Modo Escuro Modo Luz
Modo Escuro Modo Luz
person carrying bag walking in front of store person carrying bag walking in front of store

O Caminho Sul-Coreano para o Poder Inteligente: Entre Potências e Estratégias

A trajetória da Coreia do Sul no sistema internacional é uma das mais notáveis transformações geopolíticas do século XX. De país devastado pela guerra e dependente de ajuda externa, a República da Coreia tornou-se uma potência econômica, tecnológica e cultural. Essa ascensão não se limitou à dimensão material do poder; ela foi acompanhada por um projeto estratégico que combina soft power e hard power, estruturando o que Joseph Nye denominou de smart power — o uso coordenado de persuasão e força para alcançar objetivos internacionais.

No período posterior à Guerra da Coreia (1950–1953), a política externa sul-coreana era reativa, fortemente dependente dos Estados Unidos e centrada em objetivos de sobrevivência estatal. O foco era a dissuasão da ameaça representada pelo regime norte-coreano, o que implicava um alinhamento quase automático com a lógica bipolar da Guerra Fria. Durante as décadas de 1950 e 1960, a Coreia do Sul concentrou-se na consolidação interna do Estado, com prioridade para segurança nacional e reconstrução econômica, sustentada por um pacto estratégico com Washington.

Esse modelo, entretanto, começou a se modificar a partir da década de 1970, à medida que a Coreia do Sul alcançava níveis crescentes de industrialização e desenvolvia capacidades autônomas de planejamento estratégico. A base econômica sólida — sustentada por conglomerados como Samsung, Hyundai e LG, que foram apoiados por políticas estatais ativas — permitiu uma projeção mais assertiva no cenário internacional. A emergência de uma sociedade civil vibrante e os primeiros sinais de abertura democrática nos anos 1980 criaram o ambiente político-institucional necessário para que o país passasse a utilizar instrumentos não militares de influência internacional.

O Caminho Sul-Coreano para o Poder Inteligente: Entre Potências e Estratégias 1

A mudança de postura se intensificou com a democratização consolidada nos anos 1990, permitindo à Coreia do Sul construir uma diplomacia mais ativa, multifacetada e sensível à sua imagem externa. Ao mesmo tempo em que mantinha alianças tradicionais — sobretudo com os EUA e Japão — o país começou a diversificar suas relações, promovendo-se como um ator confiável em iniciativas de segurança regional e engajado com as normas da governança mundial.

Esse reposicionamento marca o início de uma nova etapa: a Coreia do Sul como uma potência média estratégica, que se projeta não apenas por sua economia ou posição geográfica, mas por sua capacidade de influenciar corações e mentes ao redor do mundo por meio da cultura, da tecnologia e da diplomacia pública.

Cultura, Identidade e Geopolítica

O uso de soft power pela Coreia do Sul é fruto de uma estratégia estatal deliberada, e não de um fenômeno espontâneo. Esse modelo se consolidou a partir do governo de Kim Dae-jung (1998–2003), com a implementação da chamada Política do Sol, que propunha a reconciliação gradual com a Coreia do Norte por meio de diálogo, cooperação econômica e intercâmbio cultural. A nova abordagem buscava reduzir tensões na península ao substituir a retórica militarista pela promoção de uma identidade pacífica, democrática e desenvolvida. A diplomacia cultural passou, assim, a fazer parte do aparato de segurança do Estado.

Essa inflexão estratégica ocorreu em um momento de transição na ordem internacional, marcado pela reconfiguração da ordem internacional pós-Guerra Fria, a ascensão da China como potência regional e o fortalecimento das economias emergentes. A Coreia do Sul, ciente de suas limitações geopolíticas, adotou a cultura como eixo central de sua política externa. O fenômeno conhecido como Hallyu (Onda Coreana) tornou-se um pilar diplomático, com o país investindo sistematicamente em música (K-pop), cinema (k-drama/dorama), televisão, literatura, design, gastronomia e tecnologia como canais de influência internacional.

Em 2022, o setor cultural e criativo da Coreia do Sul respondeu por mais de US$ 12 bilhões em exportações, sendo o K-pop responsável por 10% desse total. Grupos como BTS e BLACKPINK tornaram-se embaixadores informais do país, alcançando bilhões de visualizações no YouTube e acumulando premiações internacionais que conferem prestígio e atenção diplomática. O sucesso midiático e comercial tem sido amplamente promovido por agências como o Ministério da Cultura, Esportes e Turismo, o Korean Foundation for International Cultural Exchange (KOFICE) e o Korea Creative Content Agency (KOCCA), que atuam de forma coordenada com a diplomacia oficial.

Essa política cultural não é apenas voltada ao entretenimento. Ela reforça a segurança nacional ao moldar a percepção internacional sobre a Coreia do Sul como um país estável, democrático, tecnológico e aberto ao diálogo. Em uma região caracterizada por disputas territoriais com Japão e China, a ameaça nuclear da Coreia do Norte e o dilema estratégico entre EUA e China, a construção de uma imagem positiva serve para mitigar pressões externas e ampliar o leque de alianças diplomáticas.

O soft power sul-coreano fortalece seu hard power, ao melhorar o ambiente internacional para o investimento, a cooperação em segurança e a inserção em fóruns multilaterais. A recepção favorável à cultura coreana em países do Sudeste Asiático, Europa, América Latina e até no Oriente Médio tem ampliado a legitimidade de Seul como ator-chave no Indo-Pacífico. Em 2010, por exemplo, a Coreia foi o primeiro país asiático não pertencente ao G7 a sediar uma cúpula do G20, um marco de reconhecimento internacional que se sustenta tanto em seu peso econômico quanto na força simbólica de sua projeção cultural.

Ao integrar diplomacia pública, políticas de segurança e construção de imagem, a Coreia do Sul criou um modelo singular, onde soft power não é uma alternativa ao hard power, mas um pilar complementar. Em tempos de disputas assimétricas e narrativas polarizadas, essa estratégia amplia a resiliência e o protagonismo internacional do país.

Limites e Desafios do Modelo Sul-Coreano

Apesar do sucesso notável do soft power sul-coreano, sua eficácia enfrenta limites estruturais e geopolíticos relevantes, especialmente em um contexto marcado pela intensificação das rivalidades entre Estados Unidos e China e o aprofundamento das tensões com a Coreia do Norte. A Coreia do Sul está inserida em uma região altamente militarizada, com atores nucleares, disputas territoriais históricas e ambições estratégicas em constante expansão.

O desafio central da diplomacia cultural sul-coreana é equilibrar sua projeção internacional com os imperativos de segurança regional. A aproximação com países do Sudeste Asiático, por meio de iniciativas como a Nova Política do Sul (New Southern Policy), buscou diversificar os parceiros estratégicos e diminuir a dependência de Washington. Contudo, a Coreia do Sul ainda depende fortemente da aliança com os EUA, que mantém cerca de 28.500 tropas estacionadas no país e responde por uma parcela significativa do aparato de defesa de Seul.

Ao mesmo tempo, a crescente assertividade da China e sua reação ao fortalecimento de vínculos entre Coreia do Sul e EUA — como no caso do sistema antimíssil THAAD (Terminal High Altitude Area Defense) instalado em 2017 — geraram tensões comerciais e diplomáticas, afetando diretamente o alcance do Hallyu em território chinês. Essa situação revelou os limites do soft power frente a pressões geoeconômicas, onde os instrumentos culturais são vulneráveis a decisões políticas de atores rivais.

Outro campo de desafios é o relacionamento com a Coreia do Norte. Embora a Política do Sol e seus desdobramentos tenham produzido avanços momentâneos no diálogo intercoreano, os impasses continuam. Os testes de mísseis de longo alcance, as ameaças nucleares e o discurso beligerante do regime de Kim Jong-un tornam difícil sustentar iniciativas de reconciliação sustentadas apenas pelo soft power. O governo sul-coreano alterna entre momentos de distensão e endurecimento, dependendo da conjuntura regional e das lideranças em exercício.

Além disso, as mudanças internas nos ciclos políticos também impactam a consistência da política externa sul-coreana. Presidentes progressistas tendem a favorecer o engajamento com o Norte e uma diplomacia cultural ativa, enquanto governos conservadores enfatizam o alinhamento com os EUA e o reforço militar. Isso dificulta a formulação de uma estratégia de longo prazo coesa e estável, o que fragiliza a imagem do país em contextos multilaterais.

Por fim, o sucesso mundial do Hallyu coloca uma pressão adicional sobre o Estado sul-coreano: manter a autenticidade cultural e responder a críticas internacionais sobre questões como direitos trabalhistas na indústria do entretenimento, saúde mental dos artistas e nacionalismo cultural exacerbado. Essas controvérsias, se não forem bem geridas, podem minar o próprio capital simbólico acumulado nas últimas décadas.

O Caminho Sul-Coreano para o Poder Inteligente: Entre Potências e Estratégias 2
Blackpink Coachella 2023

A Ascensão Regional da Coreia do Sul

A trajetória da Coreia do Sul como ator regional relevante na Ásia é marcada por uma transformação extraordinária no pós-Segunda Guerra Mundial. A partir de um território devastado pela colonização japonesa (1910–1945) e, em seguida, pela Guerra da Coreia (1950–1953), o país trilhou um caminho de reconstrução e crescimento que alterou radicalmente sua posição no sistema internacional.

Durante os anos da Guerra Fria, a Coreia do Sul era vista principalmente como uma peça no tabuleiro geopolítico dos Estados Unidos, inserida em uma lógica de contenção ao comunismo. Sua política externa, nesse período, era reativa, fortemente dependente do apoio militar e econômico norte-americano, e centrada na sobrevivência frente à ameaça constante da Coreia do Norte.

Contudo, a partir dos anos 1970, especialmente com a aceleração da industrialização e o fortalecimento do Estado, a Coreia começou a redefinir sua posição na região. O processo de transição democrática, iniciado nos anos 1980 e consolidado nos anos 1990, deu legitimidade internacional ao país e abriu espaço para uma política externa mais autônoma e proativa.

O que distingue a ascensão da Coreia do Sul em relação a outros países em desenvolvimento é a sua capacidade de combinar crescimento econômico acelerado, estabilidade política e engajamento regional estratégico. A partir dos anos 2000, os governos sul-coreanos passaram a articular uma identidade de potência média (middle power), com foco em multilateralismo, mediação e cooperação.

Em vez de disputar hegemonia regional com potências como China ou Japão, a Coreia do Sul buscou se posicionar como facilitadora de diálogo, provedora de bens públicos regionais (como ajuda ao desenvolvimento e cooperação tecnológica) e modelo de modernização bem-sucedida. Sua influência passou a ser medida não apenas em termos militares, mas também pela sua capacidade de projetar normas, modelos e políticas na Ásia-Pacífico.

Essa ascensão foi acompanhada por uma reconfiguração institucional, com maior presença em fóruns multilaterais regionais e o fortalecimento da diplomacia bilateral, especialmente com países do Sudeste Asiático. A política externa sul-coreana passou, assim, a ser estruturada não apenas por ameaças, mas por oportunidades estratégicas.

Segurança e Diplomacia

A posição estratégica da Coreia do Sul na geopolítica asiática é um resultado direto da combinação entre fatores históricos, militares e econômicos. Desde o fim da Guerra Fria, o país deixou de ser visto meramente como um aliado periférico dos Estados Unidos para se transformar em um ator essencial para a segurança regional e mundial.

Paralelamente à aliança com os EUA, a Coreia do Sul adotou estratégias complementares para gerenciar seu ambiente de segurança regional. Uma das mais notáveis é a política conhecida como Nordpolitik, implementada a partir do final dos anos 1980, que buscou estabelecer relações diplomáticas e comerciais com os aliados tradicionais da Coreia do Norte, especialmente a China e a Rússia, diminuindo assim o isolamento diplomático do país.

Nos anos mais recentes, especialmente sob os governos de Moon Jae-in (2017–2022) e Yoon Suk-yeol (2022–2025), houve uma ênfase renovada na ampliação de parcerias regionais. Moon promoveu a chamada New Southern Policy, com o objetivo explícito de fortalecer laços econômicos e estratégicos com os países do Sudeste Asiático e com a Índia, para diversificar sua dependência estratégica dos Estados Unidos e China.

Coreia do Norte e Diplomacia Intercoreana

Outro eixo fundamental da diplomacia de segurança sul-coreana é a questão norte-coreana. Seul tem adotado historicamente uma política que alterna momentos de contenção militar e de abertura diplomática, refletindo as oscilações internas entre governos progressistas e conservadores. Em 2000 e 2007, por exemplo, ocorreram encontros históricos entre líderes das duas Coreias (Kim Dae-jung e Roh Moo-hyun com Kim Jong-il). Mais recentemente, entre 2018 e 2019, Moon Jae-in realizou três cúpulas com Kim Jong-un, resultando na Declaração de Panmunjom, que buscava reduzir tensões militares e promover cooperação econômica intercoreana.

Contudo, apesar desses esforços diplomáticos, a questão nuclear norte-coreana permanece sem solução, e Pyongyang continua realizando testes militares e ameaças diretas, impondo limites claros à estratégia sul-coreana.

Atores Multilaterais e Fórum Regional da ASEAN

No âmbito multilateral, a Coreia do Sul intensificou sua participação em fóruns de segurança como o Fórum Regional da ASEAN (ARF), o Diálogo Shangri-La, e o mecanismo ASEAN+3 (ASEAN com China, Japão e Coreia do Sul). Nestes espaços, Seul defende posições moderadas, promovendo o diálogo, mediação e o estabelecimento de normas regionais, em especial voltadas à prevenção de conflitos e ao fortalecimento da estabilidade regional.

Em síntese, a influência regional sul-coreana em termos de segurança e diplomacia é marcada por um equilíbrio delicado entre alianças tradicionais e engajamento estratégico autônomo, refletindo um país que busca consolidar uma posição geopolítica estável e relevante na Ásia, apesar das complexas rivalidades que permeiam o cenário regional.

Diplomacia Cultural e o Fenômeno Hallyu

A ascensão regional da Coreia do Sul não se limita apenas ao campo econômico e militar, mas também à capacidade do país de projetar influência cultural e simbólica, o que o especialista em Relações Internacionais Joseph Nye conceituou como soft power. Este recurso estratégico tornou-se um componente essencial da política externa sul-coreana, consolidando seu prestígio e expandindo sua influência regional e global por meio da disseminação cultural e tecnológica.

O fenômeno do Hallyu, ou onda coreana, emergiu de maneira visível no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, inicialmente com a popularização de dramas televisivos, filmes e música pop (K-pop) em países vizinhos como Japão, China e Vietnã. Posteriormente, tornou-se uma tendência de alcance mundial, especialmente com o avanço da internet e das redes sociais, permitindo que produtos culturais sul-coreanos alcançassem audiências muito mais amplas e diversificadas. 

A Coreia do Sul adotou uma política deliberada e institucionalizada de promoção cultural internacional. O governo criou diversas instituições, como a Korean Foundation for International Cultural Exchange (KOFICE) e o Korea Creative Content Agency (KOCCA), responsáveis pela difusão do Hallyu e pela promoção cultural em mercados estratégicos. Além disso, iniciativas diplomáticas, como a New Southern Policy, incorporam explicitamente a promoção cultural em seus programas, facilitando parcerias regionais e diálogos interculturais com países do Sudeste Asiático.

O alcance global de grupos como BTS e BLACKPINK é emblemático desse sucesso. O grupo BTS, por exemplo, gerou sozinho cerca de US$ 5 bilhões anuais para a economia sul-coreana entre turismo, consumo de produtos relacionados e atividades de marketing indireto. Em 2020, o grupo recebeu o título de “Enviado Presidencial Especial para Cultura e Gerações Futuras”, destacando como o soft power cultural é oficialmente reconhecido pelo governo como parte da diplomacia sul-coreana.

A estratégia cultural sul-coreana encontrou um terreno fértil no Sudeste Asiático. Países como Vietnã, Indonésia, Filipinas, Tailândia e Malásia apresentam altas taxas de consumo de conteúdo coreano, com mais de 80% dos jovens da região reconhecendo positivamente os produtos culturais sul-coreanos, segundo pesquisa da KOCCA em 2022. Isso ajudou a Coreia do Sul a melhorar sua imagem diplomática, abrindo portas para acordos econômicos e parcerias estratégicas mais amplas.

O sucesso do soft power sul-coreano na região também permitiu maior influência em temas complexos de segurança, cooperação econômica e diplomacia multilateral. A projeção de uma imagem democrática, moderna e inovadora contrasta fortemente com a narrativa agressiva e militarizada da Coreia do Norte e serve como um contrapeso à ascensão da China, oferecendo aos países da ASEAN uma alternativa diplomática mais neutra e construtiva.

Limitações e Desafios do Soft Power

Contudo, o uso do soft power sul-coreano como instrumento diplomático enfrenta limitações. A eficácia do soft power depende significativamente de fatores externos e conjunturais, como as tensões políticas regionais ou disputas geopolíticas maiores. A reação negativa da China à instalação do sistema antimísseis THAAD em 2017 exemplifica como tensões políticas podem rapidamente enfraquecer iniciativas culturais e econômicas sul-coreanas, mostrando os limites do soft power quando confrontado por questões de segurança tradicional.

Além disso, o crescimento exponencial da indústria cultural sul-coreana também trouxe desafios internos relacionados à sustentabilidade desse modelo, como problemas de saúde mental, condições de trabalho e alta pressão sobre artistas. Esses desafios, se não geridos adequadamente, podem comprometer o potencial do soft power no longo prazo.

Apesar desses desafios, o soft power permanece uma ferramenta central na estratégia regional da Coreia do Sul. O país continuará investindo na expansão da influência cultural, integrando essa abordagem à sua diplomacia de segurança, economia e cooperação internacional. Dessa forma, o Hallyu deverá permanecer uma marca forte da Coreia do Sul no sistema internacional, não apenas como fenômeno cultural, mas como uma estratégia deliberada para moldar o ambiente regional em benefício de seus interesses nacionais.

O Caminho Sul-Coreano para o Poder Inteligente: Entre Potências e Estratégias 3
Website |  + posts

Analista de Relações Internacionais, organizador do Congresso de Relações Internacionais e editor da Revista Relações Exteriores. Professor, Palestrante e Empreendedor.

Adicionar um comentário Adicionar um comentário

Deixe um comentário

Post Anterior
BRICS: Brasil tem posição de liderança em tempos de múltiplas crises globais

BRICS: Brasil tem posição de liderança em tempos de múltiplas crises globais

Próximo Post
Por que Israel desafiou Trump - e arriscou uma grande guerra - ao atacar o Irã agora? E o que vem a seguir?

Por que Israel desafiou Trump - e arriscou uma grande guerra - ao atacar o Irã agora? E o que vem a seguir?

Advertisement