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Fahrenheit 451 – Ray Bradbury (1953) – resenha

O livro Fahrenheit 451 é um romance atemporal do escritor Rad Bradbury, um autor americano comumente conhecido por seus contos e romances criativos que mesclam poesia, nostalgia da infância, crítica social e “consciência dos perigos da tecnologia descontrolada”.

Sobre o autor

Foto de Ray Bradbury, autor de Fahrenheit 451
Rady Bradbury | Fonte: Alan Light

Ao ler um livro, deveríamos nos informar sobre o autor, pois assim saberíamos seus gostos, suas experiências vívidas, e o que levou a escrever o livro. Fahrenheit 451 foi escrito na década de 50 durante a era do macartismo nos Estados Unidos, um período histórico do país que foi marcado pela violência, pela repressão e pelo uso da censura e da difamação para prender acusados de traição ou subversão. Esse período leva este nome por conta de Joseph McCarthy, um senador republicano que criou leis anticomunistas e era um orador enfurecido no Congresso.

Por conta da época, era de se esperar que muitos escritores se sentissem ameaçados e amedrontados demais para publicar suas obras, contudo, Bradbury não foi um desses, e em 1953 publicou Fahrenheit 453, que era originalmente um conto. Apesar do macarthismo, o autor deste famoso e polêmico livro alegava que não foi por conta da censura que ele escreveu o conto, mas sim devido ao vício das pessoas pela tecnologia e o desinteresse para com a literatura. Da para entender o porquê de a obra ser atemporal. Se naquela época já havia uma preocupação com o excesso de tempo que se passa em meio a tecnologia, agora a situação está bem pior.

Sobre o que fala Fanhreit 451?

Depois desta breve introdução ao autor, agora é hora de apresentarmos sua obra. Fahreit 451 narra a vida de Guy Montag, um bombeito. Contudo, Montag e os outros bombeiros não apagam fogo como na vida real, muito pelo contrário, eles botam fogo nas coisas, mais especificamente em uma coisa: livros.

No mundo de Guy, livros são objetos proibidos e considerados uma ameaça ao sistema. A pessoa que tiver um livro em casa será denunciada para os bombeiros, que irá até a sua residência nesse objeto tão “perigoso”, e considerada criminosa – é curioso e impressionante como uma obra de 1953 pode falar de situações tão atuais. Enquanto livros são censurados, a tecnologia, especialmente os televisores, é tida como a única coisa que as pessoas precisam para viver.

Outra característica desta realidade, é que as pessoas nunca questionaram o porquê de os livros serem proibidos, elas apenas aceitaram. Na verdade, quem questiona demais nesse mundo é considerado maluco e perigoso. Este é o caso de Clarisse, outra personagem do livro.

A vida de Guy muda desde o momento que ele conhece a adolescente Clarisse, pois enquanto ele nunca questionava nada e vivia sua vida apenas aceitando as coisas, ela questionava tudo, analisava desde a luz das estrelas até o comportamento das pessoas. Clarisse era totalmente diferente das pessoas com a qual Guy convivia. Ele era casado, mas parecia que não era, pois, sua esposa passava dia e noite em frente aos televisores, conversando com os seus parentes virtuais, ou então com fones de ouvido, em outra realidade e alheia a tudo que acontece ao seu redor.

Tudo no qual ele acredita muda completamente quando Clarisse desaparece. Enquanto buscava seu paradeiro, ele começa a se questionar sobre as coisas, como era a vida dos bombeiros antes?! Era verdade que os bombeiros apagavam fogo ao invés de causa-lo?! Por que as pessoas têm tanto medo e repulsa dos livros?! O que eles têm de tão perturbador?!

A partir desses questionamentos, o jovem bombeiro começa a esconder livros em sua casa, e com Faber, um professor que mostra Montag o valor da literatura, eles elaboram um plano que visa mudar essa realidade de repressão.

Considerações finais

Conheci o livro Fahrenheit através de uma página no Instagram. O enredo chamou bastante a minha atenção e me deixou muito ansiosa para lê-lo. Por possuir 213 páginas, é uma leitura bem rápida. Contudo, ele te faz refletir por muito tempo. A meu ver, seu conteúdo não apresenta de cara a mensagem que ele quer passar. Ele te faz refletir e pode ter diversas interpretações.

Seu enredo me fez pensar na atual era da desinformação que estamos vivemos. É um pouco contraditório pensar que com tanta tecnologia e com tanta informação disponível as pessoas ainda estejam tão desinformadas e alienadas, e que acreditem cegamente em teorias da conspiração e em Fake News. Ademais, a queima dos livros me lembrou o livro A Menina que Roubava Livros e a cena dos nazistas queimando livros para fazer uma “limpeza na literatura”.

Recomendo para todas as pessoas questionadoras desse mundo, que não se contentam com algo sem resposta e sem fundamento, que lutam para fazer a diferença.

Citações para refletir

Por fim, eu gostaria de citar umas frases do livro que me impactaram bastante e fazem a gente refletir.

“’Não precisamos ficar sozinhos. Precisamos ser realmente incomodados de vez em quando. Quanto tempo se passou desde que você foi realmente incomodado? Sobre algo importante, sobre algo real? ‘” (BRADBURY;1953)

‘Deve haver algo nos livros, coisas que não podemos imaginar, para fazer uma mulher ficar em uma casa em chamas; deve haver algo lá. Você não fica para nada ‘”(BRADBURY;1953)

 “Eu vou segurar o mundo com força algum dia. Eu tenho um dedo nisso agora; isso é um começo” (BRADBURY;1953)

“Todo mundo deve deixar algo para trás quando morrer, disse meu avô. Uma criança ou um livro ou uma pintura ou uma casa ou uma parede construída ou um par de sapatos feito. Ou um jardim plantado. Algo que sua mão tocou de alguma forma para que sua alma tenha aonde ir quando você morrer, e quando as pessoas olharem para aquela árvore ou flor que você plantou, você está lá”. (BRADBURY;1953)

“Não importa o que você faça, disse ele, contanto que você mude algo do jeito que era antes de tocar em algo que é como você depois de tirar as mãos. A diferença entre o homem que apenas corta grama e um jardineiro de verdade está no toque, disse ele. O cortador de grama poderia muito bem não estar lá; o jardineiro ficará lá para sempre. ” (BRADBURY;1953)

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