A narrativa escreve a si mesma: um rapaz que, para libertar-se da pobreza, deixa sua família e se junta ao exército. Um homem que, para libertar(nos) da opressão, deixa seu posto e se junta à resistência. Carlos Lamarca, assim como Carlos Marighella, Dilma Rousseff e outros ícones da luta armada durante a Ditadura Militar, é retratado como um mito, seja como herói, seja como traidor. No contexto histórico de crise e reformulação da identidade brasileira, a criação destas narrativas era essencial para a identificação com o povo. Mas será que isto se reflete na realidade histórica e política da redemocratização brasileira? No aniversário da entrada de Lamarca na resistência, portanto, exploramos seu impacto nas iconografias e nos movimentos emancipatórios do período, a fim de definir o que sua história nos permite aprender hoje.
O começo da ditadura e os Atos Institucionais No primeiro dia de Abril de 1964 foi instaurada a ditadura militar no Brasil; um período que perdurou 20 anos e foi…