O autor deste livro, Enrique Berruga, foi representante permanente do México na Organização das Nações Unidas (ONU) de 2002 a 2007, além de diplomata. Berruga escreveu uma ficção, talvez com algum traço de desejo subconsciente ou temida realidade, onde o México é alvo de uma anexação por parte dos Estados Unidos. O México poderia ser a estrela 51 da bandeira do país norte-americano?
A ficção de Berruga
O livro conta uma história divertida, onde o personagem principal, coincidentemente um veterano diplomata mexicano, em meio a uma crise existencial, é convidado para uma reunião secreta em Dallas, Estados Unidos, onde membros do governo norte-americano o apresentam um audacioso plano de anexação do seu vizinho do Sul. Tudo ocorre em meio a uma aguda crise institucional mexicana, permeada por grandes escândalos de corrupção política. O vácuo de poder do México cria a ideia de uma anexação por parte do vizinho do Norte.
A fantasiosa trama ganha verossimilidade à medida em que avança. Berruga é um mexicano nato, acostumado com a relação que seu país tem com os Estados Unidos: admiração por um país que deu certo, acompanhada de uma zombaria por um estilo de vida “gringo” onde falta alma.
O livro é uma aula de história do México, passando pelas disputas territoriais históricas com o país americano. É também um atestado da corrupção mexicana entranhada no dia a dia do Estado, que possui muitas semelhanças com o nosso caso brasileiro. Um dos dilemas centrais é escolher entre deixar o país eternamente nas mãos de políticos locais corruptos ou deixá-lo nas mãos de “gringos corretos”, porém potencialmente imperialistas.
Aproximando-se da realidade, Donald Trump vence as eleições americanas sobre Hillary Clinton e torna-se protagonista da trama, já na parte final do livro. Ironicamente, sua famosa promessa de campanha em relação ao México, é invertida totalmente dentro da trama de Berruga. A leitura flui muito bem em vinte e cinco capítulos mais um epílogo. A maior parte da trama se passa na Cidade do México, e as inúmeras referências a pontos da cidade como igrejas, praças, edifícios, restaurantes, monumentos, torna a leitura bem agradável e cria um desejo de visitar a metrópole do altiplano azteca.
Por mais improvável que pareça a trama de Berruga, ela é tão bem imaginada que contém um fundo de possível realidade que encanta alguns ou incomoda profundamente outros mexicanos. Recomendo a leitura para aqueles que gostam de história, geopolítica, relações internacionais e, mais especificamente, da cultura política norte-americana (lembrando que geograficamente o México é parte da América do Norte).
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