Em 1981, a seleção brasileira de futebol se classificou para a Copa do Mundo. Durante dois jogos da seleção brasileira nas disputas preliminares, não foi possível a transmissão das imagens em rede nacional pelo satélite Intelsat, utilizado pela antiga Empresa Brasileira de Telecomunicações – Embratel. Assim, os jogos foram retransmitidos, posteriormente, apenas com a locução, sem as imagens. Tendo em vista que a Copa do Mundo seria no ano seguinte, iniciou-se a discussão a respeito da necessidade de um satélite exclusivo para as comunicações brasileiras, já que o Brasil apenas alugava transmissores de satélites estrangeiros. Desse modo, o maior incentivo para o desenvolvimento e o lançamento do primeiro satélite brasileiro de comunicação, conhecido como Brasilsat A1, foi o futebol.
Em 8 fevereiro de 1985, a partir do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa, foi lançado o satélite Brasilsat A1. Fabricado pela empresa canadense Spar Aerospace Ltd., o Brasilsat A1 iniciou a primeira rede de satélites domésticos de telecomunicações da América Latina, permitindo a redução progressiva do grau de dependência brasileira quanto ao aluguel de satélites de outros países. Uma vez colocado em órbita geoestacionária (satélite equatorial que fica permanentemente sobre a linha do equador) sobre o território brasileiro, o satélite Brasilsat A1 foi operado pela Embratel.
A Embratel foi criada em 1965 pelo presidente militar Castelo Branco como uma empresa estatal e foi responsável pela transmissão de satélite no país, particularmente através da televisão. Em 1998, a empresa passou por um processo de privatização pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, com o objetivo de impulsionar a modernização das telecomunicações brasileiras. Desde janeiro de 2015, a Embratel foi incorporada pela empresa Claro S.A.
O satélite Brasilsat A1 possuía um formato cilindro e uma antena direcional no seu topo que se abria após o lançamento. Com uma massa em órbita de 671 kg, a rotação era estabilizada entre 50 e 55 rpm e ficou estacionado sobre o meridiano 65º oeste. O satélite era alimentado por células solares que ofereciam 982 Watts e duas baterias de NiCd como reserva de energia. Ele tinha um poder de radiação incidente efetiva > 34 dBW para a maior parte do território brasileiro.
Satélite Brasilsat A1
Já em 1986, foi lançado o satélite Brasilsat A2, que, diferentemente do seu antecessor, tinha condições de atender não apenas as demandas do Brasil, mas também de alguns países da América Latina. Assim, os satélites Brasilsat A1 e A2 deram início ao Sistema Brasileiro de Telecomunicações por Satélite – SBTS.
Mais tarde, em 1994 e 1995, foram lançados outros dois satélites, Brasilsat B1 e Brasilsat B2, pois a vida útil dos satélites da primeira geração estava próxima do seu fim. Esta nova geração de satélites era mais potente que a anterior e possuía canais de comunicação com os outros países membros do Mercado Comum do Sul (Mercosul). Já em 1998, foi lançado o Brasilsat B3 que levou a comunicação por satélite à região Amazônica, deixando a comunicação mais rápida e efetiva com o resto do país e do mundo. Em 2000, foi lançado o Brasilsat B4, sendo o último da linha de satélites Brasilsat. Com a privatização da Embratel, a empresa Star One assumiu o comando de todos os satélites brasileiros e as próximas gerações de satélites foram nomeadas com o nome da empresa. Assim, de 2007 a 2016, foram lançadas a terceira e a quarta geração de satélites brasileiros: Star One C1, C2, C3 e C4 e Star One D1.
Contudo, os satélites lançados pela Star One não têm nenhuma relação com o Programa Espacial Brasileiro, estando o Brasil totalmente dependente de tecnologias de empresas privadas e de outros países para a sua comunicação civil e militar. Contudo, a Agência Espacial Brasileira (AEB), órgão do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, responsável por formular, coordenar e executar a política espacial brasileira, tem trabalhado para que a dependência fosse superada. Assim, em 2011, a AEB contratou uma empresa estrangeira para produzir dois novos satélites geoestacionários para suprir a lacuna nas telecomunicações brasileiras, mas que, desta vez, fossem operados pelo Centro de Operações Espaciais da Força Aérea Brasil e não por civis vinculados ao Ministério das Comunicações, tal como ocorreu com a linha Brasilsat. E, em maio de 2017, foi lançado o primeiro Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), com caráter de defesa estratégica.
Por outro lado, ainda que a Indústria Aeroespacial Brasileira, que é derivada da Indústria Aeronáutica, seja um dos maiores mercados deste setor, existem alguns desafios, uma vez que o parque industrial aeroespacial brasileiro é pequeno e exposto à dependência estrangeira e privada, como mencionado. Boa parte das empresas se localizam em São José dos Campos-SP e em outras regiões dos estados de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, em razão de abrigar universidades deste setor com cursos de Engenharia Aeroespacial. Contudo, por ser um número pequeno de universidades, apenas cinco, as empresas têm importado a mão de obra devido à falta dela no país. A Embraer é a principal companhia da área aeroespacial no Brasil, dominando quase 90% do mercado local. Outras grandes empresas no ramo são: Aeromot; Akaer; Avibrás;e Mectron.
De todo modo, o lançamento do Brasilsat A1 abriu novas possibilidades na área aeroespacial brasileira. Em março de 2002, o satélite foi retirado de serviço e enviado para a órbita do cemitério, local onde as espaçonaves são postas após sua vida útil.