aprofunda, nossas corporações compram setores industriais da Rússia, setor de mineração, setor de carbonetos, indústrias importantes, e quando eles se derem conta, vamos ter uma Rússia enfraquecida, fragmentada, fragilizada.

Perspectiva americana, vou colocar aqui entre aspas, não está errada. Na perspectiva americana, a Rússia está fraca, temos que dominar o mercado deles, não fortalecê-los dando cooperação técnica para que se desenvolvam e logo recuperem a posição de poder. Isso vai fazer com que a Rússia se afaste do Ocidente, e futuramente, lá com Vladimir Putin, quando ele se elege, adote uma estratégia política externa de resgatar o nacionalismo russo, de desenvolver uma nova concepção de política externa.

Então, para Primakov, fim da era Primakov, nos anos 90, a política externa passa a buscar a multipolaridade, seria uma opção estratégica. Temos a intervenção da UTAN na Yugoslávia, isso era prova de que o Ocidente estava ignorando os interesses de Moscou. Estava sustentando incursões para expandir a influência em direção à Rússia, minando estruturas políticas como a existência do Estado yugoslavo, ao invés de adotar uma estratégia que solucionasse o problema sem derramar tanto sangue, sem enfraquecer esses países.

Ao mesmo tempo, temos a crise financeira na Rússia em 98, que vai ainda mais fragilizar a economia do país, e a capacidade deles projetarem poder, enfraquecendo o país nesse processo de modernização. Então, temos uma Rússia fragmentada, não só perdeu a União Soviética, que dava toda a estrutura política que a tornava uma superpotência. Então, não existe superpotência se você não tem uma grande rede de domínio político.

Então, essa rede não existe mais, e as instituições, as redes que você pretendia se integrar ao Ocidente não se abrem, você vai procurar uma multipolaridade. Bom, temos que abrir mercado, temos que exportar, temos que desenvolver uma estratégia de segurança nova, vamos olhar para a China, para a Ásia Central, vamos resgatar alguma parceria com membros das ex-repúblicas da União Soviética. Agora, um outro período, vamos tratar aqui como a ascensão do Vladimir Putin.

Então, anote o contexto em que ele chega ao poder. Ele já vem com a ideia de um mito, de que ele é um bom administrador, que ele resolve problemas, que ele é capaz de estruturar a economia do país. Ele, justamente, adota um pragmatismo no primeiro momento.

Então, vamos melhorar as relações com a Europa, com os Estados Unidos. E, justo nesse momento, temos a cooperação logo após os ataques do 11 de setembro. Paralelamente, a Rússia procura reforçar a integração no âmbito da Comunidade dos Estados Independentes, que é a entidade política que vai surgir com o fim da União Soviética, para manter o mínimo de estrutura de coordenação entre os estados que compõem a União Soviética para o período de transição, e que teria como objetivo manter, por exemplo, a integração monetária, a integração no campo da segurança, no campo comercial, mas não avançaram, e a Rússia vai adotar outras estratégias, como a criação da União Econômica Euroasiática, para alinhar, então, com os países dentro do que era a SEI, dentro do que era a União Soviética, dos escombros da União Soviética, alguma coordenação política e econômica possível.

Então vão encontrar na Ucrânia, tentaram com a Ucrânia, encontrar em algum momento a cooperação com a Ucrânia, mas trataram lá especialmente com o Cazaquistão, com a Armênia, com o Belarus, mas isso não é o suficiente para resolver todos os problemas econômicos e políticos da Rússia. Mas Vladimir Putin procura entender em que posição econômica, política, dentro da ordem internacional o país estava. A entender quais eram as capacidades que restavam da Rússia.

Mesmo 10 anos após o fim da União Soviética, mesmo que muitas dessas tecnologias estejam em alguma medida defasadas, provavelmente ainda teriam setores quais a Rússia tivesse condições de competir internacionalmente, e que a Rússia poderia, o Estado Russo poderia canalizar recursos para estruturar esses setores e serem competitivos. Há um pragmatismo inicial, buscar relações estratégicas com o Ocidente, já que não há como ter uma parceria, uma aliança, vamos buscar algo estratégico. E vamos procurar estabelecer mecanismos regionais, fortalecer o multilateralismo que já vinha no final dos anos 90, reforça a integração também no âmbito da cooperação, da organização de cooperação de Xangai, e passa a traçar um caminho buscando uma maior autonomia.

Mas a Rússia é um Estado autônomo? Sim, mas autonomia significa menos dependente da política externa dos Estados Unidos, ou dos mandos americanos, com maior canal de diálogo com outros países, com maiores canais, maior possibilidade de diálogo com outros países, com capacidade de influenciar a política externa a partir dos seus interesses, e mesmo que não tenha acesso às instituições ocidentais. Então em 2003, 2004, começamos a ver revoluções coloridas no leste europeu, em países como Georgia, Ucrânia, que vão ter governos pró-Ocidente. Não bastasse a expansão incorporando países que antes compunham a Cortina de Ferro, agora também promovendo mudanças políticas em regimes que teriam aproximação ainda dessas elites com Moscou.

Então a estratégia americana, vamos começar a derrubar governos ou promover mobilizações políticas populares ao ponto que os países vizinhos não tenham governos pró-Rússia que se tornem pró-Ocidente. Isso vai fazer com que o Kremlin passe a repensar ainda mais as relações com o Ocidente, especialmente ao observar que esses movimentos são apoiados pelos Estados Unidos. Ah, mas a população tem vontade.

Claro que ela tem vontade, mas se você dá recursos, instrumentaliza ela, ela passa a ter maior capacidade de influenciar, se você passa a a doutrinar elas também, a influenciar com propaganda, a promover ideias que vão se tornar prósperas, associadas ao Ocidente. Alguns países do leste europeu se tornaram países modernos, se ocidentalizaram, como a Polônia. Mas será que esse processo aconteceria da mesma forma?

Bom, a Ucrânia, que é um dos estados mais pobres da Europa, ou então a população é motivada. Bom, vamos mudar de vida, vamos nos ocidentalizar, vamos derrubar esse governo que está associado à Moscou, futuramente vamos ser um estado integrado à União Europeia. Dificilmente se integraria à União Europeia no curso de desmentos que eles levavam.

Iam precisar de grandes investimentos ocidentais, apoio a algo que não viria facilmente. Bom, a expansão da OTAN inclui também os países do Báltico, aumenta ainda mais a percepção por parte da Rússia de uma ameaça, e a Rússia passa então a ter uma estratégia para diminuir a influência do que ela entende como seu exterior próximo. Antes eu utilizava o termo espaço pós-soviético.

São os países que compõem a União Soviética e é um espaço novo de política externa, porque aquilo que antes era política doméstica, agora não é mais. Agora a política externa que você tem com o Cazaquistão não é mais uma política que você debate no parlamento, agora é uma política que você debate em cúpulas regionais, fazer visitas técnicas, visitas diplomáticas, procurar acordos comerciais. Você não tem mais a capacidade de gerir o interesse, o seu interesse dentro do Cazaquistão, a não ser que você faça negócios lá, tenha consenso, ou você leve uma incursão militar, promova alguma estratégia para dominar esses países vizinhos.

Então é essa ruptura, e tem um discurso que ficou muito famoso do Vladimir Putin, que vai ser na Conferência de Segurança de Munique, tem no YouTube, é impactante, desenha muito bem qual será sua política externa para os próximos 20, 30 anos, e vai se concretizando. Ele critica fortemente a hegemonia americana, algo que não era comum, procurava aproximação, cooperação com o Ocidente, apoiar iniciativas do Ocidente, inclusive servindo de base para as incursões na Ásia Central, no Oriente Médio. Esse encontro de segurança, Putin vai dizer que a Rússia se aproximou do Ocidente, mas não teve reciprocidade, que o Ocidente expandiu e corroeu as bases de poder russo, a segurança regional foi ameaçada, provoca então estabilidade regional, estabilidade global, e que a Rússia procurará restabelecer seus recursos de poder, e representa então esse momento de virada, chamamos de Rubicão.

Não é mais um país pró-Ocidente, e sim um país que quer dominar a sua própria política externa, definir recursos de poder, exercer influência no mundo. Isso, o primeiro do YouTube, Johnny Harris, bem legal os vídeos dele, tem alguns sobre a Rússia, e outro, tem um professor de RI, que é o John Measheimer, é um dos principais analistas de relações internacionais, ele é americano, mas ele é muito crítico à política externa americana, no sentido que ele está analisando, é crítico porque ele está analisando, se o ocidente está errando nisso, ou tem feita uma estratégia, vai diminuir o poder americano, então ele é muito crítico, e tem um vídeo dele que trata das superpotências, ele fala assim, tem uns três superpotências, a China, os Estados Unidos, e a Rússia, a Rússia como potência menor, que precisa ainda resolver muitas coisas, das três, a Rússia, que tem mais questões para resolver, basta ver que ela está em uma guerra, de fato, ela tem uma questão de segurança muito crítica para resolver, se ela quer se tornar potência, e algumas das características de superpotências, você não pode estar sendo subjulgado, e você não pode ter sua área de influência sendo dominada amplamente por outros, você tem que ter capacidade de exercer influência na sua região estratégica, a Rússia precisa, a Rússia precisa de uma estratégia de inserção internacional, desenvolver capacidades, potencialidades, e Putin passa, então, em 2007, assim, nós não vamos buscar mais o Ocidente, porque o Ocidente não cooperou com a Rússia, promoveu violência, vamos buscar uma integração ativa com outros grupos de poder, e se necessário for, a Rússia utilizará sua capacidade militar, então o que o Putin procura fazer? Modernizar seu exército, como comentei, ele vai buscar o que a Rússia tem de capacidade, somos uma potência nuclear, uma potência militar, reorganizou todo o setor de aviação, tem várias empresas de aviação, então ele vai criar a United Aircraft Corporation, a UAC, para organizar a produção industrial do país, no setor militar, cria uma corporação para exportação de equipamentos militares, passa a reafirmar parcerias, por exemplo, vamos revisitar quais eram os nossos parceiros históricos do tempo da União Soviética, vamos revisitar, por exemplo, a relação com Cuba, a relação com a Índia, vamos buscar a China, vamos buscar no Oriente Médio quais estados estão abertos a cooperarem, qual ainda pode exercer influência, esse mapeamento dele foi muito importante para romper a liderança americana. Buscariam várias partes do mundo, na África, no Oriente Médio, onde há fraturas da política externa ocidental, para que a Rússia finance grupos de suporte técnico, busca e cooperação.

Outro marco, eu utilizo o marco da Conferência de Monique em 2007, mas o encontro importante foi o da Geórgia. Os Estados Unidos passaram a promover cooperação militar com a Geórgia através da OTAN, envio de equipamento, justamente em um país em que havia tensões históricas com a Rússia. Tem ali regiões separatistas de apoio russo e é interesse da Geórgia retomar o domínio sobre esses territórios que estavam sob posse soviética.

Esses territórios ficaram para a Geórgia, mesmo eles tendo feito plebiscito lá em 1991, pedindo a independência deles, que não foi reconhecido pela Geórgia. A Geórgia manteve o domínio sobre eles. A Rússia passa a dar suporte a esses territórios através do Putin, que passa a observar regionalmente quais são as áreas de tensão geopolítica e quais elas vão ter essa influência.

Então ela passa a ter maior influência sobre a Ossétia, sobre a Abcácia, passa a dar passaporte a essas populações. Elas não são russas russas, são os abcácios, são os ossetas, mas eles vão adotar o passaporte russo, vão se aproximar mais da Rússia, vão adotar moeda russa e há lá uma militarização nas fronteiras. Então há cercas ali que foram estabelecidas pela Rússia, ela literalmente dividiu, cercou esses territórios para que a Geórgia não tivesse gestão sobre eles.

Então há uma grande tensão ali. A cooperação da Geórgia com o Ocidente era estratégico, porque assim você tinha uma ameaça que era a Rússia, vou procurar então os Estados Unidos para cooperar, fazer então uma incursão para tentar recuperar esses territórios, o governo sobre esses territórios. Putin, agora tocando de memória, estava nos Jogos Olímpicos de Pequim, e de lá ele ordena uma incursão militar russa, foi uma guerra então, há uma guerra rápida, mas há uma guerra, a Rússia já tinha o exército reorganizado, lembra o discurso do Putin, vamos reorganizar o exército, a aeronáutica, vamos ter força para exercer influência na nossa região de interesse.

Então essa é uma mensagem para o Ocidente, e o Ocidente textou essa mensagem, então era importante para a Rússia ser contundente nisso, utilizar uma política de poder. A Rússia responde então militarmente, e em cinco dias as forças georgianas vão recapitular, e a Rússia reconhece então a independência do Ocidente e da Abicácia. Tem alguns países que reconhecem, provavelmente sejam só aqueles que também são separatistas, que têm tensões ainda quanto ao seu reconhecimento.

O recado foi muito claro, Moscou não ia tolerar mais qualquer influência, qualquer expansão da influência ocidental sobre países vizinhos. Então esse é o exemplo da Geórgia. E aí em 2022, o que aconteceria? Em 2014, nós já temos eleições que visavam não só as eleições, não foram bem as eleições, o problema da Ucrânia, foi o acordo de Vilnius em 2013, onde faria um acordo comercial com a União Europeia.

A Ucrânia estava então se aproximando da União Europeia. A Geórgia também estava nesse bolo, era um grande acordo que a União Europeia faria, não era para integrar esses países da União Europeia, e sim para que eles tivessem alguma tarifa, alguma política comercial específica para a União Europeia, e o que afetaria então os interesses russos de criar a União Econômica Euroasiática e integrar essas economias, especialmente a Ucrânia, onde parte do parque industrial russo ou de recursos naturais estavam ali. Estão ali, né? Hoje já está tudo destruído.

Nesse sentido, lá em 2013 já não é o mesmo, mas ainda assim há um interesse político da Rússia em sustentar que não haverá presença de potências estrangeiras na região. E esse movimento da Ucrânia se aproximar da União Europeia faz então que tenhamos ali a anexação por parte da Rússia da Crimeia. E há o grupo separatista que vai ter lá em Dombás que vai ter suporte da Rússia.

Então, toda a sua região passa a influenciar cada uma dessas tensões, conflitos, e a pressionar para que esses Estados não façam acordos com a União Europeia, ou que eles procurem alguma neutralidade, porque a Rússia não toleraria mais essa aproximação do Ocidente das suas fronteiras. Vou fazer uma pausa para conferir os comentários, que é a vontade para questionar tudo mais. Isso o Vinícius perguntou do youtuber Johnny Harris.

Bem legal os vídeos dele. Ficou de cara como ele edita bem. Vinícius pergunta, Putin adota discursos parecidos com os do Xi Jinping? Digo, a Rússia reforça a ideia de herdeiros da União Soviética, tal como o Partido Comunista Chinês adota o discurso de herdeiros da China Antiga? Boa questão.

As potências precisam encontrar uma narrativa histórica muito forte. Isso é verdade. Então, não só a China, a Índia faz isso, a Rússia, a França, a Alemanha, os Estados Unidos, para dizer que eles têm um destino para o mundo, que eles têm uma posição de poder que deve ser permanente, não deve ser questionada.

O Putin vai procurar na geografia o que foi conhecido como neo-eurasianismo. Uma narrativa histórica de que a Rússia é um eixo político importante, a ideia de que há uma civilização euro-asiática. Então, eles não vão adotar mais o discurso que nós somos ocidentais, e sim o discurso de que a Rússia é um outro mundo e que os países próximos vão compor essa ideia de uma civilização euro-asiática.

Então, o neo-eurasianismo e alguns teóricos, geógrafos, como Alexander Dugin, vão publicar vários textos sobre euro-asianismo que vão influenciar a política externa do Putin. Então, para você desenvolver uma doutrina, uma política externa forte, especialmente para questionar o Ocidente, você tem que ter motivações. Então, adotar o discurso histórico, a questão da geografia vai ser importante, sim.

No caso da China, eles vão adotar que eles já são uma civilização com 5 mil anos, 4 mil anos, e que a União Soviética e o Partido Comunista Chinês, a China moderna, ela é essa China histórica, mas não é bem assim, tá? Mas se for pegar a história da China, a China não é um estado, são vários povos que vão existir ali por muito tempo, dinastias, governos diferentes, mas faz sentido para eles buscarem lá no comecinho da sua história de sedentarização, de fixação naqueles locais terras férteis entre os rios Yangtze e o Rio Amarelo, isso. Então é uma estratégia chinesa, sim, uma narrativa histórica importante, se a China está crescendo, a Rússia está crescendo, mas com um planejamento estratégico. Notem o que o Putin está fazendo.

Você não se torna potência se você não tiver uma grande estratégia. Você não tem como se tornar potência se você não tiver uma política externa estratégica. O que é grande estratégia e o que é política externa estratégica? São dois termos, dois conceitos importantes.

Grande estratégia é você saber o que você quer do mundo e alinhar toda a sua sociedade em prol disso, ou um conjunto suficiente de entidades políticas, industriais, culturais, inclusive a igreja. Todos estão alinhados em prol desse propósito. Então ele vai se associar à igreja ortodoxa russa, refortalecer ela como símbolo da identidade russa, vai fortalecer as universidades, inclusive o Alexander Dugin, pesquisadores, cientistas, vai identificar setores industriais estratégicos e alinhar todos esses interesses.

Falar assim, todos aqui vão atuar em prol de uma Rússia moderna, forte, que vai projetar poder no mundo. Então é uma grande estratégia. Grande estratégia é quando todos os setores atuam em prol de uma grande ideia.

Isso que é grande estratégia. Ah, vamos fazer Marcosul, mas e o resto? Não tem nada articulado com o resto. Sem grande estratégia não há potência.

Rússia tem grande estratégia, muito influenciada por Putin, e é uma linha tênue entre ser grande estratégia e ser apenas um produto ideológico partidário. Muitos países, periféricos, inclusive o Brasil, a gente não tem uma grande estratégia, a gente tem objetivos políticos partidários, visões de um partido que governa, e quando muda o governo se rompe essa estratégia. Hoje, mesmo que o Putin caia, mesmo que o Putin caia, a Rússia não vai voltar atrás do que ela está fazendo.

Mesmo que a Xi Jinping saia do governo, não vão voltar atrás do que estão fazendo. Mesmo que o Macron saia do governo, eles não vão voltar atrás do que estão fazendo, porque eles entendem a posição de poder que eles assumem, todos os setores industriais, setores estratégicos estão alinhados. É diferente do Brasil que ainda há muitas disputas políticas, partidárias, tudo bem ter disputas partidárias, políticas, inclusive em outros países, normal, mas a questão é que muitos vão para um lado diferente, fazem muitas rupturas, construir poder no mundo leva muito tempo, e romper ele leva pouquíssimo tempo.

Por exemplo, você leva lá dez anos construindo um mecanismo como a Unasul, mesmo que fraquecido, mesmo que precário, funcionava para algum objetivo político brasileiro. Aí muda governo, ah, não serve mais. Aí vem outro, ah, não vamos ter mais relações estratégicas com tais países, vamos focar em outro.

Política externa, política externa estratégica, você não joga nada fora, você reaproveita, ressignifica, aprofunda, e não aceita a subjugação, submissão, então grandes potências vão ter grande estratégia e um dos aspectos é reforçar a soberania, não aceitar a subjugação, definir áreas de interesse estratégico, por exemplo, para você negociar hoje na Europa, você tem que passar pela França, você tem que considerar o interesse francês. Para você negociar na América do Sul, muitos não turneiam para o interesse brasileiro, porque o Brasil não diz, oh, nessa região, o Brasil define aqui o jogo político. Claro, vamos acordar com nosso parceiro, vamos fomentar mecanismos, vamos ter diálogo, mas o Brasil é a parte central disso.

Mas muitos já não observam o Brasil assim, entendem que há uma fraqueza na geopolítica brasileira, eles não conseguem estabelecer essa liderança, não tem uma grande estratégia. Então, para trazer esse paralelo, respondendo à questão, sim, há um aspecto histórico importante, é preciso não só buscar o aspecto histórico para construir uma identidade forte, mas esses outros elementos, a grande estratégia e a política externa estratégica. Que alguns governos, igual o Putin, eles costumam publicar muitos documentos mapeando publicações do governo russo, eles fazem, acho que agora em 2024, tem a deles, que eles vão explicar o que eles querem do mundo.

Está tudo escrito ali. A doutrina do presidente da Rússia vai estar lá escrito, por exemplo, para a Antártica, a Rússia estabelecerá bases de influência na Antártica, procurará estabelecer rotas comerciais e não aceitará a influência de outras potências, ou seja, se você quer atuar nessas áreas de influência, a Rússia está presente, então tem que considerar nossos interesses, estaremos abertos a negociar, cooperar, ou vamos fazer pressão para que o nosso interesse seja favorecido, prevaleça. Então eles mapeiam todas as áreas do mundo e definem seus interesses para elas.

A China faz o mesmo, a Rússia faz o mesmo, a Rússia, não estou falando a Rússia, a Alemanha, os grandes potências fazem isso, dizem o que vieram, tem que dizer o que veio. Bom, 2008 aqui foi importante por isso, a Rússia disse o que veio, a popularidade do Putin nesse período era muito alta. Voltando, passei um pouquinho aqui, e além de reafirmar a influência russa no espaço pós-soviético, em partes leste-europeu, da Ásia Central, do Oriente Médio, as partes próximas, também passa a pensar uma política externa articulada com outros atores que também questionam a liderança americana, entre eles vamos ter o Brasil, a formação dos BRICS, ou tem o grupo que é RIC, Rússia, Índia e China, são os três principais da Ásia, do Oriente.

Após essa virada estratégica, a partir da segunda metade dos anos 2020, 2008 em diante, 2007 em diante, até os dias de hoje, podemos marcar assim, a Rússia passa a investir em um relacionamento estratégico com a China, com a Índia, a buscar estados que são rivais ou que competem com os Estados Unidos em alguma área, como a Índia, ou na indústria farmacêutica, ou a China, o setor de chips, de aviação, para cooperar no que for possível, procura vender armamentos, fortalecer a relação política, então fortaleceu parcerias com a China, com o grupo dos BRICS, e vai utilizar os recursos que ela tem disponível para o comércio internacional, petróleo, energia, como parte da sua estratégia de poder. Então muitos vão falar na Europa, aqui respondendo também um comentário do Vinícius, para a Rússia você precisa exportar, gerar divisas, para poder desenvolver a sua sociedade. Então ela vai fazer vários acordos com a Alemanha, com países europeus, para exportação de hidrocarboneto, especialmente gás.

Vai criar o Nord Stream para exportar diretamente para a Alemanha gás, vai criar uma administração que fica na Europa, não fica nem na Rússia, fica na Suíça, creio, ou na Alemanha. Para dizer, ó, quem administra o que acontece, o trânsito do gás, nem é a Rússia, é a corporação aqui. Ou seja, para dar garantias ao Ocidente de que ela não pararia as exportações caso tivesse alguma tensão política.

Porque essa é a desculpa dos Estados Unidos, não comprem gás russo, porque a Rússia não vai mais exportar para vocês em caso de guerra. Vai querer estrangular suas economias. Mas quando inicia a guerra da Ucrânia, ou mesmo em períodos de tensão anterior, a Rússia não cessou e não ameaçou parar de exportar gás.

Porque é estratégico para ela exportar gás. Agora os Estados Unidos deram conta que ela não usaria o gás como arma, porque é o gás, é o petróleo que sustenta a economia russa. Ela vai querer exportar ao máximo.

Aí o que vocês passaram a fazer recentemente? Pressionar o Brasil, pressionar a Índia, que são parceiros comerciais da Rússia, para que não comprem hidrocarboneto com petróleo da Rússia. Há a ideia que tenha sido provavelmente russos ou americanos com ucranianos ou britânicos que tenham sabotado o Nord Stream 2 ou 1. Então nessa reserva de petróleo na Antártica, o Brasil não pode explorar, ninguém pode explorar, há um acordo de não exploração comercial só a exploração científica na Antártica. Mas mostra que a Rússia está atenta a mapear o que tem de recurso estratégico no mundo, especialmente na Antártica, que quando o Tratado Antártico terminar, vai ter uma corrida para ver quem controla a exploração de recursos naturais ali, a não ser que você tenha uma renovação.

E se há uma potência dos polos, é a Rússia. O que ela quer mostrar quando ela descobre petróleo? Ela anuncia, pode não ter anunciado, mas ela quer anunciar o que ela descobriu. Pode ter outras reservas, outros recursos que ela tenha descoberto, ela nem comenta nessas pesquisas de exploração que ela faz, tanto na Antártica quanto no Ártico.

É uma mensagem política para o mundo. A Rússia é uma potência polar. Nós temos quebra-gelos, quebra-gelos nucleares, ou seja, eles podem transitar dias e dias sem parar para reabastecer, a não ser que precise de água, alimentação para a tripulação.

É uma potência naval, potência oceânica, especialmente potência ártica. Domina, tem várias bases, volta, Putin volta a reativar as bases de expedição para a Antártica. Mensagem para o mundo.

A Rússia é uma potência que tem interesses estratégicos em diferentes partes do globo. Após a virada dessa agenda, a política na Rússia passa a incomodar mais o Ocidente, que até então a Rússia estava enfraquecida, com a Rússia mesmo no início do governo Putin ainda se reestruturando e era uma grande ameaça. Em 2014, como eu comentava antes, uma das principais tensões atuais é justamente a guerra da Ucrânia, que começa como crise em 2014, mas é um pouquinho antes, em 2013 já tem a aproximação da Ucrânia com a União Europeia, não era nem com a OTAN, mas também foi financiado, influenciado pelos Estados Unidos.

A documentação analisa e comenta a influência que foi feita ali. A queda do presidente pró-russo, Viktor Yanukovych, após os protestos populares ali na Rússia, Moscou vai reagir rapidamente, vai anexar a Crimea, com a objetiva justamente de proteger a sua base naval lá em Sevastopol. E essa ação, ela é condenada pelo Ocidente, é claro, o Ocidente vai condenar.

E aqui, parênteses, de acordo com o mundo qual nós vivemos moderno, vamos colocar da 45 para cá, da fundação da ONU, todo esse processo de descolonização ou pós- Segunda Guerra Mundial, você não conquista mais território de outro estado. Mesmo que historicamente lá em 1600 foi nosso, não tem mais isso. Se o território não é mais seu, se você cedeu ele para outro, não sei se você faz um acordo para que ele te devolva, você não ganha mais território com a guerra.

A não ser que tenha algum processo legal, político ali dentro, que há processo de secessão ou de separação, essa parte desse estado vai ser cedida a outro, vai ganhar sua independência. Igual tivemos recentemente a criação do Sudano do Sul, mas com um processo de votação reconhecido. Não se ganha mais terras na violência, e a Rússia está justamente questionando as estruturas da ordem internacional, a capacidade dos mecanismos multilaterais, como a ONU, de estabelecer em ordem eu falo isso no curso de introdução ao azerrismo, que está acontecendo recentemente, por mais que tenha todas as estruturas políticas, ainda vigora a força bruta.

A Rússia compute em volta a estratégia da força bruta, igual servem as potências tradicionais que utilizam elas ainda. Existem as instituições, mas, se meu interesse for ameaçado, utilizarei força para garantir ele. Já que a Ucrânia movimenta para ser mais ocidental, mais integrada ao Ocidente, então vou garantir aquilo que me afeta é conectar a Crimeia a uma população local de língua russa ou etnicamente russa, mas são ucranianos, que agora vão estar sendo documentados como russos, território.

Ali agora a população tem documentação russa, está integrada à economia russa, cortaram vínculos políticos com a Ucrânia. Esse é um tema ainda que precisa ser pacificado nos próximos 10, 20 anos para ver como vai ficar, quais vão ser os acordos. Agora a gerência do Trump dizendo que vai negociar terras ucranianas com a Rússia para pôr fim ao conflito, algo assim.

Mas a Ucrânia não é os Estados Unidos, não são os Estados Unidos. Então está colocando todos os analistas de direito internacional, de cabelo em pé, o que está acontecendo. Mais brevemente aqui, a Rússia questiona até esses mecanismos ocidentais que baseiam, que dão sustentação à ordem internacional.

Se necessário a Rússia anexará territórios vizinhos. A Rússia não está preocupada que o ocidente reconheça, mas o ocidente pode falar assim, nós não reconhecemos a Crimeia como território russo. Mas eu duvido, duvido que os Estados Unidos tenham coragem de mandar uma embarcação para atracar em Sevastopol, já que não é um território russo.

Na França, nenhum outro país que esteja questionando vá fazer isso. Não é que querem testar a soberania efetiva de controle material russo do território, mas é uma pratica que é condenada no sistema internacional. O Brasil condena a anexação. Se não se anexa a território, não se ganha mais, tem que ter acordo ali ainda.

O Brasil não vai ficar pronunciando isso, oh, somos contra isso, porque sim, é um parceiro comercial. Mas a nossa observação é, em algum momento isso vai ter que ser negociado, feito um tratado, ter reparações, justiça. Ah, mas tem que ganhar na força bruta.

Então a própria ONU está repudiando o discurso do Netanyahu de que vão anexar Gaza. Se não anexa mais território, assim, a não ser que aquela população volte, tem que entender o que essas pessoas querem. Tem que ter todo um debate público, documentado, com justiça, com voz ativa para grupos que vão ser afetados.

A conquista pela violência está voltando, mas é um período de fragilidade da ordem internacional liderada pelos Estados Unidos, que a Rússia procura promover essa fragilidade da ordem internacional justamente. A guerra na Ucrânia é para provar a liderança americana. Bom, não são os Estados Unidos que somos poderosos, anexaremos a Ucrânia, ou anexaremos a Crimea, e vamos esperar se os Estados Unidos têm a resposta para isso.

Então essa reação vai ser condenação, sanções, por parte dos Estados Unidos, da União Europeia, e vão isolar a Rússia de mercados e capitais ocidentais. Notem, isolar a Rússia de mercados e capitais ocidentais. Mas Putin, nos anos anteriores, ampliou imensamente as reservas em ouro, procurou fazer acordos comerciais para comercializar em moedas locais.

Por mais que o mercado ocidental seja importante, a Rússia procurou diversificar sua economia, parcerias. A Rússia está isolada das potências ocidentais e, consequentemente, mecanismos multilaterais que são liderados pelo Ocidente. Isso mostra que os mecanismos não são universais, eles respondem interesses políticos.

A ideia, por exemplo, que a OMC, a OMC ainda sim, tem alguns mecanismos que mais, outros que menos. Mas em grande medida são dominados pelos interesses ocidentais, que vão sancionar a Rússia, vão excluir elas. Talvez o mecanismo mais neutro do mundo, acho que nem o detergente é, então não existe um mecanismo neutro na política internacional.

Ah, também a questão da intervenção na Síria. A entrada da Rússia passa, inclusive, a influenciar em guerras, em disputas no Oriente Médio, algo que ela não estava fazendo diretamente. Não se era discursos, apoio político, mas ao observar que o Bachar al-Assad corria risco de cair, ter uma queda do regime em função daquela onda ainda da Primavera Árabe, em que vários regimes ali estavam sendo questionados com o descontentamento popular.

Tiveram algumas concessões, mas poucas mudanças. Não puseram fim a muitas monarquias por ali. Mas aí está, o Bachar al-Assad recebeu suporte da Rússia, passa a receber suporte, aí invide compromissos militares.

Quando começa essa incursão militar, foi algo mediatizado, assim, nossa, olha o poderio da Rússia. Ela envia navios para, acho que o Caspio, e de lá ela lança uma série de ataques de precisão. E mostra para o Ocidente que ela tem capacidade militar modernizada.

Que aí ela passa, lembro, 2008, Guerra da Geórgia, agora 2015, Guerra da Síria. Então ela ingressa numa outra guerra e vai testar seus melhores equipamentos militares para mostrar para o Ocidente sua capacidade. Ela muda o jogo.

O Bachar al-Assad estava prestes a cair e vai sustentar até pouco tempo, cairá porque a Rússia entrou na guerra na Ucrânia e se atolou ali e perde de vista algumas parcerias. E há outras questões geopolíticas durante o Médio, igual agora a guerra de Israel que está travando praticamente todos os países vizinhos. Bom, isso é o nosso tempo, tenho que passar um pouquinho rápido aqui.

Além disso, há um eixo novo, reforçado, Rússia e China, Moscou e Pequim. Alguém vai falar assim, eles são aliados. É difícil falar, a China não usa o discurso de que eles têm aliados, que eles têm parceiro.

A China é a China, quer comercializar com a China, fazer uns negócios. Se você não quer negociar com a China, tudo bem, fica no seu canto, a gente vai procurar quem quer fazer negócios. Se há mercado aberto para as indústrias chinesas, há oportunidades de investimento, a China, se tiver condições, cooperará.

Mas há um eixo, Putin e Xi Jinping praticamente trocam visitas anualmente. Há um relacionamento estreito, então há um eixo político novo que tem incomodado muito o Ocidente. Porque são duas potências nucleares, são duas grandes economias.

Hoje a Rússia é a maior economia da Europa, isso é importante em termos de poder para a idade de compra. Como a Alemanha está em recessão, está em crise econômica por vários motivos, inclusive a guerra da Rússia com a Ucrânia impede que as empresas alemãs venham para o mercado russo, que é um dos grandes compradores de produtos da Alemanha. Há aumento do custo de vida, a Alemanha em função do aumento do custo da importação, agora de gás, que vem de países como os Estados Unidos.

Enfim, as noções ocidentais vão acelerar essa parceria estratégica, até que ponto essa parceria se manterá, aí está a questão, mas servem muito aos interesses da Rússia e da China. A China quer ampliar sua influência no mundo, ampliar suas exportações, investimentos em infraestrutura, tecnologia. Passam a cooperar mais estreitamente em foros como os BRICS, a Organização de Cooperação de Xangai.

A Organização de Cooperação de Xangai não é a OTAN, não se assemelha em nada à OTAN, eles vão ter cooperação no campo militar, igual você pode ter alguma organização para cooperação no campo da educação, alguma organização para cooperação no campo de segurança contra o terrorismo, a realização de discussões, fóruns sobre tecnologia no militar, disciplina militar, fazer exames. Então os dois países alinham seus discursos frente à hegemonia dos Estados Unidos, e vão apresentar como defensores da ordem internacional multipolar. Olha como Putin é influente na agenda internacional a partir de então, essas mudanças que ele promoveu.

Vou falar agora desse pós-2014. A Rússia questiona ativamente a ordem internacional, busca uma estratégia de alinhamento com países do sul global que queiram cooperar, ela também, se você quer cooperar, a Rússia vai dedicar esforços a cooperar. Se algum país está sendo pressionado pelos Estados Unidos, se a Rússia tiver interesses econômicos, políticos, ela poderá ampliar suas exportações, comércio, porque ela fica observando essas oportunidades da fragilidade da política externa americana, do fraturamento da ordem internacional, para ir se infiltrando.

Por exemplo, um exemplo bem recente, com atenção comercial com os Estados Unidos, Putin diz o seguinte, vamos ampliar a compra de produtos que antes iriam para os Estados Unidos, do Brasil. Vamos ver como isso vai se efetivar, se materializar, porque precisa de agora procurar maior cooperação técnica, comercial, operacionalizar isso. Mas é a mensagem do Putin, onde há questionamento da ordem americana, a Rússia vai, de alguma maneira, procurar intervir, influenciar, cooperar.

Se fosse hoje, vou colocar aqui em parênteses, se fosse hoje que a Venezuela também se tornaria um país revisionista da sua relação com a ordem internacional, liderada pelos Estados Unidos, se fosse hoje que tivesse começado esse movimento, a Venezuela, do bolivarianismo, do chavismo, teria muito mais apoio da Rússia, da China, mas lá nos anos 2000 não tinha essa mesma facilidade, então foi muito difícil romper com a ordem liderada pelos Estados Unidos. Tranquilo? Eu trouxe aqui, há vários termos para a política externa, para a política doméstica, a Rússia não é mais uma democracia, no sentido do que nós conhecemos no Brasil, que você elege seu presidente abertamente, vai ter amplo debate político, você pode ficar fazendo palanque o dia inteiro falando que você está sendo perseguido. Vemos uma democracia, se você encontrar alguém que escute o que você está falando, fique à vontade falando por dias, você encontra vazão para as suas expressões políticas, entretanto há um rito democrático, há estruturas políticas, há instituições que são independentes, há o peso e contrapeso de uma democracia moderna, o Brasil é uma democracia que vem se provando mesmo com as crises políticas recentes, nós somos uma democracia.

Agora a Rússia é o que chamamos de democracia gerenciada, ou a democracia administrada, controlada, ou algum autoritarismo, e para alguns é uma ditadura, eu quero ver alguém tirar o Putin do poder. No início as mudanças foram sendo graduais, vamos ampliar o mandato, vamos estender o governo Putin, há também o processo de perseguição, inclusive a ONGs, a instituições, a líderes políticos que são contrários ao Putin, aqui entra aquela questão, para você ter uma grande estratégia, você não pode estar perseguindo grupos políticos e econômicos do seu país, mas há essa perseguição. Começa a Rússia nos anos 90, era uma democracia, mas extremamente precária, frágil, a sociedade opta então, ou voltamos para a democracia, quem tem a ideia dos anos 90, que era muita corrupção, muita precariedade, ou aceitamos uma estrutura com maior autoritarismo, menor expressão, maior espaço para a população participar da vida política, mas temos maior estabilidade econômica, abertura de mercado, enfim, há um balanço aí, você prefere maior autoritarismo, mais segurança alimentar, ou sem autoritarismo, democracia, mais insegurança alimentar, quer voltar à fome nos anos 90, então há esse discurso que sustenta o Putin, ele vai reduzindo a liberdade de imprensa, mobilizações políticas, mobilizações por direitos LGBTQIA+, e outros movimentos.

A Rússia se beneficiou também nos anos 2000, do boom do petróleo, do boom das commodities, isso fortalece as reformas promovidas pelo Putin, que vai cuidar para que o país não tenha problemas com a doença holandesa, justamente procurando sustentar a economia russa, administrando a sua modernização, sustentando indústrias russas, modernizando setores que geralmente acontecem, quando um país exporta muito petróleo, é mais fácil de comprar tudo, tem tantas reservas internacionais, é mais barato você exportar petróleo do que você fabricar no país, é mais fácil você dedicar esforços vendendo petróleo, do que dedicar esforços modernizando alguma indústria. Mas Putin ainda assim procura fortalecer uma série de indústrias, aeronáutica, setor automobilístico, vários setores produtivos vão ser modernizados, setor da agricultura, a Rússia passa a exportar mais, entretanto vai ter crises, anexação da Crimeia, vai corroendo esse mito da competência do Putin, da sua legitimidade inclusive, o mito da competência. Ele chega nos anos 2000, promovendo a ideia da ditadura, da lei, da ordem, mas sistematicamente ele vai rompendo com isso e governando mais para o autoritarismo, porque quando você tem, vou colocar assim, quando você tem maior autoridade política, porque as pessoas confiram o que você está fazendo, você não tem medo do que elas vão falar, porque você está ganhando a corrida.

É difícil questionar quem está fazendo a economia se estabilizar, está ampliando as vendas de produtos industrializados, especialmente setor aeronáutico, aeroespacial, militar, está abrindo novos mercados, está resgatando o orgulho nacional russo, é difícil você questionar quem está entregando alguns resultados, mesmo que eles estejam tendo já problemas estruturais. Mas, conforme as sanções ocidentais, conforme as pressões do ocidente, esse modelo de crescimento russo começa a ser questionado e a Rússia vai ver ali quedas dos salários, aumenta a desigualdade, investimentos estrangeiros vão diminuir. E hoje, como fica o Putin? O último slide.

Então, não há mais esse mito do Putin moderno, transformador. Ele não é mais um cara de 50 anos, é um cara de 70 e poucos anos, claro, nada com a idade, nada de militarismo, mas quer dizer, o mundo mudou, as dinâmicas de poder no mundo mudaram e a Rússia tem grandes desafios. Não se tornou uma superpotência nesses 25 anos, não se tornou uma superpotência, caminha fragilmente, fez grandes mudanças, puxa uma figura enigmática, emblemática, há muitos que odeiam, muitos que amam o Putin, é uma figura central para a política mundial, goste ou não goste.

Por que a Rússia é um pólo de poder? Porque você tem que pensar na Rússia quando você vai fazer qualquer coisa no mundo. Vamos tratar de meio ambiente. Tem que pensar no que a Rússia tem de objetivos.

Vamos tratar de IA, o que a Rússia espera quanto a isso. A Rússia vem se organizando para ter influência em diferentes setores da economia mundial, da política mundial. Então a economia russa é realmente admirável, o esforço que eles fizeram de reestruturação, modernização.

Agora vamos aos comentários, já vamos fechar, passamos um pouquinho do nosso tempo. O Assis comenta, vale lembrar que a Ucrânia está destruindo as refinarias russas, o que está impactando seriamente no financiamento da guerra. Exatamente, a Ucrânia está agora com novos drones, novas tecnologias que conseguem adentrar ainda mais o território russo, fazer sabotagens, destruição de usinas e refinarias.

É uma estratégia para tentar o estrangulamento da economia russa. Mas a Rússia também está desenvolvendo novas fábricas de drones, já diminuiu sua dependência dos drones que eram importados do Irã. Mas a maior importação agora é de componentes que vêm da China e há fronteiras grandes entre China e Rússia, o que é difícil alguém querer controlar essas fronteiras do que a China está vendendo ou não.

Agora, se viesse por navio, se viesse de outra forma, aí sim tem alguma possibilidade de ser interceptado, boicotado. A China não vai deixar de vender em função de qualquer pressão americana. Então, os Estados Unidos pressionam para que não comprem petróleo da Rússia.

A Ucrânia tenta destruir a infraestrutura que sustenta a economia russa, que é justamente hidrocarboneto, mas é muito difícil estrangular uma economia que hoje está na casa de 4 ou 5 trilhões de dólares. Se eu colocar em qualidade de compra, ela está na casa de 5, 7, algo assim. E, inclusive, há a questão se o Brasil começa a produzir fertilizantes, vai dificultar ainda mais para a Rússia.

O Brasil é um grande importador de fertilizantes e está procurando diversificar seu mercado, importando de outros países, inclusive até do Irã. Mas há possibilidade do Brasil fabricar fertilizantes localmente, desenvolver essa indústria aqui. Pessoal, nossa lista de presentes está no chat, vocês estão participando ao vivo.

Lembre-se de se inscrever no nosso canal. Há uma série já de vídeos analisando outros líderes, inclusive o Maduro, agora o Putin, o Putin, hoje também temos o Trump. Sigam o nosso canal, confiram a série Líderes Mundiais.

Temos ainda outros líderes políticos, mapeamos os 15, 16 mais importantes atualmente. As grandes economias, potências, economias em ascensão, para fazer esse conteúdo para vocês. Às quintas, também temos a série Sala de Estratégia com o objetivo de debater a política da semana, agenda em alta.

Semana passada discutimos questões como soberania, relações comerciais, a soberania palestina. Inscrevam-se no canal, acompanhem os próximos vídeos, séries, eles vão ficar disponíveis abertamente. Também participem dos cursos e eventos que estamos realizando através da Revista Relações Exteriores e da ESRI, a Escola Superior de Relações Internacionais, que visa promover conteúdo para qualificação, formação profissional, para aqueles que querem atuar na área de relações internacionais.

Então, muito obrigado a todos que acompanharam ao vivo, Vinícius, a Vivian, a Terezinha, a todos. Uma boa tarde e nos encontramos em breve.

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