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Renúncia de Hosni Mubarak frente a revolução egípcia – 11 de fevereiro de 2011

Revolução Egípcia, Primavera Árabe

Depois de anos vivendo em uma ditadura, com a economia afundando, Injustiças sociais e um alto controle por parte do Estado através dos militares e polícia, além de um alto nível de corrupção na administração de Hosni Mubarak levou o sentimento de frustração e descontento aos acontecimentos da revolução de 2011. A revolução que acontecia no Egito não era a única do país, começando na Tunísia os protestos contra governos ditatoriais e a favor da Liberdade, melhores condições de vida e democracia foram reivindicações de vários países no Oriente Médio (BIJOS; SILVA, 2015).

Um fator interessante nesses protestos era como se era organizado, através de redes sociais os protestos eram marcados além de serem divulgados e organizados, dessa forma, foi se possível uma junção de vários grupos com diferentes necessidades mas que se o ninho por um propósito em comum, uma vida diferente da qual eles viviam naquele momento. os protestantes, inicialmente, eram majoritariamente jovens, sendo creditado a eles o início da Revolução egípcia e da primavera árabe. Os protestos eram realizados nas praças das cidades, principalmente em Cairo, onde a praça tahrir ficou mundialmente conhecida por ser o palco da maior movimentação durante a primavera árabe,Os protestantes que estavam sofrendo com repressão dos militares, polícias e pessoas que apoiavam o governo de Mubarak, mas eles não se abalaram, mesmo com todas as mortes de protestantes e a alta repressão, a ideia era só deixar a praça quando a mudança viesse (BIJOS; SILVA, 2015).

Uma participação chave entre os protestantes, eram os grupos e organizações de mulheres que além de pedirem pela queda do presidente, também pediam  melhores condições e reivindicavam que seus direitos como mulheres fossem dados. as mulheres foram papel muito importante dentro das organização, além de passarem por vários casos de assédio e até mesmo estupro por pessoas pró-governo e militares durante  os protestos, elas não desistiram e formaram lugares de proteçãoem meio ao caos. Infelizmente, como acontece em toda revolução as mulheres estão presentes mas quando acontece a mudança nem sempre elas estão incluídas, apesar de certos direitos terem sido mantidos e conquistados – como direito ao divórcio – ainda há um longo caminho a ser trajado. 

Apesar  da longa espera da população por direitos e Por Justiça, a queda de mubarak não demorou muito, e assim como presidente da Tunísia que havia renunciado dias antes e deu poder e entendimento as outras populações do Oriente Médio de que era possível derrubar um um ditador duas semanas depois do começo dos protestos – dia 11 de fevereiro – Hosni Mubarak cede a pressão de sair do poder que renuncia a presidência (BIJOS; SILVA, 2015).

Egito democrático (2011-2013)

Com a renúncia de Hosni Mubarak e a esperança de uma população de que as coisas agora tomariam um rumo diferente, saindo de um regime mais militarizado para a tentativa de organizar um regime onde a democracia se tornaria o foco. O Egito de 2011 era um de esperança e muitas mudanças, mas também de uma certa instabilidade política, incertezas e apreensão para o futuro. Sendo assim, os jovens protestantes não pararam após a renúncia de Mubarak, as exigências não era para um novo comandante mas para um novo Egito, fazendo com que a renúncia em fevereiro de 2011 fosse só o começo de várias outras reivindicações da população egípcia, indo desde direitos das mulheres até direitos trabalhistas, a formação de novos partidos políticos e a promessa de um Egito mais justo e menos corrupto (PEREIRA, 2017).

Com essa nova onda democrática, Mohamed Morsi é eleito o 5º Presidente do Egito em 2012 como candidato do Partido da Liberdade e da Justiça e o primeiro Presidente a ser eleito de forma democrática no país, além de ser o primeiro civil – ou não militar – a ocupar tal cargo. Apesar do que foi pensado pela população, de que esse governo iria ser mais inclinado nas necessidades da população, Morsi tomou um rumo diferente. Membro da Irmandade Muçulmana, o novo presidente eleito seguia suas ideologias, ou seja, defendia a adoção da lei islâmica – sharia – no Egito, que por mais que seja um país de maioria muçulmana o Estado não adotada total e cegamente a sharia, sendo leis e políticas decididas pelo parlamento egípicio (PEREIRA, 2017).

Como membro da Irmandade Muçulmana, Morsi não tinha muita popularidade dentro da Irmandade e de acordo com outros membros nem carisma o suficiente para segurar a presidência. Sua nomeação como candidato à presidência egípcia foi uma surpresa até para os membros, que preferiam e esperavam Khairat el-Shater – membro antigo e com história de luta pela Irmandade e valores muçulmanos – essa preferência a outro significa que até mesmo dentro da Irmandade Muçulmana Mohamed Morsi não tinha grande apoio em seu nome,mas foi escolhido por ter relações mais próximas com os Estados Unidos (PEREIRA, 2017).

Os problemas políticos começaram a surgir no governo de Morsi com a retirada de Hussein Tantawi, o então Ministro da Defesa – um cargo que Tantawi exerceu desde a queda de Mubarak e que possuía muita força política em seu nome, desde então Tantawi se tornou um forte opositor ao governo Morsi. Além de afastar Tantawi, o novo presidente revogou os privilégios políticos dos militares, impedindo assim que os mesmos tivessem força para dar um golpe militar e derrubar seu governo. Com a queda de Tantawi foi então nomeado como novo Ministro da Defesa Abdel Fattah al-Sissi, antigo chefe dos serviços de inteligência militares. Além de todas essas mudanças Morsi também oficiou um decreto em 22 de agosto, onde ele se fazia acima de qualquer lei e jurisdição, ampliando seus poderes como chefe de Estado e no dia 30 do mesmo mês é aprovado em assembléia um projeto de constituição baseado nos princípios islâmicos – tal projeto só foi aprovado por haver um boicote ao projeto pelos opositores – com essas ações de Morsi e seu governo a população se revolta de novo e vai às ruas em protesto (PEREIRA, 2017).

Depois de muitos problemas quanto a nova constituição, onde os episódios de violência entre religiosos de diferentes crenças e opositores e apoiadores de Morsi estavam aumentando e ficando cada vez mais violentos, culminando em um novo golpe de Estado em 3 de julho de 2013 pelo então Ministro da Defesa Abdel Fattah al-Sissi e os militares, a presidência sendo assumida temporariamente até junho de 2014 por Adly Mahmoud Mansur, líder da Suprema Corte. Morsi então é preso e julgado por diversos crimes, sendo sentenciado à prisão perpétua e pena de morte, que depois é revogada. Morsi morre na prisão de Tora no Egito em 2019 (PEREIRA, 2017).

Egito Atualmente

Com todos os protestos e a imagem de instabilidade do país, a sua principal fonte econômica, o turismo teve uma diminuição drástica, chegando a perder até 2017 cerca 80% do turismo desde 2010. A crise econômica só piora com uma inflação galopante, que em setembro de 2016 atingia 16% e em dezembro já chegava aos 24% e no começo de 2017 chegando a 30%, em 2019 chegando a bater 1 Dólar americano convertendo em cerca de 17 Libras egípcias e em janeiro de 2022 não tendo diminuído muito essa diferença sendo aproximadamente 1 USD = 15,00 EGP. Além de todas as crises e instabilidades do país, a pandemia do coronavírus, um dos principais motivos da piora econômica e inflação foram as várias exigências do FMI mediante ao empréstimo de 12 milhões de dólares. 

Quanto a pandemia do coronavírus, assim como todos os países o Egito também sofreu grandes perdas, apesar de que menores se comparado a outros países foco da pandemia, no dia 17 de janeiro de 2022 o país registrava 401,308 mil casos e 22,142 mil mortes, com 35,4% da população com pelos menos a primeira dose da vacina em 15 de janeiro de 2022. O fechamento de fronteiras devido a pandemia também acaba prejudicando o turismo e a economia, já que mesmo que o Egito não tenha impedido estrangeiros de entrar no país, a volta para casa se torna difícil para muitos tanto pelo cancelamento de voos como pela quarentena obrigatória que está sendo exigida por alguns países.

Em termos políticos, o Egito está em um estado de certa paz, depois de tantos protestos dos quais levaram a muita instabilidade pareceu marcar a população preferindo de certa forma o status quo do que a instabilidade novamente. Desde 2014, al-Sisi se tornou o novo Presidente do Egito, estando atualmente no cargo e com previsão de ficar mais 30 anos no poder, trazendo a volta do autoritarismo ao poder. Com isso, podemos dizer que a revolução egípcia e a primavera árabe no Egito foram, infelizmente, uma tentativa falha da população de tentar um governo democrático, que deixou uma população extremamente marcada e sem esperanças de um Egito democrático por muito tempo ainda (POMED, 2017).

Referências bibliográficas

BIJOS, Leila; SILVA, Patrícia Almeida da. ANÁLISE DA PRIMAVERA ÁRABE: um estudo de caso sobre a revolução jovem no Egito. Cej, Brasília, v. , n. 59, p. 58-71, jun. 2015. Disponível em: https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/32022716/ANALISE_DA_PRIMAVERA_ARABE_UM_ESTUDO_DE_CASO_SOBRE_A_REVOLUCAO_NO_EGITO-with-cover-page-v2.pdf?Expires=1642981352&Signature=gy~wgd-W-1rtqwDUlhlcZN0ZhNAtTCrTDRiHWnIdU~ghss33DFEOmtzzYWt6Kn3o6ZXCtz7nXc~bSd41fYbO6-kRYJRreoigLX2odFwHJGDSTok7N8QOr9~A5bZdcidOr6BAHJ8E0f916pMZ9UuWH5DTEo0Sm~ZTsv6~gb4OtdAW-81jUqYj9mPrgEl~sbOzWUHxVsLzBkXJ448-V4MJLHwoFVr2OK9zP2woAV4CjxdtUSreqPGt4mD6WvzdGKhS5dduBfTf4Zy8s23bPAfo2JpSQCuLa-6sh7wg5pEhRcClT8vE839XsyhmG3UEIA9D4Jar0055axonyPBYqAKHfg__&Key-Pair-Id=APKAJLOHF5GGSLRBV4ZA. Acesso em: 23 jan. 2022.

PEREIRA, Jéssica Portes. O governo de Mohamed Morsi: a crise da democracia na política interna do Egito em 2012. 2017. 25 f. Monografia (Especialização) – Curso de Relações Internacionais, Pós Graduação de Relações Internacionais, Universidade de Brasília, Brasília, 2017. Disponível em: https://bdm.unb.br/bitstream/10483/19390/1/2017_JessicaPortesPereira.pdf. Acesso em: 17 jan. 2022.

POMED. A Dangerous Deterioration: Egypt Under al-Sisi: a conversation with dr. ashraf el sherif. A Conversation with Dr. Ashraf El Sherif. 2017. Disponível em: https://pomed.org/wp-content/uploads/2017/06/Ashraf_QA_FINAL.pdf. Acesso em: 18 jan. 2022.

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