Um comunista, de forma simples, é alguém que apoia o comunismo. Eu estudo a história do comunismo, que é uma visão política e econômica.
O comunismo tem sido controverso há muito tempo e, nos Estados Unidos hoje, fontes respeitáveis discordam sobre ele. Alguns especialistas argumentam que as visões comunistas são bem fundamentadas em evidências históricas sobre o desenvolvimento das sociedades ao longo do tempo. Outros sugerem que a história demonstrou que o comunismo não funciona.
Muitas dessas avaliações são baseadas em exemplos de pessoas que tentaram estabelecer o comunismo. Comunistas lançaram revoluções em vários lugares, incluindo Rússia e China. Em cinco países – China, Coreia do Norte, Laos, Cuba e Vietnã – partidos comunistas controlam os governos atuais. Os sistemas econômicos e políticos desses países não são totalmente comunistas, mas alguns podem estar em transição do capitalismo para o comunismo.
Em parte porque os Estados Unidos têm relações difíceis com esses países, muitos americanos têm visões negativas sobre os comunistas e o comunismo. Para avaliar esses países e formar suas próprias opiniões sobre o comunismo em geral, é importante, antes de tudo, compreender claramente quais são os princípios do comunismo.
Os comunistas acreditam que as pessoas devem compartilhar a riqueza para que ninguém seja excessivamente pobre, ninguém seja excessivamente rico e todos tenham o suficiente para sobreviver e ter uma boa vida.
Um comunista pode ser membro de um partido comunista, que é um partido político, ou de um grupo de pessoas que deseja desempenhar um papel no governo.
No comunismo, as pessoas trabalham juntas para produzir e distribuir os bens necessários para viver, como alimentos, roupas e entretenimento. Isso não significa que tudo seja compartilhado o tempo todo.
Em uma sociedade comunista, os indivíduos ainda poderiam morar em suas próprias casas e ter seus próprios alimentos, roupas e itens pessoais, como televisores e celulares. No entanto, os locais onde esses itens foram produzidos, como fábricas e fazendas, seriam de propriedade coletiva.
Da mesma forma, uma pessoa ainda poderia criar produtos artísticos, como obras literárias ou artesanato, por conta própria. O objetivo, porém, não seria lucrar, mas sim compartilhar para que todos pudessem aproveitar.
Os comunistas apoiam alguma forma de propriedade coletiva. A propriedade de todos garantiria que todos os membros da sociedade tivessem direitos iguais sobre os produtos das fábricas e fazendas, pois todos seriam coproprietários dos empreendimentos.
Em tal sociedade, todos também teriam direitos políticos iguais e participariam juntos da governança. Teoricamente, o comunismo deveria incluir alguma forma de democracia.
O que é o Marxismo?
Ao longo da história, houve muitas visões diferentes sobre o que é o comunismo, como ele deve ser organizado e como pode ser alcançado. As teorias mais famosas sobre o comunismo provavelmente são aquelas desenvolvidas por um filósofo alemão chamado Karl Marx. Suas ideias são frequentemente chamadas de Marxismo.
Marx estudou a história e observou que a forma como as pessoas produziam bens e serviços estava intimamente relacionada a quem detinha o poder. Por exemplo, em sociedades agrícolas, aqueles que possuíam a terra tinham mais poder do que aqueles que não possuíam.
Marx também percebeu que as pessoas com menos poder frequentemente se revoltavam, geralmente de forma violenta, para derrubar os mais poderosos. Ele chamou esse conceito de luta de classes. Ele acreditava que esse processo era o meio pelo qual as sociedades evoluíam de um sistema de governo e economia para outro. Marx afirmava que a luta de classes levava as sociedades a uma progressão em direção a maior eficiência na produção de bens e serviços, níveis mais elevados de tecnologia e uma distribuição mais ampla do poder social e político.
Quando Marx estava vivo, no século XIX, um sistema econômico e político chamado capitalismo havia se desenvolvido em muitos países. Nas sociedades capitalistas, a economia girava em torno das fábricas. Os proprietários das fábricas tinham grande influência política e econômica.
Marx observou que, em países como Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos, os donos de fábricas contratavam trabalhadores que trabalhavam longas horas produzindo bens como camisas ou mesas. Enquanto os donos das fábricas vendiam esses produtos a preços altos, pagavam aos trabalhadores salários muito baixos. Como resultado, os donos das fábricas ficavam cada vez mais ricos, enquanto muitos trabalhadores lutavam para conseguir comprar os bens que produziam ou até mesmo para alimentar suas famílias.
Marx acreditava que essa desigualdade eventualmente levaria a uma revolta dos trabalhadores. Durante essa revolução, Marx previu que os trabalhadores tomariam o controle das fábricas, começariam a administrá-las de forma mais justa e isso levaria a um novo sistema político, conhecido como socialismo.
Onde o socialismo se encaixa?
É claro que, se os trabalhadores realizassem uma revolução, os donos das fábricas reagiriam. Marx acreditava que, imediatamente após a revolução, os trabalhadores precisariam primeiro criar um governo forte para impedir que os donos das fábricas restabelecessem o capitalismo. Durante essa fase, que Marx chamou de socialismo, os trabalhadores administrariam o governo enquanto continuavam a se afastar do capitalismo e tentavam criar uma sociedade mais igualitária.
Marx pensava que as pessoas acabariam percebendo que o socialismo era muito melhor do que o capitalismo, pois eliminaria a exploração enquanto ainda permitiria que a sociedade continuasse avançando em direção a melhores práticas econômicas e políticas, mas sem desigualdade. Quando isso acontecesse, um governo não seria mais necessário.
A sociedade se tornaria comunista. Ainda haveria governança, mas não um governo separado do povo. Em uma sociedade comunista, as pessoas governariam juntas, e todos fariam parte do trabalho e receberiam o que precisassem.
Existem partidos comunista em muitos lugares, e muitos estão atualmente trabalhando para mover seus países em direção ao comunismo. Até o momento, nenhum país fez a transição completa para o comunismo, mas muitas pessoas ainda têm esperança de que essa transição ocorra em algum lugar, em algum momento. Essas pessoas são comunistas. Os comunistas são otimistas de que a humanidade pode, um dia, criar uma sociedade mais justa e igualitária.
Texto traduzido do artigo What is a communist, and what do communists believe?, de Aminda Smith, publicado por The Conversation sob a licença Creative Commons Attribution 3.0. Leia o original em: The Conversation.
