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Por que Israel desafiou Trump – e arriscou uma grande guerra – ao atacar o Irã agora? E o que vem a seguir?
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Por que Israel desafiou Trump – e arriscou uma grande guerra – ao atacar o Irã agora? E o que vem a seguir?

Foto por Javad Pourvahab. Via Wikicommons. (CC BY-SA 4.0)

Alarmado por uma avaliação de inteligência de que o Irã poderá produzir armas nucleares em questão de meses ou semanas, Israel lançou uma maciça campanha aérea visando destruir o programa nuclear do país.

Os ataques aéreos israelenses atingiram a principal instalação de enriquecimento nuclear do Irã em Natanz, além de suas defesas aéreas e instalações de mísseis de longo alcance. Entre os mortos estão Hossein Salami, chefe do poderoso Corpo da Guarda Revolucionária do Irã; Mohammad Bagheri, comandante-em-chefe das forças armadas; e dois proeminentes cientistas nucleares.

O Líder Supremo iraniano, Ayatollah Ali Khamenei, prometeu “punição severa” em resposta. O Irã poderia alvejar instalações nucleares israelenses e bases americanas no Golfo Pérsico. Israel afirmou que o Irã lançou 100 drones em sua direção horas após o ataque.

O Oriente Médio está mais uma vez à beira de uma guerra potencialmente devastadora, com sérias implicações regionais e globais.

Negociações nucleares estagnadas

As operações israelenses ocorrem no contexto de uma série de negociações nucleares inconclusivas entre EUA e Irã. Essas negociações começaram em meados de abril a pedido do presidente Donald Trump, com o objetivo de alcançar um acordo em meses.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu se opôs às negociações, pressionando por ação militar como a melhor opção para deter o programa nuclear iraniano.

Os esforços diplomáticos estagnaram nas últimas semanas devido à exigência de Trump de que o Irã concordasse com enriquecimento zero de urânio e destruísse seu estoque de cerca de 400 kg de urânio enriquecido a 60% de pureza – nível que poderia ser rapidamente elevado a grau bélico.

Teerã se recusou, chamando isso de “inegociável”.

Netanyahu há muito promete eliminar o que chamou de “polvo” iraniano – a vasta rede de afiliados regionais do regime, incluindo Hamas em Gaza, Hezbollah no Líbano, o regime do ex-líder sírio Bashar al-Assad e os rebeldes Houthis no Iêmen.

Após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, o exército israelense degradou consideravelmente esses afiliados iranianos, um por um. Agora, Netanyahu decidiu decapitar o polvo.

Trump mantendo distância

Netanyahu já pediu anteriormente que Washington se juntasse a ele em uma operação militar contra o Irã. No entanto, sucessivos líderes americanos não acharam desejável iniciar ou se envolver em outra guerra no Oriente Médio, especialmente após o fiasco no Iraque e a fracassada intervenção no Afeganistão.

Apesar de seu forte compromisso com a segurança e supremacia regional de Israel, Trump manteve essa postura por duas razões importantes.

Ele não esqueceu os cálidos cumprimentos de Netanyahu a Joe Biden quando derrotou Trump nas eleições presidenciais americanas de 2020.

Trump também não quis se alinhar muito a Netanyahu às custas de suas lucrativas relações com Estados árabes ricos em petróleo. Ele recentemente visitou Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes em uma viagem ao Oriente Médio, ignorando Israel.

Na verdade, nesta semana Trump havia alertado Netanyahu para não fazer nada que pudesse prejudicar as negociações nucleares EUA-Irã. Ele estava ansioso para fechar um acordo para reforçar sua autodeclarada reputação como mediador de paz, apesar de não ter se saído muito bem nessa frente até agora.

Mas quando as negociações nucleares pareciam chegar a um impasse, Netanyahu decidiu que era o momento de agir.

O governo Trump se distanciou do ataque, afirmando não ter envolvimento. Resta saber se os EUA agora se envolverão para defender Israel caso o Irã retali.

O que uma guerra mais ampla poderia significar

Israel mostrou que tem capacidade de desencadear poder de fogo esmagador, causando sérios danos às instalações nucleares e militares do Irã. Mas o regime islâmico iraniano também tem capacidade de retaliar com todos os meios à sua disposição.

Apesar de enfrentar sérios problemas domésticos em frentes políticas, sociais e econômicas, o Irã ainda pode alvejar ativos israelenses e americanos na região com mísseis e drones avançados.

Também tem capacidade para fechar o Estreito de Ormuz, por onde passam 20-25% do petróleo e gás natural liquefeito globais. Importante, o Irã também tem parcerias estratégicas com Rússia e China.

Dependendo da natureza e escopo da resposta iraniana, o conflito atual poderia facilmente se transformar em uma guerra regional incontrolável, sem vencedores claros. Um grande conflito não só desestabilizaria ainda mais um Oriente Médio já volátil, como também abalaria o frágil cenário geopolítico e econômico global.

O Oriente Médio não pode se permitir outra guerra. Trump tinha boas razões para conter o governo de Netanyahu durante as negociações nucleares para tentar fechar um acordo.

Se esse acordo pode ser salvo no meio do caos é incerto. A próxima rodada de negociações estava marcada para domingo em Omã, mas o Irã disse que não compareceria e todas as conversas estavam suspensas até novo aviso.

Irã e EUA, sob Barack Obama, já haviam fechado um acordo nuclear antes – o Plano de Ação Conjunto Global. Embora Netanyahu o tenha chamado de “o pior acordo do século”, ele parecia estar funcionando até que Trump, instado por Netanyahu, se retirou unilateralmente em 2018.

Agora, Netanyahu adotou a abordagem militar para frustrar o programa nuclear iraniano. E a região – e o resto do mundo – terão que esperar para ver se outra guerra pode ser evitada antes que seja tarde demais.

Texto traduzido do artigo Why did Israel defy Trump – and risk a major war – by striking Iran now? And what happens next?, de Amin Saikal, publicado por The Conversation sob a licença Creative Commons Attribution 3.0. Leia o original em: The Conversation.

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