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DeepSeek: Quando um avanço tecnológico muda o jogo geopolítico
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DeepSeek: Quando um avanço tecnológico muda o jogo geopolítico

Foto: Solen Feyissa via Unsplah

Antes de falar em DeepSeek, Gemini ou OpenAI, é fundamental que fique claro o que está em jogo. 

A corrida pelo domínio da inteligência artificial está centrada em quem desenvolverá um modelo versátil, capaz de atender a múltiplos usos e que seja acessível. Uma versão de IA otimizada para dirigir veículos teria um impacto significativo na economia do país que alcançar esse feito. Imagine: em vez de gastar 1 hora dirigindo, o cidadão poderia utilizar esse tempo para estudar, descansar ou trabalhar, aumentando sua produtividade e qualidade de vida.

Há inúmeros outros exemplos, mas o que transformará a humanidade de forma brutal será uma IA capaz de realizar atividades rotineiras, especialmente em países que enfrentam uma transição demográfica e precisam otimizar sua força de trabalho.

Quer outro exemplo de aplicação? As grandes indústrias podem revolucionar seus processos produtivos. Com uma IA integrada, as máquinas não apenas entenderiam suas atribuições, mas também seriam capazes de identificar erros, fazer ajustes em tempo real e evitar prejuízos, garantindo maior eficiência operacional e redução de desperdícios.

Bom, voltemos para a DeepSeek…

A ascensão da DeepSeek provocou um terremoto geopolítico e tecnológico, abalando o domínio das gigantes de tecnologia dos Estados Unidos e introduzindo um novo paradigma para o desenvolvimento de IA. Na segunda-feira, dia 27 de janeiro de 2025, a Nvidia viu quase US$ 600 bilhões serem apagados de seu valor de mercado, enquanto outras grandes empresas, como Microsoft, Alphabet e Amazon, sofreram quedas expressivas. O motivo? O lançamento do DeepSeek R1, um chatbot altamente eficiente e acessível, que desafia as premissas fundamentais sobre os custos e o acesso à IA.

A Ascensão da DeepSeek e a Nova Ordem Tecnológica

A DeepSeek, fundada em 2023 pelo hedge fund chinês High Flyer, representa um ponto de inflexão no mercado de IA. Seu modelo R1 não é apenas um avanço tecnológico, mas um golpe estratégico na supremacia americana em inteligência artificial. Ele demonstra que a inovação em IA não precisa ser monopolizada por grandes corporações com recursos praticamente ilimitados. O DeepSeek R1 desafia o status quo ao provar que modelos mais eficientes podem ser desenvolvidos com menos recursos computacionais e menor custo, desafiando as premissas estabelecidas pelos líderes do setor nos EUA.

Por que os EUA e suas corporações de tecnologia temem a DeepSeek?

Os diferenciais do DeepSeek R1 são significativos e reconfiguram o paradigma do desenvolvimento de inteligência artificial. Sua eficiência computacional reduz drasticamente a necessidade de hardware avançado, tornando a IA mais acessível e menos dependente de grandes infraestruturas. Além disso, a DeepSeek conseguiu desenvolver seus modelos sem acesso às GPUs mais poderosas da Nvidia, desafiando as restrições impostas pelos Estados Unidos à exportação de chips avançados para empresas chinesas e evidenciando sua independência dos recursos tecnológicos ocidentais.

Outro aspecto é a abordagem de código aberto do chatbot, que permite modificação e adaptação, mas mantém o modelo subjacente proprietário. Isso garante à China um controle estratégico sobre sua tecnologia, ao mesmo tempo em que projeta uma imagem de transparência e acessibilidade. No entanto, essa abertura é limitada pelo alinhamento do DeepSeek R1 às diretrizes do Partido Comunista Chinês, resultando na filtragem de respostas e conformidade ideológica. Esse fator levanta preocupações sobre viés, liberdade de informação e os impactos de uma IA desenvolvida sob forte regulação estatal.

Mas essa não é a questão central, até porque a IA que conduzirá o carro será uma versão limitada, focada exclusivamente na direção, sem envolvimento em debates políticos. A discussão sobre o viés ideológico das IAs é relevante, mas, nesse caso, você pode escolher qual modelo de IA generativa deseja utilizar – seja um influenciado pelos EUA ou pela China. Isso reforça um ponto fundamental: o desenvolvimento pessoal. Você também é uma inteligência, e é essencial saber interpretar, analisar criticamente e tomar decisões informadas.

Deepseek

Impactos Geopolíticos e a Competição EUA-China

O surgimento do DeepSeek R1 não apenas impacta o equilíbrio de poder no setor de tecnologia, mas também redefine o cenário das relações internacionais. A intensificação das disputas comerciais, científicas e tecnológicas entre EUA e China têm impulsionado uma corrida pela liderança em inteligência artificial, levando diversos países e empresas a investirem massivamente no setor. 

O governo americano, na tentativa de manter sua posição hegemônica no cenário tecnológico, iniciou ainda no primeiro governo Trump um processo de restrição ao envio de tecnologias sensíveis para a China. Em 2018, o Departamento de Comércio dos EUA adicionou a Huawei à Entity List, proibindo empresas americanas de fornecerem semicondutores e software sem aprovação do governo. Desde então, as restrições se expandiram para incluir a proibição de exportação de chips avançados, como os da Nvidia e AMD, além de restrições ao fornecimento de equipamentos de litografia para a produção de semicondutores, visando impedir que a China desenvolvesse capacidades autossuficientes na fabricação de chips de última geração.

Essa estratégia faz parte de uma guerra tecnológica mais ampla, na qual os EUA tentam conter a ascensão chinesa e garantir uma vantagem competitiva para suas corporações em setores estratégicos como inteligência artificial, telecomunicações, satélites e computação quântica. A administração Biden ampliou essas restrições em 2022 e 2023, proibindo empresas americanas e aliadas, como a ASML da Holanda, de vender equipamentos essenciais para a produção de chips de alta performance à China.

No entanto, a resposta chinesa tem sido rápida e eficaz. O DeepSeek R1 evidencia que a China tem conseguido desenvolver estratégias alternativas, contornando as sanções e investindo fortemente em capacidade tecnológica própria. Empresas chinesas, como a SMIC, têm avançado na produção de semicondutores de 7 nm, enquanto gigantes da tecnologia, como Baidu, Alibaba e Huawei, investem pesadamente no desenvolvimento de modelos de IA que competem diretamente com as soluções americanas. Esse avanço reforça a capacidade da China de inovar de maneira independente, consolidando sua competitividade no cenário tecnológico e reduzindo sua dependência de fornecedores estrangeiros.

Resposta Americana 

Como os EUA e seus aliados conseguirão reagir de forma estratégica ou se limitarão a medidas protecionistas?

A ascensão do DeepSeek desafia diretamente a supremacia dos EUA na inteligência artificial, expondo a vulnerabilidade das empresas americanas que dependem de modelos caros e altamente concentrados. A resposta pode determinar o futuro da liderança tecnológica global, mas, até o momento, o pânico nos mercados reflete a falta de um plano coeso para enfrentar essa nova realidade.

O presidente Donald Trump declarou que o sucesso do DeepSeek “deveria ser um alerta para as empresas de tecnologia dos EUA”, destacando que o modelo chinês ameaça a posição dominante das gigantes americanas ao oferecer IA de alta performance a um custo significativamente mais baixo. Embora Trump tenha reconhecido que um modelo mais barato pode ser um avanço positivo para o setor, a resposta política americana pode se inclinar para novas restrições comerciais. O presidente da Câmara, Mike Johnson, classificou a China como um “terrível parceiro comercial”, enquanto o deputado John Moolenaar exigiu sanções mais severas contra a infraestrutura da DeepSeek, alegando que a IA chinesa “risca da história as atrocidades do Partido Comunista Chinês”.

Entretanto, o APP de Chat da DeepSeek se tornou um dos mais baixados nos EUA e em diferentes partes do mundo. Para além da curiosidade, se demonstrou muito bom em responder questões complexas e em gerar linhas de código.

 A crescente aceitação do DeepSeek no Ocidente pode acelerar a difusão do padrão tecnológico chinês, colocando em xeque a hegemonia dos EUA na definição de regulamentações e diretrizes para o setor. Com um modelo de código aberto e menos dependente de semicondutores de ponta, a DeepSeek permite que novos players entrem no mercado sem a necessidade de infraestrutura cara, o que pode reduzir a influência das empresas americanas em mercados emergentes. 

Se os EUA não conseguirem se adaptar rapidamente e oferecer alternativas competitivas, o jogo pode virar a favor da China, consolidando seu protagonismo e enfraquecendo o domínio ocidental sobre as principais plataformas digitais do futuro.

Conclusão: O Futuro da IA e a Nova Corrida Tecnológica

A ascensão da DeepSeek não se trata apenas de uma disrupção no mercado de IA; ela marca o início de uma nova era na competição global pela supremacia tecnológica. A China demonstrou que pode liderar a inovação sem depender das infraestruturas ocidentais, colocando em xeque o domínio dos EUA. A resposta dos gigantes da tecnologia e dos governos ocidentais determinará o futuro da inteligência artificial e suas implicações para o equilíbrio de poder mundial.

Diante desse cenário, o Brasil e outros países precisarão adotar estratégias ousadas para garantir sua relevância na nova ordem tecnológica. Enquanto isso, a DeepSeek segue redefinindo os limites do que é possível em IA, e a corrida por inovação nunca foi tão acirrada.O Brasil, entretanto,  com baixo investimento em IA e sem adaptar tecnologias à sua realidade, está ficando para trás. Enquanto potências avançam, o país carece de políticas eficazes e infraestrutura para inovação. O avanço da DeepSeek, com seu código aberto e menor exigência de hardware, abre espaço para novos players, mas sem um esforço coordenado, o Brasil seguirá dependente de tecnologia estrangeira.

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