No dia 14 de janeiro de 2016, a Organização Mundial da Saúde declarou o fim da maior epidemia do vírus Ebola que ocorreu na África Ocidental. O surto teve início em 2013 e durante esse período mais de 11 mil mortes foram registradas.
A Epidemia de Ebola
O Ebola é um vírus que tem como principal sintoma a febre hemorrágica. Sendo um vírus com a taxa de letalidade muito alta, sua transmissão se dá através do contato direto com pessoas ou animais infectados. O vírus Ebola foi descoberto em 1976 na África, e a partir disso pequenos surtos foram registrados. Por ser um vírus com uma taxa de transmissão não muito alta, esses surtos não evoluíram para uma disseminação maior.
![Organização Mundial da Saúde declara o fim da epidemia de Ebola - 14 de janeiro de 2016 1 Países africanos atingidos pela Epidemia de bola](https://relacoesexteriores.com.br/wp-content/uploads/2021/01/Paises-africanos-afetados-pela-epidemia-de-ebola-1024x544.png)
Porém, em 2013 foram registrados alguns casos de Ebola em Guiné e os países Libéria e Serra Leoa logo também registraram casos. Outros pequenos surtos também ocorreram na Nigéria e Mali, e foram registrados casos isolados e controlados em Senegal, Reino Unido, Itália, Estados Unidos e Espanha.
Como já citado, o vírus Ebola tem uma taxa de transmissão não muito alta, o que levou aos questionamentos do porque esse surto inicial ter evoluído para uma epidemia. Foram apontados que o fato de os países africanos não estarem preparados para uma epidemia como essa, principalmente relacionado ao sistema de saúde, contribuiu com uma maior disseminação dos vírus, como foi o caso dos profissionais da saúde que em 2014 representavam 10% dos mortos por ebola.
Além disso, contaminações através de pessoas já falecidas, por conta dos costumes funerários adotados, também foram muito registradas e foram indicadas como mais um fator que contribuiu para o aumento dessa disseminação. Porém, a Organização dos Médicos Sem Fronteiras, uma organização que ajudou muito no combate ao ebola, aponta esse aumento para uma outra causa, como citou a presidente internacional do MSF ao discursar sobre o Ebola no Fórum Global de Parceiros da Fundação Bill & Melinda Gates.
O Ebola ficou fora de controle por causa da falta de liderança, vontade e responsabilidade políticas, não por causa da falta de financiamento, sistemas de alerta precoce, coordenação ou tecnologias médicas. MSF começou a trabalhar com o Ebola em março 2014 e fez um apelo para que fossem tomadas medidas para conter o “massacre” em junho. Mas nada aconteceu.[..] O mundo assistiu de braços cruzados enquanto o Ebola destruiu famílias, comunidades e sistemas de saúde. Desde o início do surto ONGs mantinham programas no país. […] Mas naqueles primeiros meses mortais, ninguém soou o alarme e ninguém estava preparado para atender os pacientes diretamente. Foi apenas quando um diplomata infectado voou para a Nigéria em julho e quando um americano ficou doente em agosto que o mundo acordou e tomou medidas para impedir a chegada do Ebola a seus países. Mas milhares de pessoas já estavam mortas ou morrendo. Muito pouco, muito tarde.
Após ter contaminado cerca de 28.600 pessoas e 11 mil destas terem sido fatais, a Organização Mundial da Saúde declarou não haver nenhuma cadeia de transmissão identificada pondo fim à epidemia de Ebola. Porém, a OMS alertou que o vírus poderia continuar vivo em alguns sobreviventes do vírus e que a atenção deveria continuar para, caso um novo surto surgisse, as medidas necessárias seriam tomadas o mais rápido possível.
Até o momento, duas vacinas para o Ebola já foram aprovadas. Porém, em junho de 2020 um novo surto de Ebola foi registrado na República Democrática do Congo, em concomitância com a pandemia do Corona vírus e um aumento de casos de sarampo. Questiona-se o motivo de se ter mais um surto mesmo com uma destas vacinas que foram citadas aprovada, o motivo poderia ser os boatos a respeito da vacina que causam uma desconfiança da população que opta por não se imunizar.
A epidemia de Ebola traz grandes lições para o momento atual em que enfrentamos uma pandemia também provocada por um vírus. Vale ressaltar que o fim da epidemia de Ebola, assim como já apresentado, não representou o fim dos casos. Portanto, com um novo surto devemos aprender a importância da imunização e do combate a Fake News que atrapalham as campanhas de vacinação, tanto em relação ao Ebola como também em relação a COVID-19.