No dia 14 de outubro de 1964, Martin Luther King, com apenas 35 anos na época, ganhou o Prêmio Nobel da Paz pela defesa dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. O ativista nasceu no sul dos EUA, em Atlanta, a região mais radical do segregacionismo. Nascido e criado cercado de sólidos ideais políticos e religiosos, se tornou pastor aos dezenove anos. Mais tarde se formou em teologia e se tornou doutor em filosofia. Sua vida foi dedicada à luta pela paz, pela liberdade e igualdade, pelos direitos civis na América, e à filosofia do protesto não violento.
Luther King era conhecido por usar estratégias não-violentas, inspiradas em Gandhi, a insubordinação civil, a sua espetacular oratória, e por basear seu ativismo em suas crenças cristãs. Seu ativismo pelos direitos civis começou quando uma mulher negra, Rosa Parks, foi presa por ter se recusado a ceder o seu lugar no ônibus a um homem branco, o que foi considerado como uma transgressão às leis segregacionistas.
Esse episódio pôs em debate nacional a questão racial e deu início ao que ficou conhecido como o Milagre de Montgomery; um boicote político e social às empresas de ônibus, cujo objetivo era protestar contra a segregação racial no transporte público. A Suprema Corte Americana atendeu aos protestos e aboliu a discriminação nos transportes públicos.
Um ano antes de ter recebido o Prêmio Nobel, o ativista liderou a Marcha para Washington por Emprego e Liberdade, uma manifestação pacífica que marcou o Movimento Pelos Direitos Civis americanos e que contou com mais de 200 mil pessoas. O objetivo dessa marcha era incentivar o Congresso e a administração do Presidente John F. Kennedy a agir em defesa dos direitos civis. Esse evento ficou marcado pelo famoso discurso “Eu tenho um sonho” de Martin Luther King.
Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje! Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje! (Trecho do discurso de Martin Luther King. Fundação Cultural Palmares)
Como consequência da Marcha de Washington foram aprovadas a Lei dos Direitos Civis, que garantia a igualdade de direitos, e a Lei dos Direitos de Voto para os negros. Além da luta por direitos civis, Luther King “também lutou em favor de oportunidades de emprego para os pobres no país e, em 1967, uniu-se ao Movimento pela paz na Guerra do Vietnã (Palmares; 2011)”.
Apesar dos métodos pacíficos de protestos, ele foi preso algumas vezes, além de ter sofrido várias críticas e ameaças pelo seu posicionamento, sofrendo alguns atentados. Em 1967 ele foi assassinado com um tiro quando estava na sacada de um hotel em Memphis, EUA. Em 1999, 32 anos depois da sua morte, foi constatado que o seu assassinato foi planejado por membros da máfia e do governo norte-americano.
Apesar desse final trágico, Martin Luther King foi de extrema importância para os direitos dos negros, para o fim do Apartheid na África do Sul, e possibilitou que, no século XXI, os Estados Unidos da América tivessem o primeiro presidente negro. Em sua homenagem e memória, em 1983 foi decidido que a terceira segunda-feira de janeiro seria feriado nacional nos EUA; essa data foi escolhida baseada na sua data de nascimento, 15 de janeiro.